Capítulo 3 - Lágrimas e Segredos

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Aviso: Esse capítulo contém abuso físico e psicológico.

A mudança no noivado foi anunciada no dia seguinte pelo príncipe Artanis. O desgraçado sorria com aquela cara de paisagem enquanto segurava a mão de Luke como se eles fossem o casal mais apaixonado do mundo.

Claro, que Luke imitou o gesto e assim, logo em seguida, foi anunciado o novo cargo de Aretha, como cartógrafa e pesquisadora real.

O rei, a rainha e o povo não se importaram com a mudança de noivo. Afinal, o que importava era a felicidade do príncipe.

No entanto, haviam duas pessoas que com certeza se importariam.

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No fim do dia, Aretha levou Luke para os jardins de casa para lhe contar algo muito importante. Isso acabou adiando o momento que ele já previa que ocorreria mais tarde.

O cheiro de rosas preencheu suas narinas quando ele se sentou no banco branco em volta delas.

Aretha usava um vestido vermelho hoje e seus cabelos estavam presos em um coque apertado. Assim, como ele que utilizava uma camisa da mesma cor.

— O que queria falar? — Luke perguntou curioso.

— Quero te contar algo. Fico feliz que possa se casar com o príncipe. Ele não é tão ruim quando pensa. — ela pegou em sua mão. — Agradeço a você por isso. Desse modo, poderei seguir minha jornada em busca de alguém que estou procurando. —

— Quem é? — Seu irmão a observou curiosamente.

Ela estava séria, olhando o horizonte, como se lembrasse de uma memória distante.

— Lembra do sonho que te contei? Então, é com essa pessoa. E ela está perdida há algum tempo. Eu preciso encontrá-la. — Aretha evitou o assunto. — Vocês seriam bons amigos.

Luke parecia surpreso. Nunca viu a irmã dizer algo com tanta convicção. Quando ela lhe contou seu sonho, pensou que ainda iria se apaixonar, não que já tivesse alguém em seu coração. Seu olhar era selvagem e focado. Isso fez o conde se lembrar de que o príncipe havia chamado a si mesmo e Aretha de lobos.

Sua irmã encostou a cabeça em seu ombro, carinhosamente e eles esperaram o sol se pôr sem dizer mais nada. Luke confiaria que ela contaria tudo quando estivesse pronta.

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Quando a irmã lhe deu boa noite e foi para seu quarto, o jovem já sabia o que o esperava no quarto naquele momento.

Os olhares de ódio o fitaram como facas afiadas cortando sua alma, assim que a porta foi fechada.

— Como você ousa estragar a vida da sua irmã?

Luke sentiu a mão de sua mãe em seu rosto que agora ardia devido à força do tapa.

— Aretha tinha a oportunidade perfeita de ser alguém importante, uma rainha. Como você ousa estragar isso? — A mulher gritou enfurecida.

— Aretha não queria isso. Ela está feliz com o fim do noivado. — ele respondeu firme.

— Além disso, eu salvei sua vida. Mas, vocês não se importam. — Luke pensou

E obviamente, seus pais não reagiram bem.

Luke foi jogado contra a cama e sua camisa retirada por seu pai. As costas à mostra e ainda levemente machucadas das outras vezes que aquilo aconteceu. Não era muito difícil segurá-lo ali. Afinal, ele era mais fraco até que sua irmã.

O jovem respirou fundo, se preparando para o que viria a seguir.

O som do chicote estalou contra o corpo dele, marcando a carne fraca até os ossos, já que não havia muita pele para protegê-los. Luke apertou as cobertas e os lábios. Eles não ouviriam os gritos dele, não era justo. Sangue saiu de sua boca, mas ele não emitiu nenhum som.

As lágrimas tentaram aparecer, porém, Luke também as conteve. Eles também não eram dignos de ver isso.

— Você acha que o príncipe vai amar esse corpo feio? Você não tem curvas, você não é bonito o suficiente, você é muito alto, não tem músculos e nem uma cintura fina o suficiente. Logo no primeiro dia, com certeza ele vai se arrepender de ter trocado a mulher perfeita por alguém inútil como você. — a voz severa de sua mãe o humilhou.

Ouvir aquilo doía, doía muito. Mas, ele não poderia demonstrar fraqueza.

— Com certeza o príncipe vai procurar outras companhias em breve. Como ele poderia se interessar por um inútil sem talento como você? O que você fez para prendê-lo nas suas, garra, sua vagabunda? — Seu pai segurou seu rosto fortemente, o obrigando a olhar em seus olhos desumanos.

— Eu não fiz nada. O príncipe foi quem propôs para mim. — Luke retrucou.

E com certeza, foi respondido com outro tapa no rosto e mais uma chicotada.

— Vamos, querido. Infelizmente não podemos ir contra os desejos do príncipe. Talvez tenhamos a chance de ele mudar de ideia antes do casamento.

Foi a última coisa que ouviu de sua mãe antes de baterem a porta atrás dele.

Luke apagou e nem percebeu quando alguém entrou. Era Lily que observou seu estado, em choque.

A empregada logo saiu correndo dali e voltou com toalhas e ataduras.

— Senhor, por favor. Me deixe ajudar... Ajudá-lo. Precisamos... —- Ela começou a soluçar. — Precisamos cuidar... dos... dos seus ferimentos.

— Obrigado, Lily. — Luke sorriu agradecido, nenhum empregado havia sentido tanto por ele antes.

Após preparar o banho, ela o ajudou a entrar na banheira ainda de calças. Seu corpo ardia e ele deu um leve grito enquanto as feridas eram molhadas.

Lily esfregou os ferimentos com água e sabão, os secando levemente logo depois. Ela ainda tremia e suas lágrimas não haviam secado.

— O que veio fazer aqui a essa hora, Lily?

— Vim trazer um recado da senhorita Aretha, senhor. Sinto muito, senhor, por isso...

— Não peça desculpas. Não é sua culpa. — O conde sorriu, apertando as mãos da moça.

— Luke...

Ouviu a voz da sua irmã. Aretha conferiu se Lily havia enviado o recado e se deparou com os machucados do irmão. As lágrimas imediatamente vieram à sua face.

Ela saiu rapidamente e voltou com uma pomada feita de ervas, logo em seguida a aplicando nos ferimentos.

— Isso vai ajudar a fechar as feridas. — Aretha tremia.

— Me perdoe. Me desculpe. Sinto muito. — Ela murmurava em meio enquanto passava a pomada.

— Não chore, Aretha. — Ele olhou para Lily que parecia que voltaria a derramar lágrimas de novo. — Você também, Lily. Não derramem lágrimas por mim.

Mas falar aquilo não adiantou nada. Após a pomada ser passada e seu dorso enfaixado, Luke acabou adormecendo enquanto ouvia o choro das duas mulheres, entre os pedidos de desculpas de Aretha.

Antes de fechar os olhos, ele pensou no olhar frio do príncipe. Artanis podia ser um demônio, mas com certeza viver com ele seria melhor que passar por aquilo novamente. Mesmo que no fim, Luke acabasse morto.

 Mesmo que no fim, Luke acabasse morto

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O principe que eu deveria odiarOnde histórias criam vida. Descubra agora