Capítulo 01

240 31 49
                                    

𝐇𝐀𝐒𝐇𝐈𝐑𝐀 𝐃𝐀 Á𝐆𝐔𝐀
―୨୧⋆ ˚

Já fazia algumas semanas que o Hashira da Água havia sido enviado para um vilarejo ao norte, a fim de lidar com os desaparecimentos em série que estavam acontecendo por lá. Tudo apontava para o envolvimento de um oni e ele deveria investigar e reportar cada nova informação através de seu kasugai karasu – ainda que soubesse que o corvo, com dificuldades para entender e transmitir mensagens graças a idade avançada, mais atrapalharia do que qualquer outra coisa.

Embora mais forte do que qualquer outro membro comum do Kisatsutai, Tomioka preferia evitar as situações em que precisasse brandir sua própria espada, por isso se pegou muitas vezes torcendo para que os supostos sequestros fossem obras de mãos humanas. Infelizmente, suas preces não foram atendidas e ele teve de travar uma batalha acirrada contra um oni que conseguia assumir o controle de coisas ao seu redor. Em algum momento, o demônio assumiu o corpo dos próprios reféns que guardava para devorar mais tarde e estendeu o fim da luta até o sol estar perto de nascer. Seu desespero o levou a cometer muitos erros e, por fim, acabou sendo decapitado.

Os moradores inquietos da vila o agradeceram aos prantos, juntamente das vítimas mantidas em cativeiro. A paz retomou o lugar e a fadiga montou no pilar, ainda assim, tudo que queria era retomar pra casa rápido e descansar. Andou todo caminho e, quando estava próximo, seu corpo parou de o obedecer e foi de encontro ao chão.

―୨୧⋆ ˚

Ao abrir os olhos, teve um pouco de dificuldade de se adaptar a luz que o atingiu em cheio, também pode perceber que não estava em casa, muito menos no chão onde havia desmaiado. Se sentou, incomodado com os tubos conectados ao seu braço. Os arrancou de um só vez, sem delicadeza alguma. Não precisava daquilo, precisava ir para casa tomar um banho.

Se levantou de onde repousava e observou mais atentamente a sala. Haviam três camas colocadas paralelamente, ao lado de cada uma tinha uma pequena mesa de cabeceira, e acima de cada uma havia uma grande janela. Tomioka estava na primeira cama do lado da porta e sua janela estava aberta; uma brisa fez a cortina fina e clara que a tampava balançar levemente e um pequeno pedaço de papel rasgado voou para o chão. Contornando a cama, o rapaz se abaixou para pegá-lo e leu "Tomar assim que acordar" escrito em uma caligrafia redonda e pomposa.

Provavelmente se referia ao comprimido marrom e circular de sabe-se lá o que sobre a mesa, acompanhado de um copo de vidro com uma quantidade generosa de água. Giyu assumiu que era para ele, mas não o tomaria pois não precisava de remédio algum além de sua casa. Pelo menos, agora sabia que estava na Mansão das Borboletas, onde são tratados todos os caçadores feridos.

Mas Tomioka não estava ferido, então iria embora.

Colocou o papel de volta na madeira e, quando estava prestes a sair, ouviu alguns passos vindos do outro lado, se aproximando cada vez mais. Uma figura mais baixa apareceu, empurrando a porta sem delicadeza alguma. Se ainda estivesse dormindo, certamente teria acordado com o barulho alto.

— Finalmente! — a garota exclamou.

Ela era baixa e parecia ser frágil o bastante para se partir ao meio com um abraço um pouco mais apertado que o comum. Embora seu cabelo estivesse preso em um coque atrás da cabeça, deixando duas mechas na frente, Giyu pode constatar pelo pouco volume que era curto e que o tom arroxeado que se mesclava ao preto era somente nas pontas. Seus olhos violetas eram grandes e seus lábios avermelhados eram finos como uma linha sinuosa, proporcinal ao restante de sua fisionomia. Certamente, ela não estava feliz em vê-lo, mas seria impossível dizer por quais motivos ela aparentava estar brava.

Depois de Você | GiyushinoOnde histórias criam vida. Descubra agora