A batida na porta era suave, quase imperceptível, mas suficiente para fazer meu coração disparar. Sentada na beirada da cama, eu estava tentando terminar minha lição de casa, mas as palavras no livro de matemática eram apenas um borrão. O som dos passos pesados no corredor se aproximando fez minha respiração ficar presa na garganta.— Amélie, posso entrar? — A voz do meu pai era baixa, mas carregada de uma firmeza que me fazia estremecer.
— Sim, papai — Respondi, tentando manter a voz firme, mas falhando miseravelmente.
Ele entrou no quarto, a luz do corredor projetando sua sombra longa e ameaçadora na parede. Eu queria fugir, me esconder, mas sabia que não havia para onde ir. A casa era um labirinto sem saída, cada canto guardando lembranças que eu preferia esquecer.
Ele se aproximou lentamente, seu olhar fixo em mim. A cada passo, meu corpo ficava mais rígido, minhas mãos suando frio. Quando ele estava perto o suficiente, senti o cheiro familiar de álcool em seu hálito. Tentando evitar seu olhar, foquei no chão, contando os nós na madeira para me distrair.
— Venha aqui, querida — Ele disse, sua voz agora doce, mas carregada de intenções que me faziam encolher por dentro.
Levantei-me com dificuldade, cada movimento uma batalha contra o pânico que ameaçava me consumir. Quando fiquei de pé diante dele, ele estendeu a mão e acariciou meu rosto. O toque era leve, mas me fez arrepiar.
— Você sabe que eu te amo, não sabe? — Ele sussurrou, aproximando-se mais.
Assenti lentamente, lágrimas quentes escorrendo pelo meu rosto. Queria gritar, correr, mas sabia que não adiantaria. Ele tinha esse poder sobre mim, um poder que me deixava paralisada.
— Boa menina — Ele murmurou, puxando-me para um abraço apertado. Sua mão desceu lentamente pelas minhas costas, parando na base da minha coluna. Fechei os olhos, tentando me desconectar da realidade, mas a sensação do toque dele era inescapável.
— Não tenha medo, minha pequena — Ele disse, enquanto suas mãos se moviam para a frente, deslizando sob a minha camisa. O pânico me consumia, mas meu corpo estava congelado, incapaz de reagir. Seus dedos frios tocaram minha pele, subindo lentamente pelo meu estômago. Engoli em seco, o gosto amargo de bile subindo na minha garganta.
A mão dele continuou seu percurso, explorando territórios que não deveriam ser tocados. Eu queria desaparecer, ser engolida pela terra e nunca mais sentir aquele toque. Ele então moveu as mãos para baixo, desabotoando minha calça. Eu estava completamente paralisada, apenas o som das minhas lágrimas silenciosas preenchendo o quarto. Seus movimentos eram calculados e predatórios, cada toque uma violação.
Quando ele me forçou a deitar na cama, eu sabia o que viria a seguir, mas meu corpo não obedecia aos meus comandos de fugir. Ele se posicionou sobre mim, a pressão do seu corpo esmagando minha vontade. Senti a dor aguda quando ele me invadiu, e a sensação de ser quebrada por dentro. Não havia escapatória, apenas o silêncio da minha mente tentando se desligar da realidade brutal.
Depois de um tempo que pareceu uma eternidade, ele finalmente se afastou, deixando-me sozinha no quarto. Eu me encolhi abraçando meus joelhos, soluçando silenciosamente, a mamãe odiava quando eu chorava após este tipo de acontecimento. A dor e a vergonha eram esmagadoras, mas havia uma chama de determinação que se acendeu dentro de mim. Eu prometi a mim mesma que um dia isso acabaria. Um dia, eu encontraria uma maneira de me libertar.
Naquela noite, enquanto a casa mergulhava no silêncio, eu fiquei acordada, planejando minha fuga. A esperança era tudo o que eu tinha, e me agarrei a ela com todas as minhas forças.
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Secrets in Ashes
FanficDark Romance | Desde pequena, Amélie Von Volkmann conheceu apenas o lado mais sombrio da vida, suportando a crueldade impiedosa de seus pais. Aos 15 anos, em uma noite de domingo, ela tomou uma decisão drástica e incendiou a própria casa, encerrando...