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Felix saltou do lugar com o barulho, suspirando cansado. Tudo o que ele queria era um pouco de paz. O som estridente das vozes dos irmãos ecoava pelo corredor, e ele desejou, por um momento, que desaparecessem por mais algumas horas.

Conseguiu ouvir a bronca de Changbin. Bateu a mão na testa amaldiçoando os pequenos. Como podiam ser tão burros e inconsequentes?

Apesar da preguiça, ele se levantou e desligou a televisão, que estava apenas preenchendo o silêncio com imagens e sons sem sentido. A aia estava na cozinha, ocupada demais preparando o jantar para notar a sua presença. O cheiro da comida sendo preparada era agradável e reconfortante.

Felix caminhou até a cozinha, observando a aia enquanto ela trabalhava. O aroma das especiarias e dos ingredientes frescos enchia o ar, fazendo a sua boca salivar.

—Está cheirando muito bem.- disse ele gentil, mais para si mesmo do que para a aia.

Ela sorriu sem se virar. —Obrigada, jovem Lee. O jantar estará pronto em breve.

O vampiro assentiu e voltou-se para a janela, olhando para a floresta além do castelo. Os seus pensamentos vagavam para os seus irmãos e para as aventuras que eles provavelmente estavam vivendo naquele momento. Embora apreciasse a tranquilidade, uma parte dele desejava estar junto deles, enfrentando perigos e desvendando mistérios.

Ele se afastou da janela quando ouviu passos apressados no corredor. Virou-se a tempo de ver Minho, Jisung e Jeongin entrarem na cozinha, ofegantes e visivelmente desgastados.

— O que aconteceu?- perguntou Felix mesmo que já soubesse.

—Longa história.- respondeu Minho, tentando recuperar o fôlego. —Onde está o Mestre?

—Ele está na biblioteca, acho.

—Podem ir chamá-lo?- pediu Dahye. Os quatro concordaram e caminharam rapidamente pelos corredores do castelo até a biblioteca. Ao entrarem, encontraram Chan mergulhado em livros e pergaminhos, visivelmente preocupado com algo.

—Chan!- chamou Jeongin, fazendo com que Chan levantasse a cabeça rapidamente.

—O que houve?

—O jantar está pronto!

O mais velho acabou de rasurar algo em seus apontamentos e levantou-se estalando os dedos e o pescoço. Algo o afligia, mas era demasiado orgulhoso para deixar transparecer isso para os demais.

—Crianças... porque estão molhados?- os três se entre olharam em pânico.

—Eu joguei água neles!- o vampiro falou recebendo olhares surpresos dos irmãos.

Bangchan suspirou e levou as mãos ao rosto cansado. —Felix...- estava sem palavras. —Meninos, podem começar sem nós.- disse se levantando e chamando o filho com um aceno de cabeça. —Nós precisamos conversar.

Quando a biblioteca voltou a estar vazia, o vampiro mais velho cruzou os braços e começou o sermão. —Felix... você é o mais velho, tem de dar o exemplo!

—Eu sei, Mestre...

—Não, não sabe! Porque se soubesse não faria estas coisas.- suspirou. —Sabe que Minho tem uma saúde fraca. E se adoecer?

Um pouco magoado o filho respondeu: —Dahye cuidaria dele como sempre cuida de nós. Já o senhor...

—Como é?

Os olhos que antes repousavam no chão agora encaravam a feição raivosa do progenitor. As mãos amassaram a própria roupa quando um soluço sôfrego ameaçou escapar. Ele estava cansado de tudo e nada ao mesmo tempo. Era confuso. Sentia-se só.

O Legado dos DeusesOnde histórias criam vida. Descubra agora