Segredos

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"...Quem tem amor na vida, tem sorte.

Quem na fraqueza sabe ser bem mais forte.

Ninguém sabe dizer onde a felicidade está...

O amor é feito de paixões e quando perde a razão,

Não sabe quem vai machucar.

Quem ama nunca sente medo de contar o seu segredo.

Sinônimo de amor é amar."


Existe uma pesquisa que diz que 11 segundos antes de termos consciência de nossas decisões o cérebro já decidiu.

Acho que isso pode explicar todas as decisões malucas que venho tomando desde que recebi o convite de casamento da minha irmã...

Sabemos que é o cérebro quem comanda todo o corpo, mas, e o coração, quem comanda? Porque a sensação que tenho é que em toda a minha vida sempre foi mais fácil e menos nocivo agir com a cabeça do que deixar me levar pelas coisas do coração. Porém, estou aqui no meu quarto de adolescente, na casa dos meus pais, dividindo a cama com um completo desconhecido que eu paguei para fingir um relacionamento. 

O mais hilário de toda essa história é que eu sinto como se o conhecesse de toda uma vida, ou até mesmo de todas as vidas que eu já pude viver.

Ele me é familiar em cada toque, em cada olhar, cada sorriso trocado, cada beijo fake que demos até aqui. Parece que meu corpo o reconheceu de imediato, como uma memória muscular de vidas passadas. Como isso pode ser possível? Quanto tempo o coração leva pra saber que esse ser que está diante de você é aquela pessoa?

- Nero, você está dormindo? - Ergui a cabeça para olhar por cima da barreira de travesseiros que eu havia construído para poder dormir na mesma cama que ele.


- Hum! estava quase, mas agora não estou mais, o que você quer? - Alexandre se ergueu pelos cotovelos me olhando na penumbra.


- Você deve estar me achando patética né? - ouvi um suspiro saindo em forma de sorriso. - Você consegue entender que eu não quero continuar presa a um homem que me enrolou durante anos e depois me abandonou e... destruiu meu coração? - Estava a um passo de começar a desaguar todo choro que estava preso em minha garganta por essa situação ridícula que eu havia me colocado. Minha voz começou a embargar, sentia como se uma mão estivesse apertando o meu peito e me sufocando.


- Gio... - Alexandre esticou o braço por sobre os travesseiros e segurou minha mão fazendo um carinho singelo com o polegar. - Não acho que você seja patética, você é o exato oposto disso, mas se eu puder ser sincero com você... e isso tenho tentado ser desde que te vi naquele aeroporto... essa questão com seu ex tá muito mal resolvida, e um exemplo disso sou eu aqui na sua cama, na festa de casamento da sua irmã... não me leve a mal, não estou reclamando, estou muito feliz em participar disso com você, e nem estou falando dos reais a mais na minha conta bancária... Qualquer homem minimamente inteligente se sentiria honrado de ter uma mulher como você para acompanhar a qualquer lugar ou evento desse mundo, até o fim da existência dele.

- Contudo, você quer continuar presa a essa história, porque aparentemente, decidiu que não tem mais o direito de ser feliz.


Duas Metades (GN)Onde histórias criam vida. Descubra agora