Capítulo I

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Toda história tem um começo. O legado de Tomás de Aquino é conhecido há muito tempo, mas teve seu começo. Tomás de Aquino nasceu em 1225, no Condado de Aquino, na região de Lácia, na Itália. Tomás era um jovem inteligente e muito devoto. Ao contrário de seus irmãos mais velhos, que eram militares, Tomás queria viver unicamente para Deus. Ele tinha uma grande conexão com sua mãe, Teodora, que o mimava um pouco por ele ser o filho homem mais jovem. Ele também tinha uma conexão com sua irmãzinha chamada Constanza. Constanza havia nascido provavelmente em 1233 ou 1234, sendo uma bela menina de cabelos castanhos e brilhantes olhos azuis. Mal sabia o jovem Tomás que sua vida mudaria.

Ano do Senhor de 1243

Tomás havia saído do colégio. Andava junto de um amigo chamado Federico.

- Tomás, Tomás. Por que não se junta a nós no festejo? Haverá tantas meninas bonitas. - disse Federico. Tomás sorriu.

- Não se preocupe, Federico. Irei passar um tempo estudando. - ele disse, pressionando o caderno contra o peito. Ele viu um frade dominicano passando por ali. Ficava fascinado, tinha vontade de se dedicar à vida religiosa. Ele suspirou.

- Olhas com ânimo para as batinas dos dominicanos. - disse Federico.

- Eu gostaria de ser um. Mas meus pais não iam gostar. - respondeu Tomás. Federico se aproximou.

- Voe, passarinho. A vida só se vive uma vez. Segue teu sonho. - ele sorriu. Tomás chegou à porta de casa. Ele viu a janela da torre abrir. Era sua pequena Constanza que abria a janela.

- Veniat ventus tecum, Tomás! - disse Constanza, alegremente. Tomás ria.

-et vere comas ornant, Constanza! - ele respondeu, acenando com a boina de estudante.

Se saudavam daquela forma desde que Constanza tinha 3 anos de idade. O que diziam era, mais ou menos :

"Os ventos venham contigo, Tomás!"

"e a primavera enfeite muito seus cabelos, Constanza!"

Federico sorriu e foi embora. Tomás subiu as escadas, quase com pressa, aos tropeços. Quando ia terminar de subir os degraus, Constanza foi na frente. Ligeirinha, gritava aos quatro cantos : "Tomás chegou, Tomás chegou!"

Daquela forma, toda a casa sabia que Tomás havia entrado. Tinha vezes que Constanza, apenas ao ouvir o som da voz de Tomás conversando pelas ruas, saía pelos corredores do pequeno castelo da família vestindo apenas uma camisola, com os botões mal-fechados, os cabelos castanhos soltos, balançando com o vento. As criadas (ou melhor dizendo, as babás) de Constanza ficavam doidinhas, correndo atrás dela. Afinal, era muito indevido uma pequena donzela correr até as escadas, que davam para a rua, vestindo apenas uma camisola.

Enfim. Naquele dia, Constanza estava bastante charmosa. Usava um vestidinho vermelho com detalhes dourados, os cabelos cobertos por um véu dourado, com pequenas tranças à mostra. Ela correu até Tomás e abraçou suas pernas.

- Tomás! Tomás - ela ria. Tomás carregou Constanza no colo, bagunçando um pouco o véu dela.

- Constanza! Minha principessa, senti sua falta. - ele riu, pressionando um pouco o nariz na bochecha gorducha de Constanza, fazendo ela rir. As damas de Constanza se aproximaram.

- Signora Constanza, Donna Teodora disse para você ficar no quarto. - disse uma delas. Tomás riu.

- Não se preocupe, Donna Ottavia, já cheguei. Posso ficar com Constanza. - respondeu Tomás. Constanza mostrou a língua.

-potes colligere ligna - riu a garotinha. Aparentemente, por não saberem latim, Donna Ottavia, Donna Dorothea e Donna Isabella não entenderam a ordem de "colher lenha". Apenas se retiraram. Tomás de Aquino, por sua vez, entendeu o que sua irmãzinha disse e deu um leve beliscão na bochechinha gorda daquela menina, fazendo ela rir.

Panis Angelicus : a história de Tomás de AquinoOnde histórias criam vida. Descubra agora