Capítulo 6

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As mãos dele estavam nos seus braços agora. E os corpos ainda mais colados. Então, quando se dão conta, ambos estavam sentindo algo que há muito tempo não sentiam. Emoção.

Emma Willians 

As mãos dele estão nos meus braços agora. Meus seios, contra seu peito. Posso sentir o cheiro dele. Sabonete masculino ou desodorante; meio picante, bem masculino. Apesar de passarmos o dia todo no jardim, o perfume dele era muito agradável. O desejo de me inclinar e enterrar o nariz no ombro dele é tão forte que tenho que segurar as mãos. 

— Está tudo bem — digo. Não se afaste. Não se afaste. Por favor, não se afaste. 

Ele não se afasta. Olha para mim. Tão de perto que consigo ver o borrão do seu rosto próximo ao meu. Uma voz dentro de mim diz que eu deveria dar um passo para trás, mas por nada neste mundo eu me afastaria dali. É errado querer isso? 

Escuto sua risada e acho graça da cena também. Posso sentir sua respiração intensa e quente encostando em meu rosto. Com minhas mãos sobre o seu peito, sinto o ar entrando e saindo de seus pulmões. 

Novamente escuto o bipe vindo de sua mochila. 

— É... tenho que ir embora. Precisa de alguma coisa? 

Nego com a cabeça, ainda envergonhada. Antes que eu perceba, Matt se aproxima rapidamente e beija a minha bochecha. 

— Vejo você amanhã...

O único som é o de seus passos, cada vez mais distante. 

***

Aproveito as últimas horas da manhã de segunda - feira para ir ao mercado. No trajeto, penso naquele final de semana todo. A viagem dos meus pais, a presença agradável de Matt, a cena no jardim... Parece que aconteceram mais coisas nos últimos dias do que no ano passado todo. 

Nas ruas, sempre caminho o mais longe possível do meio-fio. Apesar de conseguir andar normalmente, sempre usando meus óculos escuros e forçando o máximo da minha visão, sei de cor o número de quadras até os locais que mais frequento. Ao dobrar a quinta rua, chego ao maior mercado de Phoenix. 

Logo na entrada, percebo a roupa chamativa de Jamily - Patriota. Ouço sua voz estridente gritando meu nome e, em troca, dou um sorriso. Ela envolve meu corpo em um abraço forte. 

— Ainda bem que você passou por aqui. Tenho tanta coisa para te contar! Jamily - Patriota ganhou este apelido há muito tempo por só usar roupas com cores da bandeira do país. Como se não bastasse, ela não tem o melhor guarda - roupa de todos — e as cores que predominam por lá, dá para imaginar. Para mim, sempre a vi como uma daquelas backing vocals de um show de uma grande estrela, com roupas extravagantes e tudo mais. 

Sobre a Jamily, tenho apenas uma certeza: ela vai trabalhar o resto da vida neste mercado. Isso talvez porque o uniforme tem as cores que ela mais gosta, e também porque foi demitida de todos os seus empregos anteriores por... bom, por ser diferente. 

Minha mãe sempre achou a nossa amizade estranha. Sempre que vamos juntas ao mercado e a Jamily aparece, ela pergunta porque eu tenho uma amiga tão diferente de mim. Bem... Jamily- Patriota tem quase a mesma idade da minha mãe. Mesmo assim, aos 40 e tantos anos, ela ainda se comporta como uma menina da minha idade ( ou mais nova). Alguns dizem que isso pode ser uma síndrome de Peter Pan ou até uma doença pior, mas já tenho o bastante para me preocupar, então não fico tentando descobrir qual é o problema. O mais importante é que aceito como ela é. 

— E então ele me disse " ah, eu ainda te amo..." — ela imita uma voz de homem de modo divertido. — Isso é cansativo, sabe?

— Sim — eu já estou um pouco perdida na sua história com o namorado novo. 

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⏰ Última atualização: Jun 18 ⏰

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