𝕮𝖆𝖕𝖎𝖙𝖚𝖑𝖔 𝖘𝖊𝖙𝖊

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Jayden Christeson

Tem tempestades que vem para a nossa vida bagunçar tudo e depois simplesmente ir embora, mas isso só acontece quando ela não faz sofrimento o suficiente para ver através da destruição que ela causou. Se você sofrer por tempo o suficiente por conta dessa tempestade, vai chegar um momento que você vai se acostumar com ela e aprender a conviver com a sua presença dolorosa. No entanto, se você levantar a cabeça vai entender porque essa tempestade está passando por você. Para te ensinar que se você esperar com firmeza, o sol que vai nascer depois será belo.

E é verdade.

Porém, algumas pessoas nunca vão estar preparadas para se levantar. Nunca irão estar prontas para lutar. E continuarão sentadas, abraçando os próprios joelhos, chorando eternamente. E eu sou uma dessas pessoas. Uma dessas pessoas que nunca estarão preparadas para lutar sozinhas. Nunca estarão preparadas para sair do próprio inferno.

E eu sei que sou o completo oposto de Benjamin. Sempre fui. Ele sempre foi o tipo de pessoa que lutava sozinho sem nem pensar duas vezes, o tipo de pessoa que está sempre lutando por si mesmo, e talvez pelos outros. Eu nunca consegui salvar a mim mesmo, quem diria os outros?

Talvez porque eu estivesse ocupado demais matando essas pessoas. Fazendo sangue escorrer, e fazendo pessoas gritarem enquanto tinha seus corpos secados com presas enfiadas em seu pescoço. Enquanto tinha um corpo frio sugando a sua alma.

Eu sou o tipo de pessoa que mata as outras. Não que as salve.

E talvez seja por isso que eu não consiga me salvar.

— Eu queria ser uma pessoa diferente. — A voz de Benjamin adentra os meus ouvidos, fazendo todo o meu corpo arrepiar enquanto acordo do pesadelo que é a minha própria mente. Viro o meu olhar para ele, sorrindo.

— Eu quero a mesma coisa.

— Mas... será que continuaríamos juntos se você morresse e virasse outra pessoa?

— Eu ainda me lembraria de você. Eu me lembraria de você em todas as minha vidas. Você é a melhor parte da minha vida, Benjamin, e eu acho difícil me esquecer disso. — Nossos olhos se colidem fortemente, e inconscientemente afloro a minha audição, escutando o coração de Benjamin se acelerar. Apesar dos anos em que passamos longe, e de todas as vezes que eu sofri com a morte dele em todas as vidas, eu sempre consegui me lembrar do som do coração dele batendo rápido. Não do jeito de agora. Diferente. Quando realmente estávamos apaixonados um pelo outro, o coração de Benjamin batia vívido, brilhante. Coisa que durante séculos eu senti que nunca teria.

— Você é tão brega. — Sua fala fez com que uma risada sincera escapasse de mim. — Mas eu gosto. Continue.

— Seu desejo é uma ordem, Pequena Chama. Eu vou ser brega somente por você. — Ele sorri alegremente e vira o rosto, observando o pôr do sol no horizonte.

— Hoje eu... explodi.Sem querer, claro. Mas foi assustador, porque, desde que tudo isso começou, eu não consigo mais controlar a magia que vive dentro de mim. E isso é aterrorizante. Eu não sei quando eu vou matar alguém sem querer. Eu não sei se vou machucar alguém. Eu não sei nada sobre mim mesmo. E isso me faz querer gritar o tempo inteiro. — Algumas lágrimas rolam pelo seu rosto, e isso faz tudo dentro de mim se entristecer. — Eu quero muito me sentir eu mesmo de novo.

— E por que você não grita? — Ele volta o olhar para mim.

— O quê?

— Estamos a quase quarenta minutos da cidade. Então pode gritar. Põe esse poder para fora, Benjamin. Tenho um lugar perfeito para isso. — Puxo ele para mais perto de mim, colocando a mão em sua cintura. O calor de seu corpo nos envolve no mesmo instante, e eu consigo ver a surpresa em seus olhos, que se colidiram com os meus fortemente. — Se segura firme. — Digo, juntando todas as minhas forças e usando a minha velocidade vampiresca. Cheguei na borda da janela e pulo de lá, ainda segurando Benjamin firme em meus braços, ao mesmo que escuto um gritinho fino escapar dele.

Entre Espinhos e FogoOnde histórias criam vida. Descubra agora