Capítulo 10

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Um grito ecoa por todas as paredes da casa enquanto sangue escorre por todo o corpo alheio. Meus pulmões ardem pela falta do ar que esqueci de inspirar e, por um momento, é como se todo o mundo parasse e eu me perdesse entre milhões de pensamentos conflitantes.

- Você provou a sua lealdade. - A grisalha ri de maneira louca enquanto seu sangue pinga no carpete branco e se une aos dos seus companheiros. - Seu pai vai amar saber a quem ela pertence.

Eu olho para a mulher, para o garoto no chão e para a arma em minhas mãos, seu cano está quente. Meu raciocínio volta vagarosamente ao perceber que o tiro havia vindo da arma em minhas mãos, ao notar que eu atirei em sua mão direita, seu dedo anelar pendia em direção ao chão e sua arma estava mais próxima da saída do escritório do que de sua palma inútil.

- E-e-eu... - Um soluço escapa de mim e eu solto a arma que encontra o chão. - Me desculpe, me desculpe.

- Não esperava que se apaixonaria por alguém como ele. - Ela grunhe ao arrancar um pedaço de sua blusa para estancar o sangramento. - Mas não importa, estando em minha mira, ele é um homem morto.

- Por que não pode apenas deixar ele em paz?. - Reclamo ao pressionar meus dentes um contra o outro.

- Você pode até fugir, mas você também será apenas um cadáver em alguns dias. - Ela ignora minha questão e dá um sorriso maldoso. - Eu vou caçar você até o inferno se você não mirar direito e atirar na minha testa.

- Eu não posso fazer isso. - Recuo um passo.

- Bom, atirando ou não, a equipe irá se livrar de você mais cedo ou mais tarde. - Ela anda até o corpo de Damian. - Acredita que ele chamou seu nome? - A mulher puxa o cabelo dele com a mão boa. - Acho que a linda história vai terminar como a de Romeu e Julieta. - Vejo sua mão lesionada empunhar uma pequena adaga e não espero mais uma ordem ao atirar em sua perna esquerda.

- Caralho, merda! - Ela grita com fúria ao soltar a faca e pressionar a mão no ferimento, eu não havia lesionado qualquer artéria.

Matar uma pessoa que não conheço é difícil, antes de puxar o gatilho, eu tenho que desumanizar aquele que se põe na frente da mira, mas, sendo bem sincera, isso não era tão difícil quando sua vida está em risco. Porém, matar uma pessoa que você conhece e aprecia é completamente diferente e saber que a partir daqui estou perdendo a proteção de todos aqueles que cresci me espelhando e admirando me dá um medo quase asfixiante. Ela estava certa, agora eu sou o alvo.

- Você deveria ter mais cuidado comigo. - Me aproximo da mulher. - Você me subestima por se achar melhor, mas quem se guia por sentimentos é você. - Paro ao estar em frente a grisalha. - Você sabe que meu pai te mataria se encostasse um mísero dedo em mim, sabe que ele não dá a mínima se você está viva ou a sete palmos do chão. - Sorrio ironicamente. - Eu tenho pena de você, então, vou esperar você decidir lutar verdadeiramente de mulher para mulher contra mim, nesse dia eu mesma te mato sem precisar de qualquer arma ou tiro. - Seu rosto exibe o ódio que ela deve sentir. - Enquanto você é uma covarde, a única coisa que vai receber de mim é isso. - Não espero até que ela raciocine e desfiro um chute contra o rosto da mulher, seu corpo caí desacordado sobre o de Damian.

Talvez eu seja um alvo perigoso, talvez eu seja o alvo que deva ser abatido com mais urgência pelas informações que carrego ou talvez eu seja o alvo que eles mais conhecem.

Pensar que a pessoa a apontar uma arma para mim poderia ser meu tio ou, até mesmo, meu pai, era desesperador.

- Damian! - Empurro o corpo da mulher caído sobre o dele e viro seu corpo com dificuldade pelo meu braço dolorido. - Merda, Damian! Acorde! - Tento sacudir o garoto, mas ele não se move. Pelo que conheço Nightfall, ela provavelmente enfiou a cabeça dele em um saco por tempo suficiente para obter suas informações e quase matar sua vítima.

The Boy Is Mine - Damianya / Danya - Damian e AnyaOnde histórias criam vida. Descubra agora