Capítulo 9

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— Quer escutar o meu ponto de vista da história ou não? — Me deito no sofá para não correr nenhum risco à minha vida e volto a falar depois que ela acente com a cabeça. — Bom, você viu o que aconteceu hoje, né? Achei que conversar com meu ex-ficante também daria esse sentimento de ciúmes nele. Foi tudo um plano bem elaborado, já que não tinha você para me ajudar. Dessa vez, tive que me virar, né? — Termino de falar e ela continua com a mesma feição séria, olhando para mim sem dizer uma palavra.

— Ai, Amanda, eu não falo nada para você velho— ela se levanta e vai ao lado de Pedro, que estava a par de toda essa situação. — É que você não viu o que essa querida fez hoje, né?

— Conversou com o Matheus — ele pergunta com as mãos na boca. Como Pedro não considerava que o lance com Marcos era uma ficada, mais que só beijos ocasionais, ele achava que meu ex-ficante era Matheus, que inclusive estava me evitando desde que a gente parou de ficar.

— Não, Pedro, se toca! — Ela pega o celular e mostra ao garoto, que logo em seguida me olha como se eu tivesse chutado sete crianças e nove mendigos.

— Ou, Amanda, às vezes dá até preguiça de ser seu irmão. Você não sabe o que ele falou de você depois daquele dia — ele balança a cabeça em sinal de frustração enquanto Jess volta a mexer no celular. Como diabos ela conseguiu tirar uma foto minha falando com Marcos?

— Ai, gente, vocês só sabem julgar, né? Eu só queria fazer um pouco de ciúmes no Danilo. O cara fica de papo com a ex na minha frente; eu só dei o troco — minha tentativa de me justificar caiu por terra assim que Jess começou a falar.

— Gata, vocês têm alguma coisa? — Balanco a cabeça em negação; a cada movimento, eu me sentia mais palhaça. — Então tá querendo fazer ciúmes no quê? No nada que vocês dois têm?! — Ela humilha mesmo, hein?!

— E outra, você querer fazer ciúmes em um menino que você só ficou uma vez, além de ser vergonhoso, você escolhe a pior pessoa do mundo para fazer isso. — Pedro pega a garrafa que ele tinha colocado no freezer e vai em direção à saída. — Bom, vocês se resolvam aí, mas eu concordo totalmente com a Jess. — Ele sai e fica aquele silêncio.

— Desculpa, viu? Prometo não fazer de novo — ela volta a me olhar e vê minha cara de arrependida. Nós duas rimos, e ela se senta do meu lado para me mostrar algo no celular: um áudio que Victor mandou para ela de Danilo falando: "Viado, como que ela conversa com aquele ridículo, na minha frente ainda, karai. Bom, mesmo que hoje eu tenha conversado..." O áudio corta e ela não me deixa terminar de escutar.

— Acho que sua tentativa de ciúmes deu certo, mas não foi o certo a se fazer — ela deixa o celular de lado e deita no meu colo. — Acho que tô apaixonada. — Dou uma risada bem alta.

— Você acha? — Ela olha para cima, vendo meu cenho arqueado. — Menina, vocês são o próprio filme de romance americano. — Ela joga a almofada na minha cara e volta a deitar.

— Mas tipo, sei lá...

— Sei lá nada, garota. Vocês são tão fofos juntos! Fiquei até surpresa que você não apresentou ele para Letícia hoje mais cedo. — Digo isso pegando o celular e vendo três mensagens de Celina.

Celina: Fala, nandão! Tô aqui na porta!

Celina: Abre aí pra mim, por favor!

Celina: Anda logo, nanda! Tem aquela velha chata no corredor comigo, e ela vai querer saber da minha vida toda. De novo!

Três batidinhas suaves (ou não) na porta da sala. Vou abrir e vejo Celina fingindo estar conversando com a mãe dela no telefone, enquanto a minha vizinha tenta falar com ela. Abro a porta e sou recebida com um puxão de cabelo. A garota que entrou logo fechou a porta atrás dela e foi correndo para o meu quarto. Olho em dúvida para Jess, mas nem passa muito tempo e a garota já volta de lá me jogando centenas de bolinhas de papel.

ConfusõesOnde histórias criam vida. Descubra agora