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Zorel ignorava por completo a programação que passava em sua televisão, estava mais focada em finalizar a leitura do livro que tinha comprado alguns dias atrás, deixando Alex surpresa por sua total entrega a aprender e entender mais sobre a luta das pessoas trans. Um livro que falava através de uma linguagem acessível e didática, trazendo ao público explicações necessárias sobre os conceitos de gênero, transgeneridade, mulheridade, feminilidade e feminismo.

Mostrando a necessidade de que as pessoas estejam abertas as diversidades existentes, que não se enquadram na organização binária e cisgênera do mundo. O primeiro passo nesse sentido era conhecer as experiências de quem faz parte desses grupos e o livro escrito por uma travesti negra, era a inspiração para outras mulheres transexuais e travestis.

Apresentando vivências, trazendo conceituações históricas e situando o transfeminismo dentro dos feminismos já existentes.

Kara reclamou ao ouvir a campainha tocar tirando totalmente sua concentração, um tanto frustrada deixou o livro sobre sua mesinha de centro e foi verificar quem era aquela hora da noite. A loira surpreendeu-se ao encontrar Lena com um fraco sorriso nos lábios, a mais nova tinha os olhos levemente avermelhados e uma postura caída, totalmente diferente do que a mulher estava acostumada a ver.

— Pequena Luthor? — Zorel verificou o seu relógio de parede. — Está tarde, o que faz aqui a essa hoje?

— Desculpe, eu não queria importunar você a essa hora... Mas eu não sabia para onde ir e eu não queria ir até o Lex, ele... Ele... — A preocupação da loira aumentou ao ver os lábios trêmulos da mais nova, não esperava ter Lena desmoronando em sua porta.

— Ei, fica calma... — A abraçou com cuidado, Kara deixou um beijo na cabeça da menina. — Vem, vamos entrar. Vou preparar um chá enquanto você toma um banho e veste algo confortável.

— Me desculpa...

— Não tem que se desculpar, pequena.

Em silêncio Kara guiou a menina em direção ao seu quarto ignorando os constantes pedidos de desculpas de Lena, aquela era a primeira vez que a via tão abalada e não estava gostando a horrível sensação de estar impotente diante do sofrimento de Lena. Com paciência procurou uma roupa confortável para Lena passar a noite em sua casa, entregou os itens para menina e indicou onde estava os outros itens que ela precisaria.

Danvers deixou o quarto avisando que estaria preparando um chá, ainda confusa sobre o estado da caçula dos Luthor’s, a loira colocou a chaleira sobre o fogão e tentou afastar a imagem de Lena chorando. Levou algum tempo até ver a imagem da mais nova entrando em sua cozinha, em silêncio terminou de montar os sanduíches e os colocou sobre a bandeja.

— Venha, pequena.

Lena seguiu a mulher em completo silêncio até estarem acomodadas no tapete felpudo em frente ao sofá, em voz baixa agradeceu ao receber a caneca de chá e tomou um pequeno gole do líquido quente, identificando rapidamente o sabor de camomila e maracujá.

— Está do seu agrado? Posso preparar um novo chá ou uma bela caneca de café.

— Está ótimo, obrigada. Me desculpa mais uma vez por aparecer assim e por não avisar, eu não estava pensando direito e talvez...

— Está tudo bem. Você pode aparecer aqui a qualquer momento, querida. Você nunca me atrapalha ou me incomoda, é sempre um prazer estar em sua presença.

— Gentil da sua parte... — Murmurou observando o livro. — Está lendo isso?

— Sim, você já leu? — Lena afirmou.

Afterglow - Karlena / Supercorp Onde histórias criam vida. Descubra agora