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Fernanda Müller

Acordei com o sol invadindo o quarto, mas notei que Chico não estava ao meu lado. Ainda meio sonolenta, levantei-me e procurei por ele. Fui até a sala e o encontrei sentado no sofá, concentrado no computador. Ele estava estudando sobre criptomoedas, algo que ele fazia regularmente.

— Bom dia, amor — falei, esfregando os olhos.

— Bom dia, minha linda — ele respondeu, olhando para mim com um sorriso. — Vem aqui.

Aproximei-me e ele me puxou para o seu colo. Senti o calor do seu corpo e me aconcheguei ali, aproveitando aquele momento de tranquilidade.

— Você acordou cedo hoje — comentei, observando a tela do computador.

— Sim, queria estudar um pouco mais — ele explicou, acariciando meus cabelos.

Ficamos ali por alguns minutos, aproveitando a companhia um do outro. Mas logo me lembrei do compromisso que tínhamos.

— Hoje tem aquele almoço na casa dos meus pais hoje, lembra? — disse, levantando-me devagar.

— Ah, é verdade — ele respondeu, um pouco tenso. — Eu sei que seu pai não vai facilitar para mim.

— Relaxa, vai dar tudo certo. Estamos juntos nisso — assegurei, dando-lhe um beijo na testa.

Fui para o banheiro e tomei um banho rápido, deixando a água quente me acordar completamente. Escolhi minha roupa com cuidado: um conjunto preto confortável, com um kimono estampado para dar um toque especial. Olhei-me no espelho e respirei fundo, tentando me convencer de que tudo ia ficar bem.

Chico também se arrumou. Optou por um moletom azul escuro e uma calça jeans clara, combinando com um boné da sua coleção. Ele parecia mais relaxado, mas eu sabia que estava apenas tentando disfarçar o nervosismo.

— Pronto para ir? — perguntei, tentando parecer confiante.

— Pronto — ele respondeu, acendendo um cigarro. Sabia que ele usava isso como uma forma de relaxar, especialmente em momentos como este.

Saímos do apartamento e pegamos o carro. O caminho até o Rio Paradise, o hotel da minha família, não era longo, mas parecia que o tempo se arrastava. Tentei distraí-lo com conversas sobre assuntos aleatórios, mas percebia que ele estava preocupado.

— Relaxa, amor. Meu pai só precisa te conhecer melhor — disse, tentando trazer um pouco de conforto.

—Eu espero. — ele respondeu, soltando a fumaça do cigarro pela janela.

Quando finalmente chegamos ao hotel, ele estaciona o carro e seguro a mão de Chico com força.

— A gente tá junto, ok? Fica calmo — disse, olhando em seus olhos.

Ele concordou, apertando minha mão de volta.

Entramos no hotel e fomos recebidos pela minha mãe, Camilla Müller. Ela nos abraçou calorosamente e nos conduziu até a sala de estar, onde meu pai, James Müller, e minhas irmãs, Carolina e Stefane, já estavam.

— Chico, é bom te ver novamente — meu pai disse, tentando soar amigável, mas eu percebia a tensão em sua voz.

— O prazer é meu, senhor Müller — Chico respondeu, mantendo a compostura.

Sentamo-nos à mesa e o almoço foi servido. A conversa fluiu devagar, com alguns momentos de silêncio desconfortável, mas aos poucos todos começaram a relaxar. Minhas irmãs ajudaram a quebrar o gelo com suas histórias engraçadas, e minha mãe fez o possível para manter o clima leve.

Depois do almoço, nos sentamos na sala de estar para tomar um café. Meu pai finalmente pareceu ceder um pouco, começando a fazer perguntas sobre os investimentos do Chico e seus planos para o futuro. Chico respondeu calmamente, falando sobre seu canal de vídeos e seus investimentos em criptomoedas.

— É bom ver que você tem objetivos claros, Chico — meu pai disse, parecendo um pouco mais convencido. — Só quero o melhor para minha filha.

— Eu entendo, senhor Müller. E eu prometo que vou fazer o meu melhor para merecer a confiança de vocês — Chico respondeu, sincero.

Saímos do hotel algumas horas depois, sentindo uma mistura de alívio e exaustão. No caminho de volta para casa, Chico parecia mais relaxado, e eu estava feliz por tudo ter corrido relativamente bem.

— Você foi incrível hoje, amor — disse, segurando sua mão enquanto ele dirigia.

— Eu tava nervoso que só a porra, mas ainda bem que deu tudo certo — ele respondeu, dando um sorriso tímido.

— Eu disse que ia dar tudo certo! Tem que ficar calmo, pô — eu digo, enquanto edito algumas fotos tiradas hoje.

O clima no carro era leve e descontraído, preenchido com risadas e comentários sobre os momentos engraçados do dia.

— Fê, você viu a cara da Carolina quando contei aquela história sobre o drone? Ela quase caiu da cadeira de tanto rir. — Chico disse, com seu sorriso característico iluminando seu rosto.

— Sim! E a Stefane tentando entender como você grava aqueles vídeos malucos? Ela é tão metódica, às vezes acho que vai ter um ataque de organização com você. — eu ri, revivendo mentalmente os momentos divertidos à mesa.

— Quando fomos para o jardim, seu pai me pediu desculpas pelo que disse naquele dia na piscina.

Fico surpresa, mas também aliviada. Era algo que eu não esperava, especialmente vindo do meu pai, que sempre foi tão crítico.

— Sério? E como foi isso? — pergunto, curiosa.

— Ele disse que estava preocupado com você e acabou falando sem pensar. — Chico responde, passando a mão pelos cabelos curtos. — Acho que ele está começando a perceber que estamos juntos de verdade e que nos amamos.

Suspiro, sentindo um peso sair dos meus ombros.

— Isso é bom de ouvir. Eu sabia que ele tinha boas intenções, só não esperava que ele se desculpasse.

Chico dirigia com seu jeito relaxado e familiar pelas ruas conhecidas do nosso bairro.
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𝐎𝐩𝐨𝐬𝐭𝐨𝐬 | 𝐂𝐡𝐢𝐜𝐨 𝐌𝐨𝐞𝐝𝐚𝐬Onde histórias criam vida. Descubra agora