04 - Unwanted visit

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Uma semana depois, finalmente encontrei um apartamento que parecia adequado. Não era tão aconchegante quanto a casa dos Friedrich, mas tinha seu charme. Era um lugar pequeno e acolhedor em um bairro tranquilo, com janelas grandes que deixavam entrar muita luz. A sala de estar era decorada com móveis simples, mas confortáveis, e as paredes estavam pintadas em tons suaves que traziam uma sensação de calma.

Elizabeth veio me ajudar a desempacotar as últimas caixas. Agora, estávamos sentadas no sofá, com xícaras de chá fumegantes nas mãos, enquanto a luz do sol atravessava as cortinas.

— Este lugar é realmente adorável, Amélie — Elizabeth comentou, olhando ao redor. — Acho que você vai se sentir em casa aqui.

— Espero que sim — respondi, tentando soar confiante. — Ainda estou me acostumando com a ideia de estar sozinha.

Elizabeth revirou os olhos. — Ah, por favor, você vai se acostumar. E qualquer coisa, eu estou a apenas uma chamada de distância. Ou uma mensagem, uma batida na porta, um sinal de fumaça...

Ri, apreciando o apoio dela. Depois de um momento de silêncio, Elizabeth colocou sua xícara na mesa de centro e me encarou com um olhar curioso.

— Então, sobre aquela noite... O que aconteceu exatamente com você e o Dominik depois que eu fui embora? — ela perguntou, referindo-se à festa.

Suspirei, lembrando de como me senti perdida e assustada. — Bem, você estava bem fora de si, e foi embora com aquele cara que mal conhecíamos. Eu fiquei sozinha na festa e não sabia o que fazer.

Elizabeth fez uma careta, claramente se sentindo culpada. — Eu sinto muito por ter te deixado sozinha. Fui uma péssima amiga.

— Não se preocupe, Liz. Eu consegui me virar. Dominik apareceu e se ofereceu para me levar para casa — continuei, observando a reação dela.

Elizabeth ergueu uma sobrancelha, interessada. — E como foi isso? Ele parece ser bem atencioso. E gato, claro.

— No começo, foi até tranquilo. Mas eu estava muito tensa, e quando ele tentou puxar assunto, eu acabei sendo bem rude com ele — admiti, envergonhada. — Acho que ele ficou bravo e me deixou no meio do caminho.

Elizabeth arregalou os olhos, chocada. — Ele te deixou na estrada? Que filho da puta!

— Eu meio que mereci — suspirei. — Não fui justa com ele. Mas, sabe como é, não confio facilmente nas pessoas.

Elizabeth fez um gesto dramático, assentindo. — Eu entendo. Mas talvez ele só estivesse tentando ser legal. Talvez você devesse dar uma chance a ele. Quem sabe, ele pode ser um príncipe encantado disfarçado de motorista grosseiro.

— Veremos — respondi, sem muita convicção. — Não estou exatamente procurando príncipes no momento.

O silêncio recaiu sobre nós novamente, até que Elizabeth deu um sorriso travesso. — Você devia ir a mais festas. Quem sabe na próxima você não conheça alguém interessante? Ou pelo menos alguém que não te abandone no meio da estrada.

Revirei os olhos, mas sorri. — Não sei se estou pronta para outra festa tão cedo. Mas obrigada pelo apoio, Liz. Significa muito para mim.

— Para isso servem as amigas — ela disse, levantando sua xícara em um brinde. — E para garantir que você não morra de tédio sozinha nesse apartamento novo.

Enquanto brindávamos, senti um lampejo de esperança. Talvez, com o tempo, eu conseguisse me abrir mais e confiar nas pessoas ao meu redor. Por ora, eu tinha Elizabeth, minha nova casa e a determinação de deixar o passado para trás. Era um começo, e isso era tudo o que eu precisava.

Secrets in AshesOnde histórias criam vida. Descubra agora