Capítulo 11 - Senhores Da Magia

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Luke nunca havia visto criaturas tão belas. Era como se pertencessem a outro mundo.

O pássaro, que pela voz Luke presumiu que era fêmea, levantou seu pescoço e se afastou do garoto.

"Vejo que está confuso, jovem Luke. Não estranho sua reação. Afinal, é comum se assustar com nossa presença. Principalmente aqueles que não tem conhecimento de nossa existência." — A criatura branca, exclamou.

"Enfim, serei direta contigo. Nós somos os senhores da magia do caos e da ordem. Com certeza, o jovem Artanis lhe falou sobre ela."

Mesmo que surpreso, Luke teve coragem e respondeu:

"Sim, senhora." 

Ela o olhou com os olhos prateados brilhantes, enquanto o outro pássaro somente observava o cenário todo.

"Todos magos que são agraciados com nossa magia são tidos como nossos filhos. Porem, sempre há um lado que se torna mais presente e abafa o outro, o excluindo quase que por completo. Fico feliz que finalmente, alguém, aqui incluo você e sua irmã, tenham como magia dominante, a Ordem."

Luke processou as informações, cuidadosamente. Ainda havia questões em sua mente:

"Eu entendo. Mas, porque Artanis precisou da minha magia então? Ele me disse que nossas magias seriam mais fortes juntas. Mas qual o motivo por trás disso?"

Ao ouvir tal pergunta, o passado negro se aproximou. Havia uma energia caótica nele, ao contrário da pacifica do outro pássaro.

"Porque tudo que é extremo, desequilibra a estrutura de tudo. Muitos de nossos filhos, foram tomados pela energia desequilibrada de sua magia. Dessa maneira, a ambição que o poder extremo trouxe, os levou à loucura."

Luke já podia imaginar quem seria uma dessas pessoas.

"Portanto, por mais que a magia total pareça gloriosa, ela causa muitos danos e te consome completamente. Até que o controle seja perdido e o usuário seja consumido completamente. Um acontecimento como esse, em vários magos, tomando o mundo todo, não será bom para o equilíbrio do mundo."

Luke tocou a aliança, se lembrando do que Artanis havia dito sobre seus poderes.

Ele olhou para a aliança, focado. E quando voltou seus olhos para as criaturas místicas, elas estavam indo embora. E Luke podia jurar que havia um sorriso em seus rostos.

"Nos veremos novamente, Luke."

Foi a última coisa que ele se lembra de ter ouvido antes de acordar.

Pela primeira vez, o sol não estava tocando seu rosto. Mesmo assim, o quarto estava levemente iluminado e Artanis estava ao seu lado. Luke podia ouvir sua respiração suave.

Logo ele ouviu uma batida na porta e Lily entrou.

Ela o cumprimentou silenciosamente e abriu as cortinas.  Em um breve momento, Luke se lembrou da noite anterior e pensou em como estaria seu estado. Mas, ele se tranquilizou ao notar que Artanis o havia vestido.

"Bom dia, Lily. Obrigado." - ele agradeceu ao vê-la colocar o café da manhã na mesa.

Um movimento ao seu lado fez sua atenção mudar de foco.

Artanis abriu os olhos azuis e se espreguiçou.

Lily fez uma breve referência e pediu licença para se retirar.

"Você falou com eles? Com os senhores do Caos?" - Artanis falou simplesmente.

"Você não dá bom dia para as pessoas, não?"

O loiro riu e respondeu:

"Só se for com um beijo."

"Seu..." - Luke não soube como responder, envergonhado. Porém , aceitou o beijo quando o mesmo veio.

"Venha, vamos comer enquanto você me conta o que eles disseram."

Luke se sentou na mesa e encarou a comida por um longo tempo.

"Antes dessa mudança, o que você gostava de comer?"

"Como?" - Luke ficou surpreso com a pergunta do príncipe.

"O que gostava? Tente comer um pouco. Só um pouco."

Luke olhou para a mesa e fez uma expressão de receio. Ele tentou se lembrar de algo porém, tudo parecia lhe fazer sentir náusea

Artanis o observou preocupado. E então resolveu servir um pouco de suco.

"Você consegue tomar pelo menos metade, certo? Você nem vai notar."

Luke tentou, foi difícil ingerir. Mas ele tinha que tentar.

"Todos ficaram assustados quando você desmaiou. Então tente um pouquinho por você e pelas pessoas que te querem bem. Eu vou te dar algo que a doutora receitou."

Artanis segurou sua mão e lhe mostrou um líquido transparente com algumas bolinhas laranjas.

Ele lhe deu isso, enquanto o propio tomava um pouco de leite. Luke olhou para seus olhos e eles pareciam gentis. Isso fez com que ele risse internamente, já que nunca esperou que o príncipe pudesse agir assim com ele.

"É para você não se sentir tão fraco. Para misturar no suco."

Luke olhou curioso para o conteúdo. Era transparente. Como água. O cheiro era cítrico e bom.

Luke fez como foi pedido, misturou os componentes e tomou um pouco do líquido, parecia bom na verdade e ele teve vontade de tomar mais. Mas não teve tempo de pensar em mais nada porque Artanis perguntou sobre o sonho.

Enquanto falava, o jovem não notou que continuou tomando mais e mais daquilo.

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Ao terminarem, Artanis sorriu e tirou algo do bolso. Era o mesmo frasco que Luke havia visto há tempos atrás. O veneno que mataria sua irmã.

"Você está dando isso pra mim?" - Luke perguntou, surpreso.

"Não preciso mais disso, você pode fazer o que quiser com isso."

Então, Luke foi até o banheiro e o quebrou. Não havia mais razão para manter aquilo.

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Ao chegarem a um  dos quartos do palácio, Artanis abriu a porta e perguntou:

"Quer que eu entre com você?"

Luke negou. Ele precisava fazer isso sozinho.

A atmosfera mudou quando Luke entrou. As cortinas estavam abertas e uma mulher se sentava em uma poltrona azul, onde havia um sofá da mesma cor a frente dela. Provavelmente para ele se sentar.

A doutora tinha cabelos ruivos, olhos muito astutos castanhos e um sorriso que variava entre conforto e curiosidade.

"Então é você o meu novo paciente? Luke de Athea. Prazer, sou a doutora Jean Lianne. Espero poder te ajudar."- ela indicou o sofá para que ele se sentasse ou deitasse.

O jovem assim o fez e a agradeceu. Ela não o tratava como alguém diferenciado  da realeza ou como um Zé ninguém, como ele era tratado antes. Aquilo era bom.

"Então, senhor de Athea. Me conte mais sobre o seu caso."

Luke contou sobre como tudo começou. Desde seus sintomas de desatenção, crises emocionais, descontrole ao comer e como o tratamento que recebia de seus pais o afetou em não querer mais se alimentar.

A doutora o observou e escutou atentamente.

"Agora vamos testar como a sua magia pode te afetar nisso tudo."

Então a doutora estralou os dedos e todas a luz desapareceu do cômodo.

Luke se perguntou se aquilo era mesmo uma consulta comum ou uma emboscada.

O principe que eu deveria odiarOnde histórias criam vida. Descubra agora