Capítulo 4

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Havia passado das seis quando atravessei a porta do meu dormitório. Eu havia passado a noite fora e tinha usado o telefone da casa de Damian para ligar para um dos motoristas do meu pai pedindo para me buscar assim que acordei, ainda estava escuro quando abri meus olhos e vi que Damian dormia com alguns fios de seu cabelo sobre a face e uma expressão serena, seus braços estavam distantes do meu corpo, mas nossas pernas estavam entrelaçadas. Cumpri minha promessa ao me afastar com cuidado do seu corpo, saindo de sua casa e entrando no carro onde observei os mesmos postes e luminárias que havia contado no dia anterior, eu me sentia envergonhada pelo que fiz, pelo o que pedi e por como olhei para ele. Não havia como voltar atrás e eu sentia que havia estragado tudo.

Quando cheguei perto da minha cama, vi que havia um papel sobre o travesseiro colocado do lado direito do colchão de casal. Era um papel pequeno e retangular e percebi que havia algo escrito, pensei que se tratava de algum aviso da agência, mas eles não seriam tão descuidados, então peguei a pequena folha de papel cartão e levei até a altura dos meus olhos.

'Você pode mudar seu nome, seu cabelo e suas roupas, mas não ache que isso muda quem você é.'

'O que acha? Talvez o dono das roupas que você veste hoje deseje saber que vocês não se conheceram naquele vestiário.' ~ π

Minhas mãos tremeram quando terminei a leitura, o papel pendeu nos meus dedos antes de encontrar sua morada no chão. Como? Por quê? Quem? Pego novamente o papel e analiso qualquer traço buscando informações que podem me dar algum indício de quem escreveu e colocou aquilo no meu quarto. As letras pretas e simétricas vieram de uma máquina de escrever, mas todos os alunos que frequentavam aquela escola tinham uma, assim como os professores, então isso não me ajudava em nada.

Quem seria pi? O símbolo usado na assinatura era comum na matemática e substituía um número com diversas casas decimais. Teria alguma relação entre o anônimo e a matemática? Seria um professor? Um aluno que gosta da matéria? Eu não sei. Cogito a ideia de levar o bilhete ao meu pai, mas não quero que saibam que eu sou péssima naquilo que todos se esforçaram durante anos para que eu me tornasse, logo, me sento em minha cama e continuo a ler e reler o bilhete. O que essa pessoa queria? Ela continuaria a enviar recados como esse?
...
Era segunda-feira, decidi não sair do quarto no dia anterior enquanto tentava relacionar aquela mensagem com alguém e acabei perdendo o restante do meu final de semana. Agora, o horário de uma das aulas terminava e éramos liberados para o intervalo, sendo assim, peguei minha mochila e segui até o refeitório.

- Claire! - Becky me chama com um sorriso ao entrar atrás de mim na fila para a refeição. - Como foi a festa?

- Incrível, principalmente a parte em que vocês foram embora sem me avisar. - Falo ao não me virar para olhar para ela.

- Do quê está falando? Você foi embora antes de nós. - Ela segura meu braço e vira meu corpo em sua direção.

- Eu procurei por vocês, duas vezes. - Me mantenho séria ao falar. - Como é que eu fui antes?

- Vanessa disse que você havia saído com Demetrius. - Ela me olha confusa e solta o meu braço. - Também vimos vocês dois conversarem ontem. - Ela continuou e as outras meninas se aproximaram, estranhando minha cara de poucos amigos. - Achamos estranho por você ter dito estar afim do irmão dele, mas todos da escola te viram chegar ontem com as roupas dele.

- Vocês acham mesmo que passei a noite com Demetrius? - Olho para elas indignada. Se elas tivessem realmente prestado atenção na nossa "conversa", teriam percebido que eu estava desesperada. - Eu estava apavorada, ele não me deixava ir.

The Boy Is Mine - Damianya / Danya - Damian e AnyaOnde histórias criam vida. Descubra agora