06 - Clashes

19 4 0
                                    


Era uma tarde agradável de domingo, perfeita para uma caminhada no parque. As folhas das árvores balançavam suavemente ao ritmo da brisa, e os raios de sol filtravam-se por entre os ramos, criando padrões dançantes no chão. Eu precisava de um momento para mim, para clarear a mente e organizar meus pensamentos.

Enquanto caminhava, observava as crianças brincando, os casais passeando de mãos dadas e os ciclistas passando apressados. O parque estava vivo, mas havia uma serenidade no ar que eu sempre achei reconfortante.

Após alguns minutos, porém, comecei a sentir um leve desconforto. Era como se um par de olhos estivesse fixo em mim. Tentei ignorar a sensação, convencendo-me de que era apenas minha imaginação. Continuei caminhando, mantendo um ritmo constante, mas a sensação persistia, tornando-se mais intensa a cada passo.

Decidi parar perto de uma fonte para descansar e tentar espantar aquela paranoia. Sentei-me num banco e observei a água jorrar, tentando me concentrar no som relaxante que ela fazia. Mas não adiantou. Eu ainda sentia aquela presença incômoda.

Olhei ao redor discretamente, buscando qualquer sinal de alguém me observando. Havia algumas pessoas por perto, mas ninguém parecia prestar atenção em mim. Respirei fundo, tentando acalmar meu coração que começava a bater mais rápido.

— Você está apenas sendo paranóica — Murmurei para mim mesma.

Levantei-me e continuei a caminhar, desta vez tomando um caminho menos movimentado, na esperança de que a sensação desaparecesse. Mas, à medida que avançava, a sensação de estar sendo seguida só aumentava. Eu podia ouvir passos atrás de mim, ecoando ligeiramente mais rápidos que os meus.

Meu coração disparou. Olhei por cima do ombro, mas vi apenas um homem de boné e óculos escuros, caminhando a uma distância razoável. Nada nele parecia particularmente suspeito, mas meu instinto me dizia para ficar alerta.

Acelerei o passo, tentando manter a calma. O homem fez o mesmo. Decidi virar à direita, entrando em uma trilha mais estreita e sinuosa. Queria ter certeza de que ele estava realmente me seguindo e não apenas indo na mesma direção.

Para meu desespero, ele também virou. Agora eu tinha certeza. Meu sangue gelou.

— Preciso sair daqui — pensei, sentindo uma onda de pânico começar a tomar conta de mim. Olhei ao redor, procurando uma saída, um lugar onde pudesse encontrar ajuda ou me esconder.

A trilha se abria para uma clareira onde algumas pessoas estavam fazendo piqueniques. Corri em direção a elas, tentando parecer o mais natural possível, mas sabendo que minha expressão traía meu medo.

Assim que alcancei a clareira, o homem desapareceu. Olhei ao redor, mas ele havia sumido tão repentinamente quanto havia aparecido. Meu coração ainda batia acelerado, e senti as pernas tremerem de alívio e exaustão.

Sentei-me na grama, tentando recuperar o fôlego e a compostura. Será que estava mesmo sendo seguida, ou era apenas minha mente pregando peças em mim? De qualquer forma, decidi que era melhor não arriscar.

Peguei meu celular e liguei para Annelise. Enquanto o telefone chamava, continuei a olhar ao redor, esperando que o homem não reaparecesse.

— Amélie? Está tudo bem? — Annelise atendeu, sua voz cheia de preocupação.

— Sim, está tudo bem — respondi, tentando manter a voz firme — Estou naquele parque perto da nossa cafeteria preferida. Quer ir jogar conversa fora? — Questionei torcendo para ela vir

— Quero, quer que eu te busque no parque? — Ela disse imediatamente.

— Sim, estou naquele local onde as pessoas costumam fazer piqueniques — Informei aliviada ao saber que ela estava a caminho — Pode conferir se a Liz está em casa e chamar ela também? —

Secrets in AshesOnde histórias criam vida. Descubra agora