LAURA

9 1 0
                                    

/Laura narrando/

Minha cabeça não calava a boca. A mistura de vozes estava me deixando louca, eu precisava parar. Meu olhar encontrou com o de Nico, ele deu um sorriso e eu entendi o sinal. Era arriscado, afinal Any estava ali, e caso a autora tenha se esquecido de mencionar, Any é pm. Ela não me perdoaria.

Tudo bem, uma só. Pensei. Uma só. Sem ressaca no outro dia.
Vai ser uma só.

Ele entrou no banheiro e eu aguardei. Any conversava com Larissa, totalmente entretida. Era o momento perfeito. Enchi meu copo, e menos de dois minutos depois, Nico sai. Era minha vez. Entrei.

A fileira já me esperava em cima da pia, e o canudo também. Uma linda e fina fileira branca. Meu passaporte para silenciar todos os meus demônios. Puxei.

Imediatamente senti a vida invadir meu corpo. Nossa! como eu precisava daquilo! Me olhei no espelho para garantir que tudo estava limpo antes de sair, guardei a nota e pronto, agora era só aproveitar.

- Verdade ou desafio, quem vem?

Já estava escuro, e o tempo fechando. Um vento forte soprava e raios cortavam o céu. O som dos trovões ia aumentando gradativamente. Todos sentados em volta da mesa na varanda. Procurei Any com o olhar, a vi saindo com a mala do carro, toalha no ombro. Alguns já corriam para tomar banho. Logo, avistei ela. Jade, minha bela e doce Jade, saia de dentro do sítio, de banho tomado, os cabelos molhados emoldurando o lindo par de olhos verdes. Como essa garota tinha o poder de mexer tanto comigo?

A euforia já tomava conta do meu corpo, e a vontade de viver, mais ainda. Ela se juntou a nós. Se sentou bem de frente a mim, como se eu não soubesse que ela estava tentando me provocar, o  t e m p o  t o d o.

A garrafa rodou e rodou e rodou algumas vezes. Verdade ou desafio sem regras, exceto obscenidades sexuais. No quarto giro, Rafaela para Jade:

- Verdade ou desafio?

- Verdade!

- Então me diga, tem alguém nesse sítio que você pegaria hoje?

- Tem, mas quem eu quero não me quer.

Ela lançou, encarando fundo nos meus olhos.

Filha da puta, é claro que eu te quero, e quero muito, pensei.
Ela deve estar bêbada, só pode. De 10 em 10 minutos Nat aparecia com a garrafa de canelinha e despejava na boca da maioria, e ela era uma delas.

Outra e outra e outra rodadas, pessoas se pegando, até que, para mim, Tomás pergunta:

- Verdade ou desafio Laurete?

- Desafio, lógico.

- Te desafio a dar um beijo em alguém dessa mesa.

Me inclinei lentamente.
Ela estava bem a minha frente, e me olhava, ela me esperava. Sedenta.

Mas não foi ela que beijei. Eu queria brincar. Testar limites.

Encaixei minhas mãos pelos longos cabelos azuis de Nic, sentada ao seu lado. Senti sua língua invadir minha boca, fria e pontuda, revirando cada canto, buscando por algo, me consumindo.

Mordi seu lábio e soltei, me sentando novamente em meu lugar. Agora meu olhar ela dela, todo dela, de Jade.
Eu gostaria de poder ler seus pensamentos naquele momento, porque por incrível que pareça, ela não esboçou reação. Nenhuma reação. Apenas mantinha seu sorriso sínico nos lábios.
Seria uma ótima psicóloga.

Rodamos e rodamos, e mais verdades, mais beijos, mais pessoas se pegando.

E dessa vez, Jade para mim:

Caminhos - 1 temporada.Onde histórias criam vida. Descubra agora