As nuvens estavam especialmente escuras hoje, mais densas e pesadas do que o habitual. O céu, quase opressor, parecia se curvar sobre a cidade. Eu poderia jurar que estava prestes a chover, mas Nova York não vê uma gota de água cair há quase dois anos. Desde aquele último espetáculo inesquecível, o céu permaneceu seco, como se tivesse sido selado por um mistério que ninguém ousava questionar profundamente.
O evento em questão, tão memorável quanto desastroso, foi orquestrado por um cientista cuja ambição ultrapassou os limites da razão. Ele acreditava ser capaz de controlar os céus, de manipular a própria ordem natural. Seu plano? Criar um eclipse artificial que seria falado por gerações. E, de fato, foi. Mas não pelos motivos que ele esperava.Naquela noite, algo deu errado. As máquinas, ou talvez o próprio universo, se revoltaram contra sua arrogância. O eclipse aconteceu, mas suas consequências foram muito mais catastróficas do que qualquer um poderia imaginar. As chuvas pararam. O ciclo da água foi interrompido, e o clima de Nova York se tornou uma lembrança distante de um passado que ninguém consegue trazer de volta.
Agora, a cidade está morrendo aos poucos. O "calor" se acumula nas ruas como uma febre constante, enquanto as pessoas olham para o céu, esperando algo que nunca chega. As plantas murcham, as fontes secaram, e os poucos reservatórios de água que restam são controlados como o bem mais precioso da humanidade.
Tudo por causa de um homem que decidiu brincar de Deus, sem considerar as consequências de suas ações.
Eu deveria me importar, certo? Quero dizer, a cidade está se "acabando" aos poucos, e a água, algo tão essencial, simplesmente desapareceu. As pessoas se desesperam, tentam sobreviver em um lugar que parece mais uma sombra do que já foi. Mas, sinceramente? Eu não estou nem aí.
É difícil me preocupar com o fim da cidade quando, no fundo, estou lidando com algo muito maior, algo que realmente me consome. O caos lá fora parece um eco distante comparado ao tumulto que carrego dentro de mim. A verdade é que meus próprios problemas são uma tempestade muito mais intensa do que qualquer catástrofe que a falta de água possa causar.
A cidade pode desmoronar. Que diferença faz quando há algo me destruindo por dentro com muito mais rapidez?
Posso até estar sendo uma baita narcisista agora, mas honestamente, pouco me importo. Pelo menos não nesse momento. Com tudo desmoronando ao meu redor, é fácil pensar que eu deveria me preocupar mais com o que está acontecendo lá fora, mas minha cabeça está presa em outra dimensão, focada nos meus próprios dilemas.
Se isso faz de mim egoísta, que seja. Não dá para salvar o mundo quando mal consigo manter minha própria sanidade intacta. Talvez, em outro momento, eu me importe. Mas agora? Eu estou pouco me fudendo.
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Among The Shadows: (Os Profanos) Livro 01
Science Fiction⚠️ESSA OBRA E UM DARK ROMANCE! ⚠️ Rowena sempre sentiu que algo estava profundamente errado, uma sensação que se intensificava com as dores repentinas e memórias fragmentadas que a atormentavam. Ela tenta ignorar o que não pode entender, até que Lor...