Waiting For You

Capítulo XVII

Após a minha conversa com Kara decidi ceder ao pedido dela e ficar por essa noite. Pela primeira vez desde que nos aproximamos, ela agiu de uma forma comigo da qual eu não gostei e tenho consciência de que deixei ela ciente que esse tipo de situação eu não iria aceitar.

Kara me pediu desculpas, se permitindo ser vulnerável, revelando suas frustrações, medos e possíveis falhas. Me escutou e compreendeu tudo o que precisou ser dito, aceitando que estarei ao lado dela e de Lizzie para ajudar, cuidar e ser o apoio que elas precisarem, desde que ela me dê espaço para isso. Por mais que eu queira estar por perto e ajudá-la, não posso impor minha presença se ela não desejar que eu esteja lá por ela.

Estou sentada em sua cama, zelando o sono profundo de Lizzie enquanto ela tomava seu banho. Observava atentamente o quarto, o espaço não era muito grande, porém bastante organizado, uma cômoda alta que sustentava vários porta-retratos ficava centralizado na parede em frente a cama, nas fotografias a presença de  amigos e familiares, mas a maioria eram de momentos importantes da vida de Lizzie, como se contassem uma história do crescimento da pequena. Presa na parede acima da cômoda, uma televisão que passava um desenho aleatório que Kara certamente colocou para Lizzie. À direita tem grandes janelas e cortinas brancas e uma porta de correr que leva para uma pequena varanda, no chão abaixo da janela, um baú com vários brinquedos, guardados com carinho, talvez Lizzie já não brinque tanto com eles, já que seu quarto está repleto de outros brinquedos. À direita uma porta por onde ela entrou minutos atrás, que levava a um pequeno closet juntamente com o banheiro. Dois criados em cada lado da cama com abajures e livros empilhados, muitos deles infantis e apenas um relacionado ao corpo de bombeiros.

Desvio meu olhar para Lizzie e ela permanece dormindo profundamente, agarrada ao seu urso de pelúcia que peguei minutos atrás, com carinho acaricio sua bochecha levemente, admirando seu rosto angelical. Sentindo em cada batida do meu coração que o amor cresce um pouco mais, sendo impossível olhar para ela e não se apaixonar.

Kara estava demorando então me levanto com cuidado e saio do quarto. Ao entrar no cômodo amplo todo em conceito aberto, dividindo o espaço entre a sala de estar, cozinha e o hall de entrada, reparei pela primeira vez um tapete colorido repleto de brinquedos espalhados: blocos de montar, bonecas, carrinhos em miniatura e ursos de pelúcia. No canto, uma estante baixa exibe uma coleção de livros infantis com capas vibrantes, ao lado de uma pequena mesinha decorada com desenhos rabiscados com giz de cera. Não muito longe, um cavalinho de balanço aguarda ser montado novamente.

Na cozinha, a geladeira é adornada com desenhos infantis, fixados com ímãs de personagens de desenhos animados. Uma pequena cadeirinha colorida cerca a mesa, e um pratinho de plástico em forma de animal descansa ao lado de um copo com canudo.

Cada detalhe, desde os brinquedos deixados pelo chão até os toques artísticos pendurados nas paredes e móveis, conta histórias de alegria, brincadeira e a presença constante de uma criança cheia de energia e imaginação.

Um porta-retrato sob a mesa de canto no hall de entrada chama a minha atenção, eu consigo sentir a felicidade de Kara através do sorriso estampado na fotografia, ela segura Lizzie nos braços, ainda uma bebê de colo talvez uns três, quatro meses de vida como se aquele momento definisse toda a sua vida. Nem percebo quando estou tão perto, o suficiente para esticar os braços e segurar a fotografia.

Sinto braços me envolverem pela cintura e o corpo quente encostar nas minhas costas em um abraço por trás, solto uma das mãos do porta retrato e levo até o braço dela, apertando levemente, fecho os olhos, apreciando o toque firme e quente no meu corpo. Abro um sorriso ao sentir o beijo suave depositado no meu ombro e um arrepio gostoso quando calmamente ela afasta meus cabelos para o lado e roça seus lábios na minha nuca, traçando um caminho lento até meu pescoço.