05 - The night demon

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O jantar havia se prolongado mais do que o planejado. Liz e Viktor flertavam descaradamente, trocando olhares e risadinhas enquanto a noite avançava. Dominik e eu mantínhamos distância, a tensão entre nós era palpável, quase sufocante. Quando finalmente a noite chegou ao fim, Liz insistiu que os meninos ficassem.

— Vocês estão bêbados demais para ir embora! — Ela decretou, os olhos semicerrados de tanto vinho. — Dominik, sofá pra você ou quarto da Amélie. Viktor, quarto de hóspedes comigo!

Lancei um olhar afiado para Dominik, que respondeu com um sorriso sarcástico.

— Não se preocupe, Amy — Falou enfatizando meu apelido — Não estou com pressa de dividir uma cama com você. — Ele disse, jogando-se no sofá com um suspiro exagerado.

O apartamento ficou em silêncio, e eu me recolhi ao meu quarto, mas o sono não veio fácil. A presença de Dominik, mesmo na sala, perturbava minha paz. Finalmente, o cansaço me venceu, mas os pesadelos vieram logo em seguida.

Estava de volta àquela noite horrível. As chamas dançavam ao meu redor, devorando a casa. O calor era sufocante, o cheiro de queimado penetrante. Eu ouvia os gritos da minha mãe e do meu pai, presos nas chamas. Suas faces contorcidas de dor me assombravam, e eu estava paralisada, incapaz de salvá-los, as coisas que eles fizeram comigo, durante metade da minha vida, me impediu de salvá-los

Acordei gritando, sentindo o suor frio escorrer pelo meu rosto.

Dominik apareceu na porta, os olhos arregalados.

— O que diabos está acontecendo aqui? — Ele entrou no quarto, olhando ao redor como se procurasse uma ameaça.

Eu tremia incontrolavelmente, tentando afastar as imagens horríveis da minha mente.

— Apenas um pesadelo. — Murmurei, abraçando meus joelhos.

Dominik arqueou uma sobrancelha.

— Um pesadelo? — Ele repetiu, sua voz cheia de ceticismo. — Parece mais que você estava sendo torturada.

— Você não entenderia. — Respondi, minha voz trêmula.

Ele se aproximou, sentando-se na beirada da cama. A proximidade dele era desconcertante, mas também trazia um estranho consolo.

— Então me faça entender. — Ele disse, a voz baixa.

— Eu não quero falar sobre isso. — Disse, virando o rosto.

Dominik suspirou, passando a mão pelos cabelos.

— Ok, não vou forçar. — Ele disse, sua voz perdendo um pouco do sarcasmo. — Mas estou aqui se precisar.

Olhei para ele, surpresa.

— Você ainda está bravo comigo por aquela noite e por hoje mais cedo? — Perguntei, quase num sussurro.

— Um pouco. — Ele admitiu. — A verdade é que nós dois fomos filhos da puta

Antes que eu pudesse responder, ele se levantou, puxando a coberta sobre mim.

— Tente dormir, Amelie. Vou estar aqui na sala se precisar. — Ele disse, dirigindo-se para a porta.

— Obrigada, Dominik. — Murmurei, surpresa com a gentileza dele.

Ele parou na porta, virando-se para olhar para mim.

— Só não continue gritando. — Ele disse com um meio sorriso. — Preciso do meu sono de beleza.

Enquanto ele saía, senti uma onda de gratidão e algo mais, algo que eu não queria admitir. Dominik, com todo o sarcasmo e ironia, havia mostrado um lado inesperado, um lado que me fez sentir um pouco menos sozinha.

Secrets in AshesOnde histórias criam vida. Descubra agora