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Chico Veiga

Eu sabia que aquele evento seria chique, cheio de gente importante e tudo mais, mas não esperava que acabasse do jeito que acabou. Ver a Fernanda daquele jeito, totalmente fora de si, foi uma surpresa. Eu estava no bar, só relaxando um pouco depois de toda aquela movimentação, quando ela entrou, parecendo perdida e abatida.

Desde que a conheci, dava para ver que ela carregava um peso enorme nas costas, mas ver aquilo de perto foi diferente. Quando ela começou a falar sobre a briga com a família, percebi que a pressão em cima dela era real e constante.

— Vem comigo. Precisamos conversar em um lugar mais tranquilo. — falei, levando-a para um canto mais reservado.

Ela parecia tão vulnerável ali, e eu só queria fazer algo para ajudar. Foi aí que decidi que, pelo menos naquela noite, ela merecia um pouco de paz.

Depois de alguns drinques e muitas conversas, comecei a ver um lado dela que não tinha aparecido antes. Fernanda era engraçada, inteligente e, principalmente, alguém que precisava de um tempo para respirar.

No dia seguinte, acordei com uma sensação estranha, pensando em como ela estava. Encontrei os meninos no café da manhã, todos já comentando sobre a festa de ontem e sobre como a Fernanda tinha conseguido relaxar um pouco.

— Chico, você viu a Fernanda hoje? — perguntou Daniel, com um sorriso maroto no rosto.

— Não, mas tô pensando em procurar ela. Ela parecia bem mal ontem. — respondi, enquanto pegava um café.

— Acho que foi bom ela dar uma relaxada. A gente viu um lado dela que normalmente fica escondido. — disse Pedro, lembrando da noite anterior.

Saí do café e fui em direção ao jardim, onde encontrei Fernanda sentada, olhando para o horizonte, perdida em pensamentos.

— Ei, bom dia. Como você tá hoje? — perguntei, me aproximando devagar.

Ela levantou os olhos e sorriu, um sorriso que não parecia ter muitas vezes.

— Tô melhor, Chico. Obrigada por ontem. Eu precisava mesmo daquela pausa. — respondeu, com sinceridade.

— Relaxa, pô, eu tô aqui pra isso.

Passamos um tempo em silêncio, apenas aproveitando a companhia um do outro. Às vezes, não são as palavras que importam, mas sim estar presente.

— Sabe, Chico, ontem foi a primeira vez em muito tempo que me senti livre de verdade. — ela disse, olhando para mim com gratidão.

— Fico feliz em ouvir isso. Você merece um pouco de paz. — respondi, sorrindo de volta.

Fernanda sorriu, aquele sorriso meio tímido, mas genuíno, que ela tinha mostrado poucas vezes. A gente ficou ali, só aproveitando a companhia um do outro. Às vezes, não precisa de palavras, né? Só estar presente já vale muito.

Ela ficou calada por mais um tempo, então decidi quebrar o silêncio.

— Quer dar um pulo na praia? — sugeri, tentando animá-la.

— Agora? — ela me olhou surpresa.

— Sim. — levantei e estiquei a mão para ela. — Vai se arrumar, te espero aqui em 20 minutos.

Ela hesitou por um momento, mas depois sorriu levemente e assentiu.

— Tá bom, vou me trocar.

Enquanto ela subia para o quarto, fiquei pensando no quanto aquele pequeno gesto poderia fazer diferença. A praia tinha uma magia própria, capaz de acalmar qualquer alma inquieta.

𝐎𝐩𝐨𝐬𝐭𝐨𝐬 | 𝐂𝐡𝐢𝐜𝐨 𝐌𝐨𝐞𝐝𝐚𝐬Onde histórias criam vida. Descubra agora