Caminhos - 1 temporada.

Capitulo 1 - O comeco de tudo

Aviso: 

Essa obra contém cenas de violência, uso de drogas e pode gerar gatilhos. 
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PLÁGIO É CRIME

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É tarde da noite e estou com meu celular na mão, tentando me lembrar como tudo começou. Fecho os olhos. Sinto que pensar demais em tudo isso me dá náuseas, mexe comigo e não de uma forma tão boa. Pensar em tudo me faz refletir sobre certas coisas.
Coisas que eu gostaria de ter dito a mim mesma
Mas não disse.
Vamos lá:

2019 ~ Jade

Paula e eu paramos em frente ao bar na boate que estava começando a encher. Quando olho pro lado me deparo com ele, poucos metros de distância com um amigo, também pedindo algo. Ele me olha. Nossos olhares se cruzam. Desvio, finjo que não o vi.
Faz exatamente um mês desde o dia do meu aniversário quando ficamos pela última vez e brigamos. Respiro fundo, Paula e eu saímos dali.
Vamos para uma área mais arejada da boate, onde as paredes são de vidro e as janelas estão abertas, a porta é grande e arredondada e dá saída para o jardim.
Sinto de repente uma mão tocar meu ombro e a voz dele surge em meu ouvido:
- Podemos conversar?
Olho para ele. Penso. Digo que sim. Paula me olha com reprovação.
- está tudo bem. - digo a ela, com olhar calmo.
Eu sabia o que estava fazendo.

O sigo até o lado de fora, onde nos sentamos no jardim debaixo da árvore grande que cobria as mesas e os bancos com sua sombra. A música era mais baixa ali. Estamos frente a frente:
- pode falar. - Digo.
- Eu queria te pedir desculpas, percebi que você ficou muito puta no dia do seu aniversário... eu só fui perceber quando você me xingou e me bloqueou, que você tava realmente chateada.
Silêncio.
Ele continuou:
- Eu gosto muito de você, a gente se conhece e fica junto há anos. Eu queria poder mandar no meu coração Jade, mas não posso. Eu queria gostar de você da mesma forma que você gosta de mim.

Quando ele diz essas palavras, minha garganta começa a se fechar em um bolo quente. Não consigo dizer nada e deixo ele continuar porque finalmente ele está me dando o que eu sempre quis:

- eu poderia te pedir em namoro. Você tá morando em outra cidade. Você confiaria em mim para namorar a distância?
- Não.
- pois é, nem eu confiaria. E eu não quero fazer isso para acabar te tratando como as outras, e traindo você. Porque gosto de você. Gosto de ficar contigo, te acho muito massa, gente boa, bacana demais, você sabe disso. Não posso fazer isso com você. Não posso assumir algo sem de fato sentir por você o que você merece.

Olho no fundo dos olhos dele:
- Te agradeço por finalmente estar sendo sincero comigo, Felipe. A gente se conhece desde os meus 16 anos. Eu nunca escondi o que sinto por você, mas pra mim realmente não dá mais assim. E você tem razão. Eu não confiaria em você e nem você em mim. Eu te desculpo pelo que aconteceu, nossa última briga, pra mim já passou, de verdade. Mas eu tomei uma decisão e a partir de agora vamos ser realmente só amigos. Não tenho raiva. Tá tudo bem.

- Eu não sei nem o que te falar porque... eu fico triste com isso. Eu gosto muito de você.
- Mas não é suficiente.
Ele se aproxima um pouco:
- Vamos lá pra casa comigo hoje?
Eu rio:
- Não.
- Porque?
- Porque somos só amigos agora.
- Também éramos só amigos antes.
- Mas agora estou falando sério. Eu não vou mais sofrer por você.
Falo olhando nos olhos dele. Ele fica me encarando. Paula aparece na porta, me chamando.
- Tenho que ir.
Ele segura meu braço e se inclina para tentar me beijar, mas eu desvio.
- Tchau Felipe.

Vou até Paula.
- E aí? O que ele queria?
- Depois eu te conto. Vamos beber.

Bebemos, dançamos e depois fomos embora. Dentro do táxi, Paula cochilava. Eu estava sóbria, sentindo meu coração em pedaços. Conheço Felipe a cinco anos, e desde então sempre ficamos, até que me apaixonei e não fiz segredo nenhum para ele. Sempre deixei claro o que eu sentia, e o que eu esperava: que ele um dia, acordasse e percebesse o quão incrível eu sou e que me amasse também. Que me pedisse em namoro e que ficássemos juntos para sempre. Cassar e ter filhos. Mas isso nunca aconteceu. Ele sempre namorou com várias pessoas, mas nunca comigo. Eu estava sempre lá. Esperando a minha vez. Sendo amiga, sendo paciente. Eu sempre fui só mais uma. Mas eu ainda assim estava sempre lá.
Demorou muito pra eu me cansar, até que no meu aniversário de 21, ele foi me ver. Fazia tempo que não nos víamos porque me mudei de cidade. Ele chegou e ficou comigo, foi uma noite ótima, eu estava tão feliz.
Para no dia seguinte ele me contar que estava namorando.

Respiro agora, aliviada, por ter finalmente conseguido colocar um ponto final nessa história.
Mas mal sabia eu que aquele dia era o começo de tudo.