Aliança Perigosa

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Eu quero estar com você, viver com você, dançar com você" - Enrique Iglesias, "Bailando"

_______________________Boa leitura...

• Sicília, Itália

O sol que antes brilhava no céu agora se esconde atrás de grandes casas que cobrem seus últimos brilhos sobre Sicília. O tempo está um pouco frio, mas é possível sentir o calor de casa.

É sexta-feira à noite e eu finalizei minha semana de aulas aqui. Posso dizer que foi bom, me aproximei ainda mais da Raffaella, mas em compensação, me afastei ainda mais do meu pai.

Tudo que eu descobri naquela noite me fez ver com clareza que não posso confiar nele. Fabrizio me disse que eu não deveria pensar assim, disse que eu deveria saber que, nos dez anos que convivi com ele, pude ver a pessoa boa que ele era. Mas hoje, não. Sei disso. Eu posso até ter convivido com ele por dez anos, mas me distanciei dele por praticamente oito anos. Quem garante que ele não é capaz de me colocar em perigo por um capricho?

Fabrizio disse que ele nunca faria isso, mas eu ouvi aquela ligação. Por mais que ele queira negar e defender meu pai, eu sei que ele seria capaz disso. O olhar frio e sem vida que ele me deu naquele dia... eu sabia que ele era capaz de tudo para conseguir o que quer. Ele não é mais o pai doce e atencioso que eu conheci; ele nem mesmo olha para minha cara. No começo, eu realmente achei que ele só não tinha tempo por trabalhar demais e se sentir sozinho, mas fui ingênua. Ele estava usando, sequestrando, matando pessoas por algo que queria alcançar.

Eu não sei o que é e não faço ideia do que possa ser, mas eu quero distância. Pensei em chamar a polícia, mas nem isso é possível. Os policiais respeitam muito meu pai para pensar em prendê-lo. Talvez ele esteja fazendo o papel de bom moço ou, talvez, os policiais tenham medo.

A questão é que eu não sei mais o que posso fazer. Nesta semana inteira, tentei entrar em contato com minha mãe, mas ela não me atende. Eu não faço ideia de onde ou o que ela pode estar fazendo que não me atende e não retorna minha ligação. Estou ficando preocupada com ela, já que nunca passou tanto tempo sem falar comigo. Acho que, quando não estamos bem, as coisas parecem piorar a cada notícia que recebemos, ou até mesmo para aquelas que nem chegam até nós.

> Flashback on <

- Filha... - Ele se levanta e anda devagar em minha direção, parando ao meu lado. - Você sabe que pode confiar em mim, certo? - Ele fala com a voz rouca e com o olhar escurecido. - Você por acaso... atendeu uma ligação? - Ele toca minha mão, que está gelada e trêmula.

- Não... eu acabei de acordar. - tento controlar minhas mãos que estão tremendo mais do que antes.

- Bella! - Fabrizio bate na porta. Meu pai se afasta de mim e abre a porta. - Aqui está o lanche que você pediu. Agora que você acordou, podemos comer vendo aquele filme. - Fabrizio entra no quarto vindo em minha direção.

- Como? - meu pai olha para Fabrizio desconfiado. - Você não tinha aquele compromisso?

- Ah, senhor Paolo. - Fabrizio vai até ele, parando à frente dele. - Eu recebi a informação de que não precisavam de mim lá, então deixei Bella dormindo aqui em casa e fui comprar nosso lanche. - Fabrizio mostra as sacolas de comida na mão dele. - Desculpa por não ter avisado. Inclusive, Martina te ligou quase agora, queria falar com o senhor.

- Martina? - meu pai pigarreia, coçando a garganta. - Foi você que atendeu a ligação no meu escritório?

- Sim... Por que a pergunta? - Fabrizio o questiona, parecendo em dúvida.

- Nada. - Ele fala brevemente, voltando o olhar para mim. - Peço desculpas por ter confundido as coisas. - Ele ia se aproximar de mim quando o telefone dele tocou. - Depois nos falamos. - Ele atende o celular, saindo do quarto.