Capítulo 4

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Chegando na casa da Jess, encontramos a avó da menina junto com a irmã mais nova dela, uma garota baixa com cabelos cacheados e olhos claros, muito parecida com a irmã mais velha. Eu me lembro quando a Luna nasceu e a Jess ficou super animada por ter uma irmã mais nova. Quando a Evellyn ainda estava conosco, nós três nos juntávamos para brincar de vestir e fazer penteados na garota.

-Oi, Amandaa- Luna vem correndo me dando um abraço apertado. Ela era alguns centímetros mais baixa que eu. Retribuo o abraço da garota e faço um carinho no topo de sua cabeça.

-Oi, Lu- digo em tom bem amigável, para a mesma que não se desgruda de mim.

-Oi, Jesi- ela cumprimenta a irmã que me encarava com um olhar de ciúmes.

"A pronto, vai roubar a minha irmã agora?" ela pergunta ironicamente, abraçando Luna junto comigo.

-Oi, Nanda, como vai, filha?- A avó das meninas me cumprimenta, indo dar um abraço em Jess, que retribui entregando uma sacola com um picolé para a avó em completo silêncio.

Dona Dalva se vira e volta ao que estava fazendo, regando suas plantas e cantarolando alguma coisa que parecia ser uma música infantil. Luna volta a ajudar a avó, entregando adubo em um pote para as flores do jardim. O jardim da casa de Jess era o mais lindo que eu já vi. Na casa da avó dela não tinha espaço para colocar flores grandes, então ela ia todos os dias na casa de Jess e cuidava do jardim. Ela faz isso desde que nos entendemos por gente. Evellyn amava ajudar ela com as plantas, então quando ela foi embora, essa tarefa passou a ser da Luna.

Entramos na casa, retirando os sapatos, e já conseguimos escutar a mãe dela cantando algum k-pop com a caixa de som em um volume consideravelmente alto. Jess levou a mochila até o quarto, enquanto eu fui em direção à cozinha para cumprimentar a mãe dela. Quanto mais eu me aproximava, eu conseguia notar as mudanças na casa de Jess. Era uma casa muito grande, com pé direito alto e dois andares também. Quando ela terminou de ser construída, ainda não tinha o condomínio, então quando ele surgiu, compraram a parte do terreno. Os pais dela recebem uma grana todo ano por isso.

-Oi, tia linda do meu coração- chego no balcão da cozinha, cumprimentando-a e pegando um pedaço de bolo que estava fresquinho lá.

-Oi, sobrinha- ela me responde com um tom animado em me ver. -Finalmente devolveu minha filha- ela continua.

-Ai, tia, infelizmente né- respondo com a boca cheia de bolo. -Nossa senhora, que bolo maravilhoso-

-Gostou? Foi a Fatinha que trouxe- se refere à governanta, uma mulher de meia-idade um pouco rabugenta, mas muito legal.

-Poxa, que saudade dela, ela tá aqui hoje?- pergunto olhando em volta.

-Hoje ela não veio não, mas acho que terça ela tá de volta- ela é interrompida por um barulho vindo da escada.

-Kiaraaaaaa- Jess grita do andar de cima, só vendo correndo igual um furacão passar, Kiara uma fêmea de cachorro correndo com o sutiã favorito da garota na boca.

-Misericórdia- a mãe da garota fala levantando a mão até a boca com uma expressão de espanto. Eu caio na gargalhada com todo aquele caos, mas rapidamente a peça de roupa é resgatada da boca de Kiara,  era uma vira-lata muito rebelde, mas uma cã muito companheira, só que bem apocalíptica. Já derrubou a Luna da escada, mordeu o pai da Jess quando ele chegou de madrugada em casa e muitas outras coisas.

Depois dessa bagunça toda, subimos para o quarto de Jess, localizado no segundo andar. Era um quarto muito aconchegante e grande. Deitamos na cama dela e ficamos deitadas na cama. Enquanto ela conversava com o Victor, eu lia uma fanfic muito boa.

-Tá lendo o quê, amiga?-Jess começa a prestar atenção na tela do meu celular.

-Ai, tô lendo uma fanfic de Harry Potter- respondo à garota enquanto ela me olhava com um julgamento estampado na cara. -Que foi, aí não posso nem mais ser uma pessoa culta hoje em dia?- olho nos olhos dela e começamos a rir. Depois de um tempo, decido voltar para casa.

Descemos as escadas e o almoço já estava sendo servido eu nem iria comer lá, mas a comida estava com um cheiro tão bom que nao deu para resistir. Nos sentamos à mesa para comer, onde já se encontravam o pai, a mãe e a irmã mais nova de Jess. Tudo sempre foi muito agradável enquanto eu estava na casa dela. Minha família era o oposto da dela; em casa a gente mal comia junto e na dela todas as refeições todo mundo comia junto. Quando eu estava na casa deles me sentia realmente acolhida. perdi as contas de quantas vezes eu dormi lá, até mesmo quando Jess nao estava, a cada ano que se passava des de 2012 que foi o ano onde eu virei amiga de uma menina que sentou do meu lado no primeiro dia de aula, junto com uma garota morena de cabelos cacheados presos por dois coques fazendo o cabelo parecer um pompom. Eu penso o tempo inteiro e até bate um desespero, oque sou eu sem elas 

Depois do almoço, eu voltei para casa. O condomínio da Jess não era muito longe da minha casa, então não me importei de ir a pé. Chegando em casa, percebi que meus pais não estavam em casa e que eu estava provavelmente sozinha, mas como tudo que é bom dura pouco, meu irmão logo chegou na intenção de atrapalhar minha paz. 

-Oi, Amandoca, linda da minha vida- chegou saltitando até mim, com um sorriso de orelha a orelha.

-Oi, amore- me desvio dele, chegando um pouco mais para o lado e indo em direção ao sofá onde Augusto estava sentado. -Oi, Augusto, que cara é essa?- me aproximo dele, deitando minha cabeça no colo dele enquanto o mesmo não tirava a cara do celular.

-To triste. A única coisa que vai me deixar feliz é se você aceitar ir no show com a gente hoje à noite- sua feição muda totalmente de um rosto um pouco triste para um sorriso de canto.

-Ai, véi, nem acredito nisso- eu não estava animada de sair de casa, mas antes de eu ter a oportunidade de falar qualquer coisa, sinto meu telefone vibrando. Marcos estava me ligando e eu não tinha ideia do que era.

-Oi, amor- uma voz de quem tinha acabado de acordar falava do outro lado da tela.

-Oi, tudo bem?- não consigo esconder meu tom de curiosidade daquela ligação. -Não nos falávamos há bastante tempo- como que ele teve a coragem de me ligar, me chamando de "Amor"

-Queria saber se você vai no show hoje- ele responde, me tirando dos meus próprios pensamentos.

-Ai, vou sim. Já estava até começando a me arrumar- eu disfarço, dando a resposta mais automática do mundo.

-Ótimo, a gente se encontra lá então. Vai bem linda, hein- ele diz antes de desligar. Deixo meu celular de lado, voltando a me deitar no colo de Augusto. Me afundo na almofada que  eu coloquei

Eu não sei o porquê ele me deixava tão confusa desse jeito.

ConfusõesOnde histórias criam vida. Descubra agora