Tirando a dor

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Este capítulo pode conter gatilhos, não leia se for sensível!

No capítulo anterior...

Vendedor: A senhora tem alguma preferência de cor? - Perguntou simpático
Soraya: Preto! - Respondi convicta depois de me lembrar do que Simone havia falado

No capítulo de hoje...

Pov Simone

Cheguei em casa e avisei para Soraya que gostaria de ficar sozinha, mesmo ela insistindo que queria ficar. Mandei uma mensagem para Helena e avisei que havia voltado para casa, já que ela sempre voltava comigo, e que achava melhor ela comprar um carro logo, pois não sabia quando iria voltar a trabalhar. Ela estava sem dirigir desde o acidente.
Avisei aos empregados, e principalmente à Rita, na qual eu era mais próxima, que já estava em casa e que não queria ser incomodada, através de um interfone do meu quarto. Não poderia aparecer na frente de ninguém naquele estado.
Entrei no banheiro para tomar um banho, como se a água do chuveiro fosse capaz de levar consigo toda a dor que eu estava sentindo. Após sair do banho e me vestir, me veio à mente aquela caixinha de remédio que eu deixava em meu closet, resolvi procurar algum para me ajudar a dormir. Desci na cozinha somente para pegar um copo d'água e subi novamente, pegando uma das cartelas de um calmante qualquer, quando achei também uma caixinha com algumas lâminas, fazia tempo que eu havia comprado, mas não lembrava o motivo. Era a minha chance de colocar um ponto final nessa dor, ou tentar.
Peguei todos os comprimidos do calmante que encontrei e tomei de uma vez, pegando a lâmina em seguida e fazendo um profundo corte nos meus pulsos. Não demorou muito para que eu sentisse a minha visão embaçar e adormecer profundamente no chão do closet, enquanto vertia sangue dos meus pulsos.

Pov Helena

Por volta das 11h recebi uma mensagem de Simone avisando que estava em casa, imaginei que ela não teria condições de trabalhar pelo estado em que estava quando saiu de casa. Trabalhei bastante e às 18h pedi um carro e fui embora. Cheguei em casa e notei um silêncio incomum, subi para o quarto e Simone não estava lá, como também não estava no banheiro.
Fui guardar meus sapatos dentro do closet e senti os mesmos batendo no chão quando os soltei sem perceber ao ver Simone jogada no chão com uma caixa de remédios ao seu lado, uma lâmina e seus pulsos sujos de sangue, junto com a sua roupa.
Imediatamente corri para checar seu pulso, que graças a Deus estava batendo. Fraco, mas estava.

Helena: Simone!! Simone, acorda!! - A chamei enquanto chacoalhava seu corpo

Senti uma lágrima escorrer de meus olhos, o que eu tinha feito???

Helena: RITAA!!! - A chamei o mais alto que pude - RITA, SOBE AQUI!!! RÁPIDO!!!
Rita: Posso ajudar, dona Helen... Meu Deus o que aconteceu??
Helena: Como você não viu isso??? Chama uma ambulância rápido, ela precisa ir para o hospital! Ela chegou que horas? - Perguntei sem me permitir respirar
Rita: Ela chegou por volta das 11h, me ligou aqui do quarto e disse que não queria ser incomodada! - Falou enquanto discava no celular rapidamente o número da emergência
Helena: Ela estava sozinha?
Rita: Estava sim!

Não demorou muito para que a ambulância chegasse

X: O que aconteceu? - Perguntou um dos enfermeiros do SAMU
Helena: Eu não sei! - Falei chorando - Eu cheguei em casa e ela estava assim, não sei há quanto tempo está desacordada. Sei que ela chegou aqui por volta das 11h
X: A senhora é o que dela?
Helena: Namorada

(Explicando: Simone chegou em casa 11h15 e até tomar banho e se arrumar, já era quase 13h. Ela apagou por volta de 13h30 pela quantidade de remédios e acabou desmaiando enquanto dormia por volta de 14h, pela quantidade de sangue perdido, pois o corte foi profundo. Helena chegou em casa 18h30, ou seja, Simone estava há 4 horas e meia desacordada)

X: Preciso que se afaste para que possamos examiná-la melhor!
Helena: Me deixa ficar perto, eu também sou enfermeira! Ela tinha pulso quando cheguei
X: Ainda tem! Muito fraco, mas tem! Como enfermeira, a senhora sabe da ética profissional, não pode atender parentes! Por favor, se afasta!

Enquanto a colocavam na maca, tomaram o cuidado de tirar sua camisa para uma melhor avaliação física.

X: Sabe me dizer o que são essas marcas roxas no corpo dela?
Helena: É... Eu não sei, eu não tinha visto! - Menti percebendo Rita me olhar confusa e com reprovação
X: Temos que levá-la logo!

Enquanto a ambulância a levava, peguei a chave do carro de Simone e fui em direção ao hospital, junto com Rita.
Chegamos no hospital e fomos em direção à recepção, já dando o nome de Simone. Fomos orientadas a esperar na recepção até que o médico viesse nos dar um parecer.

Médico: Boa noite! - Nos cumprimentou entendendo a mão. Eu e Rita repetimos o gesto. Familiares de Simone Tebet?
Helena: É, mais ou menos! Sou a namorada.
Médico: Teríamos como entrar em contato com algum familiar próximo? - Olhei para Rita sem saber a resposta. Nunca havia perguntado para Simone de seus pais
Rita: Somos a única família de Simone! Os pais dela morreram há alguns anos, e eu sou a empregada que cuida dela desde criança. Tem também uma amiga muito próxima, a Soraya. Só nós 3.
Médico: Nesse caso, seria bom que as três estivessem presentes, para conversarmos
Helena: Ela está bem, doutor?
Médico: Agora está! Mas perdeu muito sangue e teve uma intoxicação pela alta ingestão de medicamentos, mas acredito que ela vá para casa hoje!
Helena: É realmente necessário chamar uma terceira pessoa? A família dela está aqui, nós somos a família dela! - Perguntei já com raiva
Médico: Sim, é importante que conversemos com as pessoas que fazem parte do dia a dia dela. A conversa será séria.

Mesmo com ódio, pedi gentilmente para Rita ligar para Soraya, a mesma alegou que tinha o número da loira

Pov Soraya

Eu estava em casa, havia tomado um banho e ficado lendo um livro em minha cama. Estava muito feliz com o meu carro novo e mal via a hora de contar para Simone que comprei um preto por causa dela, ela iria amar!! Inclusive, estava preocupada com o estado que ela ficou, mas conversaria melhor com ela no dia seguinte.

Quando fui me aprontar para dormir, ouvi o meu celular tocando, me assustei quando vi o nome de Rita no visor, ela nunca me ligava

Ligação on

- Alô, Rita?

- Oi, dona Soraya! Como vai?

- Estou bem! Já falei que pode me chamar só de Soraya - Dei uma risadinha

- Tudo bem então. - A mesma riu também - Então, Soraya, desculpa te ligar essa hora, é que a Simone está no hospital

- Como assim no hospital? O que aconteceu? Foi a Helena de novo? - Perguntei me levantando e não notei quando deixei escapar o "segredo" de Simone

- Como assim a Helena?

- Não vem ao caso, o que aconteceu?

- Então, parece que ela tentou se matar!

É sofrimento que vocês querem, é sofrimento que vocês vão ter! Prometo que as coisas vão melhorar 🛐

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