Capítulo 12 - Magia do Passado

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Luke se assustou com o escuro repentino. Ele apertou os dedos, tenso. O que aquilo tinha haver com o tratamento?

De repente, seus medos preencheram a sua mente. Que tipo de tratamento era aquele? Forçando seus medos até ele? O paciente não deveria se sentir seguro?

Uma força interior surgiu internamente, algo como um poder querendo conter aquele medo. Aquilo era "A Ordem?".

Tudo se clareou quando Luke percebeu isso. Uma luz tomando seu corpo e logo em seguida se esvaindo.

O jovem olhou para a doutora. Ela tinha um sorriso no rosto antes de começar a falar:

"O tratamento para magos são diferentes dos de pessoas comuns. Precisamos testar sua magia pois ela é afetada por suas emoções e vice versa. Pelo que sei, sua irmã também manifestou magia mas como ela não tem as mesmas condições psicológicas que você, realmente não a afeta da mesma maneira."

Luke se encostou na cadeira para ouvi-la falar.

"Então, agora que sua magia aparecerá, ela pode te trazer instabilidade no tratamento. Por isso, tome cuidado."

Depois, de passar várias instruções e ouvir sobre como Luke chegou naquela condição. Jean sabia que aquilo viera dos pais e não somente dele. Então, ela o orientou quanto a isso também. Como se desvincular da imagem que seus pais criaram de você. Além, da alimentação é claro.

"Você não é quem seus pais definiram para você, Luke. Você é mais que isso. A falta de alimentação só vai te matar. E há pessoas que te amam, se preocupam com você e vão sentir sua falta. Por isso, você precisa se amar também."

Ao sair da consulta com papéis na mão, Artanis o esperava do outro lado. Ele tinha um caderno na mão e estava rabiscando algo.

Luke ainda possuía os pés leves. Então ele conseguiu se aproximar de relance e se aproximar por trás do marido. O de cabelos escuros conseguiu ver brevemente um esboço parecido consigo, seu rosto sereno dormindo. Realmente, Artanis era realmente talentoso.

No entanto, Luke não teve muita chance de ver mais pois, o caderno foi fechado bruscamente.

"Não fique espiando as coisas dos outros por aí."

Luke riu e simplesmente respondeu:

"Você é muito bom. Fico contente em chamar sua atenção."

"Se não chamasse, eu não teria casado com você."

Essa frase do loiro fez ambos corarem. Mas Luke nem teve tempo de pensar muito no assunto ao ouvir Artanis perguntar sobre os papéis.

Não havia motivo para esconder. Afinal, Artanis o estava ajudando, da maneira dele.

Seu marido parecia concentrado no que lia. Porém, ele não disse nada após fazê-lo. Apenas pegou na mão de Luke e disse:

"Hora de viajar. Amanhã temos que estar naquele lugar para você descobrir sua magia."

"A doutora Jean fez algo assim comigo. Tentou trazer minha magia a tona."

Os olhos azuis o fitaram, curiosos.

“É típico dela fazer isso.” - O loiro riu.

E assim a manhã passou até eles iniciarem viagem, foram três carruagens. Duas de guardas entre eles e a do casal no meio para ser protegida. Todas controladas pela magia do Gran Mago.

Luke encostou no ombro de Artanis sem temer perder da vista da paisagem. Parecia que seu corpo sabia que precisa guardar energia para o que se aproximava.

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Luke acordou assustado. Os cavalos pareceram terem se assustado. E o jovem entendeu o motivo.
A energia do local era intensa.

Eles e todos os guardas desceram das carruagens e Artanis com um movimento de suas mãos fez os cavalos desaparecerem.

Luke desceu e pôde sentir a grama sobre os seus pés, mesmo calçando sapatos. A energia era realmente forte. Nem ruim, nem boa. Apenas, poderosa.

Ele sentiu aquela força por um tempo. Até finalmente notar onde estavam. A frente uma porta enorme, ornamentada com folhas e duas cabeças de pássaros entalhadas. A sua volta, vários galhos e folhas douradas, prateadas, pretas e brancas enfeitavam-na. E para deixar toda atmosfera mais mágica, uma luz dourada brilhava ao seu redor.

Luke se aproximou e enquanto caminhava, pôde ouvir Artanis exclamar aos guardas:

"Fiquem aqui. Somente magos podem entrar."

E então, a porta se abriu sozinha. E ele e seu marido entraram. Tudo estava coberto de luz dourada e prateada. Até, mudarem para um colorido vibrante, fazendo uma linda aurora boreal aparecer, assim como Luke se lembrava de seu sonho.

Ele procurou os senhores da magia, mas não os viu. E então, algo entrou em sua mente sem licença.

Luke sentiu seu corpo enfraquecer e ele ser forçado a se ajoelhar no chão. Artanis o abraçou e disse:

"Vai passar. É algo que você precisa saber."

E então, a memória veio:

“Luke deveria ter 6 anos. Ele estava praticando piano junto com Aretha. Seu eu mais jovem parecia feliz com o aprendizado. Mesmo errando algumas notas aqui e ali e logo após corrigindo seu erro. Mas, os adultos não tinham o mesmo sentimento.

O Luke de hoje, pôde ver a expressão desdenhosa e sua mãe dizer:

"Essa criança não serve para carregar a magia ancestral de nossas famílias. Fiquei feliz ao ver que Aretha nasceu com ela, já que nós dois não o fizemos. Mas, essa criança desastrada e desatenta não tem capacidade para isso." - a mulher disse ao esposo.

"Não há maneira de conter uma magia assim. A única forma é fazer a própria pessoa conte-la."- ele respondeu.

Luke apertou as mãos em meio a raiva. Como poderia haver duas pessoas tão gananciosas que só pensavam em poder?!

Então ele viu pequenas faíscas de luzes saindo de sua mão ao tocar e isso desaparecendo a cada vez que ele era abusado por seus pais.

Luke quis gritar e chorar. Ele sentiu a magia dentro dele querendo sair. A magia querendo organizar aquele caos que ele sentia."

Então, Luke gritou.  Suas memórias desapareceram mas a sensação continuava. A magia tomou seu corpo, fazendo seus olhos ficarem totalmente azuis.

Artanis o abraçou, dizendo que tudo ficaria bem.

"Eu quero mata-los. Eu quero me vingar... Eu quero subjuga-los..."

"Eu sei. E você vai se vingar . Mas não deve encher seu coração de raiva agora. Se for assim, ficará como Vivian. Respire e acalme. Use minha magia se for necessário."

E Luke o fez, ele respirou devagar e a magia começou a se dissipar.

Então, ele fez como sugerido. Beijou o marido e pôde sentir a energia do caos que vinha de seu vínculo, agir em seu interior. Equilibrando tudo.

Ao desfazer o beijo, Luke encostou a cabeça no ombro de Artanis e com os olhos fechados pôde ouvir um som.

Eram dois pios agudos com uma bater de asas poderoso. Ele já imaginava quem havia chegado.

O principe que eu deveria odiarOnde histórias criam vida. Descubra agora