Capítulo X

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Acordei naquele quarto gelado e desconhecido, com os barulhos de bips no meu ouvido, o corpo pesado, dolorido e fraco, não conseguia abrir meus olhos, sensíveis demais à claridade.

O susto, o medo, o desconhecido, tudo naquele quarto me assustava, não era o lugar onde eu deveria estar. Isso não podia estar acontecendo, eu não podia acreditar que de alguma maneira eu tenha deixado ela sozinha, tenha deixado ela me esperando.

O meu peito doeu com a sensação de machucar minha filha, de impotência por não ser capaz de voltar para ela. O desespero bateu forte e eu apenas queria sair daquele lugar e voltar para ela. Me levantei com dificuldade, retirando os fios conectados ao meu corpo, o oxímetro do meu dedo e o esfigmomanômetro do meu braço com o acesso sendo retirado junto. Estava terminando de tirar o oxigênio do nariz quando Megan apareceu, segurando meus braços e me impedindo de continuar meu plano de reencontrar Lizzie.

Alex estava presente no quarto, eu não conseguia desviar meus olhos dela, queria perguntar sobre Lizzie, saber como minha menina estava, porém as palavras não saiam, a discussão ao meu lado me assustava, a palavra sedação dita pela médica me apavorou, não precisava de sedação, não queria dormir de novo, queria apenas que alguém me escutasse.

Será que ela não entende que a única coisa que eu precisava era olhar nos olhos da minha filha e garantir que ela esteja bem, nada era mais importante, mas eu apaguei minutos depois.

...

A sensação de voltar do sono profundo dessa vez foi diferente, eu podia sentir um leve carinho em meus cabelos, o toque quente e amoroso e quando finalmente consegui abrir os olhos, minha mãe estava ao meu lado.

— Mãe

— Kara, minha filha — a voz dela embargou

— Não chora — ela nega, segurando o choro

— Você me assustou — ela beija minha testa calorosamente e sinto minha testa molhar devido as lágrimas caindo de seu rosto.

— Me desculpa

— Eu te amo, minha menina

— Eu também amo você, mãe — devagar e com bastante dificuldade, levanto o meu braço e seguro a mão da minha mãe, ela se afasta e me olha com ternura — Lizzie?

— Ela está bem amor, com saudades de você! — a lágrima escorre pelos olhos, teimosa e insistente

— Eu quero vê-la! — tento me levantar, porém ela me segura pelo ombro

— Não pode se levantar, acabou de acordar e está machucada, vou chamar a médica

— Não! Não quero dormir! — me reviro na cama, ficando agitada com a possibilidade de ser sedada novamente.

— Kara se acalma! Ava! — ela grita

— Kara, ninguém vai te sedar novamente, eu garanto a você! — Ava diz calmamente quando entra no quarto, pegando minhas mãos e as segurando com firmeza. — Preciso que você respire, se acalme — a voz dela é suave ao falar comigo — Isso, muito bem! Você irá passar por alguns pequenos exames e em breve Lizzie estará aqui com você, eu prometo!

— Você promete?

— Prometo!

Ava permaneceu ao meu lado, conversando comigo e me acalmando sempre que eu me agitava. Alex entrou no quarto depois de um tempo e como minha mãe, chorou e me beijou a testa.  Aos prantos me pedia desculpas por ter me deixado sozinha quando havia pedido para ela ficar. Eu não me lembrava disso, mas segurei sua mão com carinho e a mantive perto de mim, uma forma dela entender que estava tudo bem.

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