❝ Baby, I think you were made for me
Somebody write down the recipe ❞Por um momento eu fiquei estática. Não conseguia acreditar que estava perdendo todos os pontos de sanidade em uma única conversa, e o pior de tudo, é que ele contribui para o constrangimento mútuo. Molhei os lábios, pegando uma seringa. Sabia que deveria ter me expressado melhor, mas ele disse que tinha tocado na espada dele, porra.
— Inserir a anestesia pra fazer os pontos — Eu proferi palavra por palavra, apontando a fina ponta da seringa na direção de seu rosto. Eu deixaria sua bochecha formigando se ele continuasse com tamanha palhaçada —, no que estava pensando, Cosmo? Espero que nada a se refira à suas quatro espadas.
— Quatro espadas...? — Ele suspirou profundamente, percebendo exatamente a que eu estava me referindo. O que me fez rir. Para alguém tão carrancudo, ele é bastante lerdo em perceber algumas coisas. Ainda não sei, sinceramente, como está vivo se não entende que está sendo caçoado — Só faça essa merda logo.
Dei uma risadinha baixa, finalmente levando a seringa na região de seu peito. Parecia bem pior tendo um vislumbre mais claro agora. Meus dedos passearam em torno da carne viva de sua pele e estalei a língua, sentindo um choque percorrer meu corpo, só pela agonia de imaginar o quão doloroso aquilo devia estar. Os olhos dele acompanhavam cada movimento meu, e sabia que me encarava presunçosamente, como se julgasse cada mísera ação. Então apenas apliquei a anestesia de uma vez por todas.
Ele grunhiu baixo, no entanto, não questionou. Manteve-se quieto, mesmo que estivesse relutantemente atordoado por dentro. Nenhum de nós queria estar ali, no entanto, nenhum de nós possui escapatória. Eu estou com a cabeça tão comprometida quanto a dele. Se eu não seguir exatamente de acordo com o plano de Buggy, minha cabeça irá rolar, e não voltará ao corpo, como é o caso dele. E se eu for pega pela marinha, ou qualquer outro bando pirata, a forca será meu sórdido futuro.
— Não sente dor se eu tocar, certo? — Perguntei enquanto apertava os dedos contra sua pele exposta. Ele apenas balançou a cabeça negativamente, mesmo que parecesse incomodado pelo toque — Vou fazer os pontos.
Ele permanecera em silêncio durante os longos minutos em que eu fincava uma agulha em sua pele. Em seguida, após finalizado, apenas apliquei uma pomada caseira sobre os ferimentos, faria com que cicatrizassem mais rápido e consecutivamente, a dor diminuiria. Quando ele se prontificou, colocando-se sentado, eu coloquei a mão em seu peito, balançando a cabeça negativamente. Ele franziu o cenho e senti sua respiração quente. Parecia um touro furioso.
— Olha só, dominatrix, se continuar me tocando, vou começar a acreditar fielmente na ideia de que é uma grande tarada.
Ele desceu o olhar para minha mão em seu peito e eu apenas me afastei, sentindo meu sangue ferver. Meu arco não estava muito longe, eu podia só deixá-lo aleijado. Não estaria morto, só com uma perna possivelmente amputada, caso eu usasse uma flecha explosiva. Francamente, tudo o que tenho feito é coagido contra minha vontade, à favor desses malditos prisioneiros. E Buggy me deixou logo com Cosmo, porque afirmou confiante que ele era um dos mais espertos e que mais sabe usar sua força e suas armas ao próprio favor. Ou seja, eu seria a única párea dentre todos do bando.
— Me impressiona você saber tanto sobre sexo quando obviamente é virgem — Ponderei cruzando os braços, distante o suficiente para ele não começar a apontar o dedo e me acusar por assédio ou coisa do tipo — Foi mal se eu estava tentando salvar sua vida, virjola. Você não pode sair desta tenda. Ordens do capitão.
— Ah, aquele palhaço ridículo que mais parece um jenga que se desmonta todo? — Perguntou com um sorriso maléfico nos lábios. Ele estava se divertindo, e isso só aumenta o meu arrependimento por não tê-lo matado antes — Por que eu deveria ficar aqui? Acho que agora sou bem capaz de lutar, e eu não tenho medo de você, matadora de homens.
— Têm armadilhas do lado de fora, e só eu sou capaz de desarmá-las, já que fui eu que as fiz — Dei de ombros, abrindo um largo sorriso, enquanto via o dele fechando-se consecutivamente — Eu serei responsável pela sua tortura. Não posso te matar, mas nada me impediria de te dar um sustinho.
— Sustinho? — Agora fora a vez dele de rir — O que pretende fazer? Não tenho medo de palhaços, se é esse seu plano.
— Ainda está fraco — Afirmei dando passos lentos em sua direção, e mesmo que ele tentara recuar, batera com as costas na maca, estreitando os olhos na direção do meu. Havia ali em seu semblante uma inexplicável expressão, a qual eu não conseguia decifrar —, então eu farei questão de te deixar ainda pior... Vê aquela banheira? — Apontei na direção de uma banheira ao final da tenda, situada ao canto esquerdo — Se não colaborar, estará afogando-se nela, em breve.
— Eu adoraria provar do seu veneno. — Vociferou em resposta apertando meus braços com força, impedindo-me de ter uma simplória escapatória.
— Vai provar.
Afirmei subindo meu joelho com força, golpeando-o na boca do estômago, o que não foi suficiente para derrubá-lo, apenas para fazer com que cambaleasse alguns passos para trás. Tomei-o pelas mãos ao correr em sua direção, apertando-as contra suas costas, ao virá-lo, prensando-o contra meu peito. Era como se eu fosse uma autoridade, algemando mais um prisioneiro. Esse gosto, era muito bom.
No entanto, o maldito fora depressa em inverter nossas posições, apertando-me no peito, então eu dei um grito alto, colocando as mãos em meus seios e fraquejando as pernas, caindo de joelhos no chão. Eu cheguei até a pensar que ele chutaria meu rosto, no entanto, ele se abaixou, seus olhos turvos de um medo por ter tocado onde não deveria. Um gemido sôfrego escapara de meus lábios e eu levantei meus olhos aos seus, estavam marejados e mandei-lhe um olhar sofrido, que fora devolvido com um olhar de arrependimento.
— Meus peitos, seu imbecil — Bati em seu ombro, e ele hesitou em aproximar as mãos, parecia em choque — São sensíveis. Não se aperta o peito de uma mulher, seu assediador.
— Eu não quis... — Pronunciou-se, e parecera perder o fôlego, então lentamente aproximou a mão de meu ombro, pigarreando — Eu não queria apertar.... Me desculpe, sua desordeira, queria que você explodisse, mas jamais agiria de forma inapropriada. Isso... Dói muito?
— Imbecil... — Abaixei a cabeça, dando uma risadinha, enquanto levanto meu olhar ao dele, impulsiono-me para frente, aproveitando seu momento ridículo de piedade para derrubá-lo no chão, apertando meu antebraço contra sua garganta, e meu joelho tensionado sobre seu abdômen. Podia ouvir seus murmúrios de angústia, raiva e dor, e não demorei a me levantar, seguindo na direção da cama — Nunca baixe a guarda em uma luta, nem mesmo se seu oponente for uma mulher. Não somos indefesas, Cosmo. Agora tente dormir.
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𝐂𝐈𝐑𝐂𝐔𝐒 𝐋𝐎𝐓𝐓𝐄𝐑 | Ronronoa Zoro
RomanceTirada de sua própria família e forçada a seguir um bando de homens cruéis em busca de um tesouro que parecia impossível, tornou-se a arma mais letal de sua ilha, e quando vê sua tripulação ameaçada, precisará usar de suas artimanhas para conseguir...