Temporal

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14 de Janeiro de 2024 – Nova York

Quando chegou ao hospital, Bianca estava extremamente aflita com a situação. A discussão com o ex-marido, a culpa por ter dormido com Cris no colo, o choro estridente do filho e, por fim, mais uma vez a sensação de dívida que tinha com Rafaella desde que elas se cruzaram por ali.

Quando passou pela triagem, foi rapidamente atendida e o filho passou direto no médico, devido ao galo já roxo que estava na cabecinha do bebê. Nunca se perdoaria por isso.

R: Vou aguardar vocês aqui, Bi, vai dar tudo certo – tentou passar confiança para a carioca

B: Você não vai querer entrar comigo? – estava insegura

R: Cê quer que eu entre com vocês? – perguntou passando a mão pelas costinhas de Cris, que estava agarrado a mãe.

B: Se você quiser me acompanhar, eu vou gostar muito, Rafa – sorriu timidamente

R: Então eu vou com ocês – puxou no sotaque, sabendo que faria a menor sorrir um pouco.

Enquanto caminhavam para a sala do médico, Rafa apoiou a mão nas costas de Bianca, que carregava o filho, e logo estavam dentro do consultório. O Médico se chamava Anthony, e era um homem jovem e atencioso que por coincidência era brasileiro também.

A: O que aconteceu com esse rapazinho? – perguntou atencioso

B: Ele tomou um tombão daqueles, doutor. Bateu a cabeça e tudo. Olha como tá roxo – falou energizada

A: Vou examinar os reflexos oculares dele e encaminhar para tomografia, mas pelo que eu vejo, foi só um tombo mesmo – respondeu sorrindo – Oi carinha, como você tá? Tá doendo aí?

Cris apenas balançou a cabeça negativamente, encabulado com a nova presença. O que fez a mineira pensar como o menino havia simpatizado com ela logo de cara. O médico se apressou em aferir os sinais vitais da criança e reforçar o exame dos reflexos.

A: Pelo que eu vejo, foi apenas o susto. Os reflexos estão perfeitos, mas vamos fazer uma tomografia e deixar ele em observação apenas por garantia. – sorriu tentando tranquilizar a mulher mais nova

R: Tem certeza, doutor? Não tem nada de errado com o godugo? – nem reparou que usou o apelido que os pais usavam para o menino (e provavelmente metade do Brasil também)

A: Pode ficar tranquila, mãezinha, esse meninão é forte

B: Ela não...quando vai ser o exame? – desistiu de corrigir e continuou perguntando sobre o caso

A: Agora mesmo eu já encaminho esse lindão aqui pro exame. Vou deixar vocês em um leito para ficarem mais a vontade com o pequeno, hospital pode ser estressante para eles – seguiu atencioso, dando procedência ao tratamento.

Rafaella não conseguia parar de pensar que Bianca não corrigiu o médico quando ele insinuou que ela também seria mãe do pequeno, se sentindo estranhamente satisfeita com isso. Talvez elas pudessem se dar bem, afinal.

Enquanto aguardavam ser chamadas para o exame, o pai da criança chegou, extremamente frio e calado, se aproximando da cama para checar o filho e ignorando a presença de ambas.

F: Oi neneco – sorriu enquanto fazia carinho na cabeça do filho, atencioso como o bom pai que era – como você tá garotão?

C: Oi papai – falou sonolento e acanhado, estava cansadinho – tô bem, papai

F: Que bom, meu amor – continuou calmo – o papai vai ficar aqui com você até essa dorzinha chata melhorar, tá bom? – aproveitou para deitar na cama ao lado do filho, enquanto colocava algum jogo de futebol para o pequeno assistir em seu celular.

Voltas do Universo ( Rabia)Onde histórias criam vida. Descubra agora