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O sol ainda não havia nascido quando um grupo de hóspedes interessados em pescar trutas tomou um rápido café da manhã no terraço dos fundos e saiu usando roupas de tweed , sarja e linho. Criados sonolentos os seguiram até o rio carregando varas, cestos e estojos de madeira contendo iscas e ferramentas. Os homens ficariam fora durante boa parte da manhã enquanto as mulheres dormiam.

Todas elas, exceto Jimin, que adorava pescar, mas sabia que não seria bem-vinda no grupo masculino. Embora Lillian e ela com frequência saíssem sozinhas para pescar, sua irmã certamente não estava em condições de fazer isso agora.

Jimin havia feito o possível para que Evie ou Annabelle a acompanhassem até o lago artificial que Westcliff mantinha cheio de trutas, mas nenhuma delas parecera entusiasmada com a ideia.

– Vocês vão se divertir muito – dissera Jimin. – Vou lhes ensinar a arremessar o anzol. Não digam que preferem ficar dentro de casa em uma bela manhã de primavera!

Mas Annabelle preferia. E como St. Vincent, o marido de Evie, decidira não ir pescar, Evie escolhera ficar na cama com ele.

– Você se divertiria muito mais pescando comigo – dissera Jimin.

– Não – respondera Evie, decidida –, não me divertiria.

Aborrecida e sentindo-se um pouco só, Jimin tomara café da manhã sozinha e partira para o lago, levando sua vara de madeira favorita com ponteira de osso de baleia e carretilha.

Era uma manhã gloriosa e revigorante. As sálvias que haviam sobrevivido ao inverno floresciam em espigas azuis e roxas ao longo das sebes de abrunheiro. Jimin atravessou um gramado verde na direção da área coberta de ranúnculos, milefólios e pétalas rosadas de flores-de-cuco.

Ao rodear uma amoreira, viu uma agitação na beira da água… dois meninos, com algo entre eles, algum tipo de animal ou ave… um ganso? A criatura protestava com grasnidos furiosos, batendo violentamente as asas enquanto os meninos riam.

– Ei – gritou Jimin. – O que estão fazendo?

Os meninos olharam para a intrusa, gritaram e desataram a correr para longe do lago.

Jimin apressou o passo e se aproximou do animal indignado. Era um enorme ganso-bravo, uma raça conhecida por sua plumagem cinza, o pescoço musculoso e o bico afiado cor de laranja.

– Pobrezinho – disse ao notar que a ave estava com a perna amarrada. Ao se aproximar, o ganso hostil se precipitou para a frente, a fim de atacá-la, mas foi abruptamente contido por algo que prendia sua perna. Jimin parou e pousou sua vara de pesca. – Vou tentar ajudá-lo, mas esse tipo de atitude é um pouco perturbadora. Se conseguir controlar seu mau humor… – Aproximando-se lentamente do ganso, Jimin descobriu a fonte do problema. – Ah, querido. Aqueles pequenos malandros… estavam fazendo-o pescar para eles, não é?

O ganso grasnou em aquiescência. Uma linha de pesca havia sido amarrada ao redor da perna da ave, levando a uma pequena colher com um furo, onde fora preso um anzol. Se não estivesse com tanta dó do ganso maltratado, Jimin teria rido. Aquilo era engenhoso. Quando o ganso era atirado na água e tinha de nadar de volta, a colher brilhava como um peixe. Se uma truta fosse atraída pela isca, ficaria presa no anzol e o ganso a puxaria. Mas o anzol havia se enganchado na sarça, aprisionando a ave.

Jimin se aproximou da sarça mantendo a voz baixa e os movimentos lentos.

– Bom garoto – disse Jimin em tom tranquilizador, pegando a linha com cuidado. – Meu Deus, como você é grande! Se tiver um pouco mais de paciência vou… Ai!

De repente o ganso se precipitou para a frente e bicou seu braço. Jimin recuou e olhou para o pequeno ferimento em sua pele, que começava a ficar arroxeada.

Escândalos na Primavera Onde histórias criam vida. Descubra agora