Saudade que não conheço

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Origens..... De onde vem suas origens.

Por anos a fio eu me perguntei de onde vem a cor do meu cabelo e dos meus olhos, será que as pintinhas que eu tinha espalhado pelo colo se originara da minha mãe ou do meu pai? Puxei de uma vó? Eu tenho irmãos?.

Será que eu tenho uma irmã?

Mesmo que mais da metade da minha vida tenha sido semelhante a um papel em branco eu lembro de quando desejei ter uma mãe, uma família. Foi a anos ou sendo mais sincera foi a 10 anos e alguns meses, foi às 3:30 de uma madrugada de quinta feira onde eu me levantei do chão onde estava dormindo. Você deve está se perguntando porque dormir no chão se ao lado tinha uma cama confortável? Bom! Eu venho de um mundo em que tirar as coisas pequenas e boas é tão fácil quanto respirar e sendo assim, porque dar margem para mais uma coisa sendo-me negada?

Nessa quinta em questão eu levantei nas pontas dos pés e arrumei minha pequena mochila que adquiri com muito custo e muitas moedas pedidas no semáforo. Desci as escadas o mais furtivamente que consegui e na sala daquela linda casa foi onde sonhei em ter uma família e mais precisamente uma mãe. Maria cuidava do Thiago, ele chorava e eu captava frases que mais pareciam cortes na pele e a Maria não estava tão diferente, os dois compartilhavam da mesma dor e de outro sentimento que ainda não conhecia mas que não demoraria para conhecer. A saudade.

Foi naquele segundo sendo telespectadora de uma cena triste e adorável que pedi por uma mãe, ela não tinha rosto ou forma e não pensei na cor dos cabelos e se eram curtos ou não. Também não foquei se sua mão teria longos e delicados dedos e se sua voz seria como água no deserto, algo simples e desejável. Eu quis tanto um amor semelhante ao que a Maria proporcionava ao Thiago, eu quis tanto um abraço como aquele e um afago nas costas e no cabelo.

Um eu te amo e estou aqui.

Ela sussurraria o meu nome perto da minha orelha e eu saberia que o mundo por mais bagunçado que estivesse ficaria bem, pois ela estava lá e nada pode derrubar uma mãe, pelo menos era isso que ver a Maria acalentar o Thiago me mostrava.

Foi naquela noite de quinta feira que descobri e senti pela primeira vez o que era a saudade....

Saudade do que não conheço....

É no mínimo aterrorizante estar de frente aquilo que você mais quer no vasto universo, minha mãe está na minha frente e não corro ao seu encontro, eu retrocedo como um bichinho acuado.

ㅡ Meu amor. – Thiago toma a frente protegendo o meu corpo, respiro uma ou duas vezes. ㅡ  Olhos em mim. – seus dedos escorrem por meus cabelos e ganho uns minutinhos de coragem. ㅡ O que quer fazer? Quer entrar e conversar ou não? Você não precisa fazer isso agora.

ㅡ Eu.... Eu. – gaguejo e suo frio.ㅡ Espera. – jogo a cabeça de lado e espio meus pais ainda em silêncio. ㅡ Quero muito falar com eles, você fica comigo, eu e você?

ㅡ Sempre Ana. – ele toca meus lábios singelamente, Deus meus pais estão vendo isso, nosso beijo, eles viram nosso beijo.

Thiago desceu os poucos degraus que separa a casa o resto e parou na frente dos dois com uma calma invejável, minha mãe o analisou e senti muito a falta da sabedoria e conhecimento que sempre emanou dos seus gestos.

ㅡAlice e Mariano. – como sempre ele toma as rédeas deixando as coisas menos complicadas. ㅡ A Ana ou é... – uma nuvem negra passa na sua frente e Victor dizendo que não sou Ana e sim Helena me vem como um sofro.

ㅡ Ana... – digo alto e amorosamente. ㅡ Eu sou Ana para você, eu sempre vou ser a Ana mesmo sendo a Helena. – ele sorri, apenas sorri como se tivesse acabado de ganhar um sentido na vida

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⏰ Última atualização: Jul 02 ⏰

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