Capítulo 23

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______Capítulo 23 - Só uma provinha______

“O tempo tem uma forma maravilhosa de nos mostrar o que realmente importa.”

Pov Sarah
Congelei, meu queixo repousando na pele lisa e macia dela. Meus lábios se contraíram para dar uma resposta, mas não fazia ideia do que dizer. Com um suspiro suave, ergui o corpo e segurei seu rosto com ambas as mãos, apoiando o peso de meus braços nos dois lados de sua cabeça.

– Ju – sussurrei, com o nariz a centímetros do seu e esperei que ela olhasse para mim – Você está aqui – contornei sua bochecha rosada com o polegar e observei a cor se intensificar com meu toque – Isso é tudo o que importa.

Havia conflito nos olhos dela: medo, afeição, mágoa. Senti um certo desconforto. Sabia que ela não tinha se arrependido do que havíamos feito. A maneira como Juliette me abraçou e como sussurrou palavras deliciosas em meu ouvido asseguravam-me disso. Mas estava irremediavelmente ciente dos perigos que a cercavam por causa das nossas ações. O fato de gostar de Pêssegos não iria fazer diferença em como as pessoas, em especial a mãe dela, me enxergariam. Eu era uma ex-presidiária e, assim, alguém nada confiável. Nenhuma palavra bonita ou frase sofisticada poderia mudar aquilo. Fátima jamais me veria de outra forma. Seu medo e sua mesquinhez a cegariam para o que eu realmente sentia por sua filha.

Meu coração ficou apertado. Rezava para que aquilo que havíamos experimentado juntas fosse suficiente para manter Juliette ao meu lado pelo máximo de tempo possível. Queria mais com ela, dela, e estava disposta a assumir os riscos para conseguir isso. Pêssegos valia toda aquela merda que seria atirada contra mim e estaria lá para protegê-la da melhor maneira que pudesse.

Juliette saiu do banheiro e voltou para a cama, deixando que eu envolvesse meu braço em seus ombros, puxando-a para junto de mim. Ela abraçou minha cintura com carinho e minha mão  massageou suas costas em círculos reconfortantes enquanto os dedos dela dançavam em torno dos meus seios descobertos. Por mais nova que fosse aquela sensação de ficar abraçadinha com uma mulher na cama, a familiaridade de fazer aquilo com Pêssegos era tão calorosa quanto as cobertas em torno de nós.

Delicadamente pressionei os lábios contra sua cabeça.

– Onde você foi hoje à noite?

Não queria chateá-la, mas estava ansiosa por descobrir o que a tinha levado até à porta do meu apartamento depois de ter gritado comigo com tanta raiva. O que tinha engatilhado a percepção de que a tinha salvado em vez de tê-la impedido de ajudar o pai?

– Fiquei caminhando por um bom tempo – seus dedos apertaram minha cintura – Não sabia o que fazer. Eu estava... Simplesmente doía. Tudo doía – abracei seu pequeno corpo com força – Então cheguei em casa e acho que peguei um táxi – os lábios dela tocaram minha pele – Liguei para minha mãe.

Parei rapidamente o movimento de minha mão em suas costas.

– O quê?

Ela bufou.

– Eu sei. Eu devo ser burra demais por ter ligado para ela, né?

– Pêsse... – assim que ouviu minha voz, Juliette interrompeu-me com firmeza.

– Ela começou a dizer quão decepcionada estava com o que tinha acontecido na casa da minha avó. Disse que sou ingrata com as pessoas ao meu redor, com quem se preocupa comigo. Que ela só quer o melhor para mim e que sou muito egoísta e estou muito envolvida com você para perceber.

Engoli em seco.

– Ela sabe sobre mim?

– Ela sabe que eu gosto de você – seu indicador deslizou por meu lábio inferior – Sabe que nós nos beijámos.

Desejo Proibido - Sariette Onde histórias criam vida. Descubra agora