3

2 1 0
                                    

Alguns anos depois...

Felix era um menino calmo e obediente, diferente dos três garotos infantis e malcriados. Ele era o primogénito, deveria ser tratado com dignidade, diferente dos outros que não passavam de uns coitadinhos adotados pelas boas graças do seu pai.

Era assim que ele pensava.

Ainda assim, Bang Chan não se importava em dar lhe uma atenção diferenciada. Era rígido de igual forma para todos. Deveriam estar nos quartos depois da hora de recolher, eram proibidos de avançar além do terreno do castelo e a sua única tarefa era estudar e recolher conhecimentos através dos livros. Algo simples. Então porque o seu pai não poderia elogiá-lo?

Em vez disso, o tratava de forma fria e ele estava farto de ser um garotinho obediente. Tinha ciúmes dos outros pirralhos que só faziam travessuras. Não se sentia amado. —Menino Felix, tire os pés de cima da mesa!- a fada pediu cruzando os braços chateada pela centésima vez. O vampiro ignorou a fala da outra como sempre e continuou vendo televisão na mesma posição despojada. O balde de pipocas estava entornado desde o sofá até o chão.

—O garoto acha que é alguém só porque lhe nasceram as presas!- Changbin riu com escárnio desligando a TV, fazendo o menor bufar irritado na sua direção. —Não ouviu o que Dahye lhe disse?- questionou com uma sobrancelha levantada, divertido, mesmo que tivesse de olhar para cima já que o vampiro já o ultrapassava em altura mesmo sentado.

O rosto do menor tomou uma coloração carmesim. Estava ardendo de raiva e depois de ouvir a conversa que se desenrolava no corredor, ainda mais ficou.

—Você desenha muito bem, Jeongin!- a voz grave do homem ecoou pelo corredor num tom doce e cálido. Isso fez o Lee ficar ainda mais irritado. Porque o seu pai elogiava as batatas com pernas que o menor desenhava, mas não era capaz de ver o seu empenho e desenvolvimento sobre os seus poderes? Ele até já conseguia controlar as suas asas!

—Obrigada, Chan!- essa era outra coisa que o irritava. O Jeon era o único que tratava o mais velho pelo nome. Nem ele mesmo tinha o direito de chamar-lhe algo senão "Mestre".

Levantou-se num pulo e dirigiu-se até o início do corredor batendo os pés no chão com força, quase marchando, na direção dos dois. Ele encarou o sorriso largo no rosto do moreno e desejou com todas as forças que ele queimasse no fogo do inferno e sofresse mil torturas.

Jisung estava logo atrás. Timidamente mostrou o seu desenho ao mais velho. A reação do vampiro foi nula por longos segundos antes que ele abrisse uma espécie de sorriso oblíquo e proferisse um "muito bem" sem graça.

Não era como se não admirasse a capacidade das crianças de igual forma. Acontece que os meninos têm personalidades diferentes e dessa forma, a maneira como são tratadas varia e assim deve ser na sua conceção.

Não pode falar da mesma maneira com Felix e Jisung, tal como não deve brincar de forma similar com Minho e Jeongin porque reagem e sentem o mundo de maneiras distintas. Têm necessidades diferentes e por isso, respostas diferentes.

Decidido a mostrar que também é bom o suficiente, Felix abriu as suas asas e as bateu com força na direção dos três. A risada de escárnio de Changbin podia ser ouvida por si, mas ele não se importava com a opinião do anão. Estava demasiado preocupado em manter o equilíbrio visto que nunca conseguira ficar mais que dez segundos no ar. —Felix, pare!- o seu pai mandou estreitando os olhos em sua direção. —É perigoso voar dentro de casa.- o Lee ignorou a fala do mais velho. As asas cansadas começaram a falhar e num instante já estava deitado no chão, chorando. Os joelhos ralados e um braço quebrado.

—Porra! Porque é teimoso desse jeito?- o mais velho gritou furioso puxando o filho pelo braço bom para que ficasse de pé. —Eu falei para não voar aqui dentro!- as veias saltadas em sua testa e pescoço eram grossas e pareciam pulsar de forma assustadora.

O Legado dos DeusesOnde histórias criam vida. Descubra agora