Há momentos em que você não entende o que está sentindo. Não consegue descrever se é uma dor, uma agonia, ou uma angústia. Não sabe o porquê, nem como chegou até aqui. Apenas sente o peito apertado, esmagado por sentimentos estranhos.
Queres compreensão, anseias por clareza, mas tudo é difícil. Tudo é tanto que nada faz sentido. Só queres enxergar as coisas conscientemente, mas a verdade é negligente. Quando tudo foge do controle, perdes o caminhar. O tempo parece parar, os pássaros não cantam, a chuva não cai. Mas teu coração continua batendo incessantemente. E você só quer acreditar que tudo vai ficar bem.
Quer trazer lógica às coisas, quer que tudo faça sentido, mas nada faz sentido. Quer seguir por um caminho certo, mas não há destino. Nem você acredita nisso. Tenta fazer dar certo, tenta fazer o correto, mas nada parece funcionar. Uma hora tudo parece justo, outra hora, feio e corruptível. Ninguém vai te entender, ou pelo menos é isso que você pensa, porque nenhuma experiência é solitária neste mundo.
Tenta achar uma justificativa, tenta se alimentar dessa incerteza, mas sabe que não é para você. Tenta achar uma maneira, um jeito, mas sabe que não é certo. Quer dar sentido aos sentimentos, mas eles não têm sentido algum. Tenta encontrar um culpado, mas ninguém tem culpa. Fazer dar certo parece um sonho inatingível. Seus olhos marejados, lágrimas que nunca caem, porque não há mais o que chorar. Tudo se torna seco, como estes dias que parecem estar secos há tanto tempo.
E no final de tudo, só queria fazer o certo. Mas como saber se o que está fazendo é certo ou errado, bom ou ruim, agradável ou desagradável? Queria apenas um caminho, um lugar para seguir em frente e dizer: "Estou seguindo para algum lugar." Mas, na verdade, nem mesmo você entende. Talvez diga isso para ser mais aceito socialmente ou para ter alguma resposta, porque é isso que você precisa buscar: uma resposta, um afago, um conselho, um abraço.
Mas é isso mesmo que você precisa? Não tem certeza de nada. A realidade é que ninguém sabe de nada, mas continuamos seguindo em frente por um caminho incerto. Buscamos paz, mas o que é a paz? Cada coração define de um jeito diferente. Quer se livrar de tudo, mas ao mesmo tempo quer ter tudo. Quer ser visto, reconhecido, admirado. Mas para onde essa admiração vai te levar? Nunca sabemos. Fingimos saber, mas no fundo, ninguém sabe.
As pessoas fingem saber, querendo ter feito diferente, querendo fazer diferente, querendo começar, terminar, parar. Nunca sabemos o que é certo ou errado. Será que somos confiáveis? Será que sabemos alguma coisa? Será que somos inteligentes, bonitos, agradáveis? Não sabemos de nada. Fingimos saber para crer, para acreditar, para ser.
Talvez nada do que eu tenha falado signifique alguma coisa. Mas eu só queria falar, me expressar, botar para fora, como se adiantasse de alguma coisa. Mas ao mesmo tempo, não adianta. Quero continuar crendo, acreditando, confiando, tentando fazer o certo, mudando as coisas. Quero fazer a diferença, acrescentar, modificar, inovar, ser algo. Mas será que faz sentido? Sei que não vai fazer. Mas tudo isso faz sentido para mim.
Quero retomar, fazer a diferença, mudar, transformar. Por onde começar, andar, caminhar? Será que algum dia terei certeza de alguma coisa? Será que um dia relerei essas palavras e saberei o que era certo ou errado? Quero ter certeza. Todo esse sentimento é injusto demais, ou talvez seja muito justo. Talvez seja o certo. Somos seres incertos, sem rumo, mas que querem um rumo. Vivemos presos ao prazer momentâneo, ao prazer supérfluo que não faz diferença alguma, mas que faz todo sentido. Um dia, tudo isso será alguma coisa. As mudanças, as primaveras, os verões, os outonos, tudo vai passar e se renovar. Algum dia, o incerto será o certo.
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Ponto Final
Puisi. (Momoko Mai) ⚠️: existem muitos gatilhos, se você se encontra vulnerável, não leia.