ℭ𝔞𝔭𝔦́𝔱𝔲𝔩𝔬 5

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Holmby Hills | Los Angeles| California

Por James:

No fatídico dia, a estridente voz de Demi ecoou em meus ouvidos, fazendo meu coração acelerar involuntariamente. O suor frio inundou meu corpo enquanto a imagem de seu rosto magoado se fixava na minha mente. A escuridão opressiva do meu quarto alimentava minha culpa e remorso, trazendo à tona um passado assombroso. O silêncio perturbador amplificava meu tormento interior, enquanto pesadelos invadiam minha mente, relembrando cada momento em que suas lágrimas pareciam tão reais. Era como se o passado não tivesse se dissipado e eu estivesse sendo testado pela intensidade das minhas palavras, carregando o peso das minhas ações. Minhas inseguranças me fizeram refletir sobre o quão injusto e errado me tornei. Sentia vergonha... vergonha até mesmo de pronunciar meu próprio nome ou encarar a verdade sobre quem eu realmente sou. Talvez Demi estivesse certa. Talvez minha atitude egocêntrica tenha me transformado em um ser inconsequente, atropelando todos ao meu redor em busca de consumir meu próprio ego.

Não importava o que ocorresse, nada era capaz de alterar os acontecimentos passados. Demi e eu nutríamos um ódio tão profundo que se assemelhava a dois elementos distintos prestes a colidir e explodir.

Uma tempestade rugia ao meu redor como uma ave a me envolver, testemunhando o pior de mim. Relâmpagos entorpeciam o céu, ecoando o som da consciência pesada a ressoar alto. Meus olhos marcados por olheiras revelavam a agitação da alma que não me permitiu paz durante a noite. A chuva torrencial caía impiedosamente, camuflando os passos solitários do coração, sendo que cada gota representava um desejo... um desejo que se transformava em ódio, por mais que eu me esforçasse ao máximo para não permitir, estava presente e me acompanhava por onde quer que eu fosse. Atormentava-me, roubando tudo que restou daquela noite.

Sento-me na cama com uma postura abatida, como se não possuísse energia para me erguer. Deslizo minhas mãos sobre o rosto em busca de algo que pudesse despertar um sorriso, mesmo que a realidade esteja me esmagando, inundando os meus olhos de lágrimas em abundância. Encolho os ombros, tentando aparentar força e frieza diante das bobagens que me permiti cometer.

"Quem sabe!... Talvez ela possa conceder-me o perdão... e toda esta situação não passe de um simples mal entendido."

"O que diabos estás a dizer, James?... Acreditas mesmo que, depois do que fizeste, a Demi irá reconsiderar? "

"Não consigo acreditar nisso... Estou a parecer um cãozinho de quatro patas a implorar pelo perdão dessa pessoa insignificante?... É isso mesmo, James?... Você não precisa dela, muito menos da compaixão dela."

"Não... Não devemos permitir que essa situação mal entendida crie uma barreira entre nós. Ela precisa saber a verdade hoje."

"E se ela passar a me odiar ainda mais? Bem... é um risco que preciso correr. Além disso, essa garota está cada vez mais insuportável. Como ela pôde tocar meu belo rosto naquela noite e dizer que não significava nada?"

"Demi... sua maldita, se não fosse por você, eu não teria feito o que fiz..."

_ Eu gritava comigo mesmo, expressando a raiva que sentia ao olhar meu reflexo preso no vidro da janela.

"Essa tempestade é comparável ao enorme ódio que sinto capaz de estrangular aquela serpente de língua comprida."

_ Aperto os punhos junto à coxa da calça jeans inconformado com os fatos. Encaro meu eu pela existência de Demi. Subitamente, uma voz sombria e arrepiante emerge dos trovões, interrompendo o rugido da tempestade. Não tenho certeza se é real ou fruto da minha imaginação. Ou talvez seja Demi me irritando novamente, quem sabe escondida atrás das cortinas, zombando de mim mais uma vez.

𝔖𝔢𝔫𝔱𝔦𝔪𝔢𝔫𝔱𝔬 ℜ𝔢𝔳𝔢𝔯𝔱𝔦𝔡𝔬   •𝔓𝔬𝔯𝔱𝔲𝔤𝔲𝔢̂𝔰Onde histórias criam vida. Descubra agora