Desencontros

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R: Não precisa mais esperar, Bi – devolveu-lhe outro selinho – eu tô aqui agora e eu não vou a lugar nenhum. 

Depois da declaração da mineira, Bianca sentiu seus olhos lacrimejar com lágrimas que insistiam em descer naquele dia, sendo amparada por Rafa, que começou a pensar na importância daquela declaração para a mais nova. Permaneceram abraçadas na cama, com as testas coladas e com a influencer fazendo um carinho no cabelo da carioca.

R: Pode dormir, Bi – disse depois de ver o quanto a mulher estava lutando contra o sono – eu prometo que vou estar aqui quando tu acordar

B: Promete que não vai fugir? – estava insegura

R: Eu prometo que não vou fugir e que nada vai mudar – tranquilizou – talvez algumas coisas mudem, mas não da forma que cê tá pensando – sorriu para outra, que enfim se aconchegou mais em Rafa e deixou o sono vir.

Naquele momento, Rafaella sentiu medo. Medo dos sentimentos desconhecidos. Medo da saúde de Bianca piorar ainda mais naqueles termos. Pensou em Cris e como a criança amava sua mãe e não deveria ter que passar por nada disso. Conteve um suspiro e apertou a menor nos seus braços, pensando que faria de tudo para que ela se sentisse segura.

Depois de alguns minutos naquela posição, depois do dia emocionante e do jantar que ambas compartilharam, Bianca adormeceu, agarrada a Rafaella. Entretanto, a mineira permaneceu acordada, ansiosa com tantos sentimentos. Sentiu seu telefone vibrar e viu que era sua mãe, a fazendo se desvencilhar da mulher e sair do quarto para atender.

G: Oi, minha filha - sentiu a voz da mãe contida - cê não deu mais notícias, precisei ligar para ocê né Rafinha - pesou o tom, enquanto Rafaella se sentava no sofá da sala e suspirava para responder a mãe

R: Desculpa, mãe. Muita coisa tem acontecido por aqui e eu ando numa frequencia alucinada com a Bianca, o Cris e o trabalho - justificou nervosamente - mas eu juro que pensei em ligar para senhora para saber como cês tão.

G: Ai, filha - suspirou e Rafaella soube que viria um esporro - eu te vejo tão envolvida com essa moça. Parece até que cê virou mãe e esposa em um mês e tem uma vida paralela agora - jogou verde. A mãe conhecia a filha o suficiente para saber que Rafaella não permaneceria em outro país por outra pessoa se não tivesse uma boa razão para isso.

R: Eu num sei do que cê tá falando - saiu pela tangente - eu já disse que eu e Bianca somos amigas agora e que ela precisa de apoio com o Cris. Quando eu puder eu vou visitar vocês de novo.

G: Visitar, filha? - estava incrédula - cê tem que dar um jeito de voltar para o Brasil logo, sua vida toda tá te esperando aqui -lembrou o fato que a mineira já sabia

R: Eu sei, mãe...mas por enquanto minha vida tá aqui - não mediu a intensidade das palavras, percebendo o silêncio da mãe do outro lado da ligação - eu só quero dizer que eu preciso continuar aqui por mais tempo – tentou remediar

G: Entendi, filhinha, eu já entendi - cortou o assunto que não estava pronta para ouvir - agora quero que cê me conte tudo que tem feito por aí. Vamos mudar para chamada de vídeo, quero ver sua carinha - pediu atenciosa, sabendo que não deveria pressionar mais.

Mudaram para chamada de vídeo e engataram o assunto, falando sobre a família da mineira, a saudade que Sofia sentia de si, os acontecimentos no mundo dos famosos e claro que o assunto preferido de Rafaella nos últimos tempos também não ficou de fora: contou tudo sobre Cris. Como eles tinham uma conexão, as coisas que fazia com o pequeno, o jeito fofo que ele falava as palavrinhas, seus gostos, brincadeiras, tudo. Do outro lado da linha, Genilda sentia seu coração se aquecer pela criança que ainda nem conhecia. De alguma forma, a Kallimann mais velha sabia que Cris estaria na vida da filha por muito mais tempo do que tinha imaginado.

Voltas do Universo ( Rabia)Onde histórias criam vida. Descubra agora