Capítulo XI

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Tomás tornou-se um teólogo bastante respeitado na região. Em 1252, ele retornou a Paris para tentar obter o mestrado, e se tornou um professor aprendiz. Depois de muito esforço, ele se tornou o regente principal em teologia. Era um cargo importante. Muitos se admiravam com sua habilidade, era considerado um prodígio. Em 1259, Tomás deixou a cidade de Paris. Voltando para Nápoles, em 1260, não parava mais de trabalhar : escreveu a grandiosa “Suma contra os gentios” e estava a escrever a liturgia de Corpus Christi. Naquele dia, Tomás estava debruçado sob a mesa, pensando no que escrever. Ouviu uma batida na porta. Era seu secretário, Reginaldo.

— Irmão Tomás? Está tudo certo? — ele perguntou. Tomás sorriu.

— Sim, Reginaldo. Tudo certo. Apenas penso num dos hinos. — o jovem respondeu. Então, olhou para o teto.

— Reginaldo, seja sincero. Acredita que os anjos podem se manifestar aos moribundos? — perguntou, depois de um tempo. Reginaldo ficou confuso. Que conversa era aquela?

— Ah.. Não sei. Mas por que a pergunta? Não me diga que conhece um moribundo que viu anjos. — respondeu o estudante. 

— Minha irmã. A pobrezinha morreu muito jovem. Se estivesse viva, faria 26 anos. Eu quase não a vi depois que fui para o Mosteiro. E quando voltei.. Ela estava morrendo. Morreu em meus braços. Disse que via anjos cantando para ela. — disse Tomás. Reginaldo suspirou.

— Constanza de Aquino.. Você realmente a amava muito, não? — perguntou Reginaldo.

— Penso nela dia e noite em oração.. Às vezes penso que a alma dela me visita. — respondeu Tomás.  Reginaldo sorriu.

— Ao menos ela está a comungar do Pão dos Anjos agora. — acrescentou. Tomás arregalou os olhos. 

Pão dos Anjos

Pão dos Anjos

Panis.. Angelicus. Panis Angelicus. 

— Panis Angelicus.. É isso. — murmurou Tomás.  

— Isso o que? — perguntou Reginaldo. 

— Nada, Reginaldo! Só tu que me ajudaste! Panis Angelicus! Como posso retribuir? Sou tão grato! Bendito seja tu! Obrigado! — gritou 

Tomás, emocionado e cheio de alegria. 

Então, começou a escrever um hino ; “Panis Angelicus”.  Inspirado pela frase de Reginaldo, misturada de amor e devoção à Sagrada Eucaristia, o Corpo de Cristo oferecido na Comunhão, algo que os anjos desfrutam e os homens também poderiam desfrutar, escreveu uma obra prima. 

“Panis Angelicus,

Fit panis hominum,

Dat panis cœlicus figuris terminum.

O Res mirabilis,

Manducat Dominum,

Pauper, servus et humilis”

Traduzindo, seria algo como :

“O Pão dos Anjos

Se fez Pão dos Homens

O Pão dos Céus dá fim às prefigurações

Ó coisa admirável! 

Alimentam-se do Senhor

O pobre, o servo e os humildes”. 

Na verdade, esta é a penúltima estrofe da liturgia da Solenidade de Corpus Christi. Estes trechos ficaram marcados na Liturgia da Igreja.  Quando Tomás mostrou ao Papa, as pessoas dizem que ele ficou bastante emocionado. Nunca se haviam visto hinos litúrgicos tão belos e bem feitos como os de Tomás! Quando começaram a cantar na Solenidade, muitas pessoas foram às lágrimas. O próprio Tomás chorou, ao lembrar de toda sua trajetória até ali.

Panis Angelicus : a história de Tomás de AquinoOnde histórias criam vida. Descubra agora