Capítulo 1

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"Ai amiga, eu estou realmente gostando dele. Acho que agora vai," Jessica me disse com ar apaixonado. Nunca tinha visto minha amiga daquele jeito. Logo em seguida...

"Ah amiga, outra coisa, ele não para de falar de você. Já está começando a me irritar," ela continuou, agora com um tom de desânimo. O melhor amigo do ficante dela falava muito de mim para ela.

"Ah não, eu já falei que não vou ficar com esse menino de novo," respondi, não dando muita bola para o que ela falava, ainda concentrada no meu jogo. Ela revirou os olhos e focou em Celina, que estava capotada na minha cama. Olhei junto com ela e caímos numa sincera risada, mas Celina não acordou.

Eu sou muito amiga dessas meninas desde que me entendo por gente. Conheci Jessica quando estávamos no terceiro ano do primário; ela era amiga da Evellyn e formamos um trio. Depois de alguns anos, viramos amigas de Celina, por volta do segundo ano do fundamental.

"Ai, não sei, às vezes sinto saudade da Ev," Jessica me contou enquanto terminávamos de fazer os mapas mentais da escola. Ev tinha se mudado quando entramos para o ensino médio. Ainda mantínhamos muito contato, mas eram raras as vezes que a víamos.

Depois de uma tarde super chata fazendo mapas mentais e resumos, as meninas foram embora. Na verdade, quem foi embora foi só Jessica; Celina ficou até acordar. Eu estava tranquila no meu quarto; Celina tinha acabado de ir embora de casa quando meu irmão bateu na porta, fazendo o maior barulho (ele não tem o mínimo de senso, né?).

"Oi, Amanda, linda da minha vida," exclamou Pedro, entrando no meu quarto.

"O que foi agora?" Rolei na cama, me escondendo debaixo da coberta. Ele deitou ao meu lado e começou a ler uma mensagem.

"'E aí, mano, bora sair hoje?' - Vamos?" Ele perguntou, com cara de cachorro abandonado.

"Poxa, Pedro, 19h de um sábado e você vem com papo de sair? Que tal você sair do meu quarto?" Digo para meu irmão, que obviamente já tem uma resposta na ponta da língua.

"Ninguém te perguntou, mana. A gente vai sair sim," ele nem rendeu o resto do assunto, saindo do meu quarto e já do lado de fora, gritou: "Vai se arrumar logo, Amanda!"

Já fazia um tempo que eu não saía para dar um rolê, ainda mais com os amigos do meu irmão. Desde que "terminei" com o Matheus (meu quase algo), decidi que viraria uma pedra, não sentiria mais nada por ninguém. Sabia que meu irmão só estava me levando por dó; ele nem precisava da desculpa "Amanda vai comigo, mãe", até porque eles estavam até se dando bem.

Chat - Jes

Jes: E aí, amiga, quais os planos para hoje?

Eu: Se eu te falar que o Pedro me convenceu a sair, você acredita?

Jes: Aaaa, mentiraa!

Eu: Juro, amiga, já tô até pronta.

Jes: Ai, imagina você encontrando o Marcos, que emocionante!

Jes: Mas não pensando por esse lado, fico feliz por você ter parado de sofrer tanto pelo Matheus.

Jes: Já tava na hora de você parar de ser trouxa. MAS eu avisei.

Jes: Você que não cria juízo, para você ver o que eu vou fazer com você.

Eu: Senti um tom de ameaça aí, amiga. Fiquei até com medo.

Chat - off

Já pronta, saí do meu quarto. Descendo as escadas, me deparei com Augusto, o melhor amigo do meu irmão desde que ele começou a estudar.

"Oi, fedorenta, como você está? Quanto tempo, hein?" - ele me abraçou, com os braços em volta do meu pescoço, amassando meu cabelo.

"Augusto, você me viu ontem", eu disse para ele, enquanto tentava arrumar meu cabelo.

"independente irmão. Não dormi aqui ontem, já estava com saudade. Vou subir para procurar o cabeção do Pedro", ele continuou, subindo as escadas em direção aos quartos.

"Você está tão linda", minha mãe disse para mim, atrás da pilha de livros e papéis que estavam sobre a mesa. "Fico feliz por você estar saindo de novo", ela acrescentou.

"Sim, agradeça ao Pedro. Se não fosse por ele, nem do quarto eu teria saído", respondi. Continuei: "Cadê meu pai?"

"Seu pai teve que ir para o hotel de novo. Os funcionários estão enchendo o saco", meu pai quase nunca está em casa, mas quando está, é tudo de bom.

Meus pais são muito ocupados: minha mãe é dona de uma grande marca de roupas e meu pai é dono de uma filial de hotéis. Então, quando um está em casa, normalmente o outro não está.

"Estamos prontos, Amandoca?" Pedro e Augusto falaram em sincronia. Pedro continuou, "Vamos?"

"Vamos sim. Tchau, mamãe. Até mais", me despedi por fim, saindo de casa.

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