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Aquela manhã estava extremamente escura. O sol não brilhava e o nevoeiro denso cobria toda a vila mais adiante, chegando até as janelas altas do castelo.

Por alguma razão, o Yang achou que o clima seria perfeito para uma aventura a dois na floresta proibida. —Não, Jeongin!- Jisung advertiu o mais novo como sempre fazia. —É perigoso! O Mestre ficaria furioso se descobrisse.

O outro deu de ombros debochado. Ele gostava de aprontar o tempo todo. —Vamos explorar um pouco, por favor, Hyung!

O tritão continuava negando veemente com os lábios macios entre os dentes redondos. —Nós não vamos fazer isso!- advertiu novamente, desta vez com seriedade na voz.

O Jeon concordou cabisbaixo, mas assim que o azulado se virou, ele deu meia-volta e correu em direção às árvores. O Han havia falado sobre eles os dois não poderem ir, não sobre apenas ele.

Jisung olhou para trás e gritou frustrado correndo atrás do pequeno que era mais rápido do que parecia.

O vento soprava forte. As árvores possuíam copas grandes e volumosas que abanavam causando um som estrondoso, quase horrendo.
Um som de água caindo podia ser ouvido. O menor curioso seguiu o barulho, por entre o campo, que aumentava cada vez mais até chegar em um lago enorme de água límpida e peixes dourados.

O tritão amaria viver num lugar assim, pensou.

Os animais bebiam juntos na margem sem brigas. O cheiro a terra molhada não lhe era desagradável, o relembrava de quando brincava na chuva com os irmãos durante a época fria de inverno. Aproximou-se de uma cria de veado e se surpreendeu quando ela não se afastou, pelo contrário, deixou que a sua mão quentinha entrasse em contacto com a sua lombar e lhe desse carinho. O animal esfregava o focinho em si pedindo mais.

O Jeon riu seguindo o animalzinho pela margem até colocar os pezinhos dentro da água morna os molhando. Foi divertido ver os peixinhos nadando em sua volta. Tudo parecia calmo e tranquilo.

—Aí está você!- o tritão ralhou descansando as mãos nos joelhos ofegante após uma longa perseguição.

—Olha, Hyung! Um lago!

O de cabelos azuis arregalou os olhos com a paisagem e um sorriso largo lhe rasgou o rosto fofo. Caminhou lentamente em direção ao outro e num impulso se jogou na água. Levou alguns segundos para que o seu corpo emergisse até a superfície.

O Yang gritou fascinado ao observar as acrobacias que o tritão podia fazer. As escamas que cobriam a sua cauda agora visível eram lindas, esverdeadas. Refletiam a luz formando um padrão magnifico.

Jisung era lindo naturalmente, mas na sua forma aquática era quase um pecado. Boquiaberto, o jovem suspirou em surpresa. —Que lindo, Hyung!- o outro sorriu e chamou o menor com um gesto de mão mas ele negou. Estava com medo.

—Eu te seguro!- disse finalmente convencendo o irmão.

Pequenas ondas foram criadas pelo movimento da água. Com cuidado foi entrando, sentindo a corrente puxá-lo, o que o deixou um pouco em pânico. —Estou aqui! Segura a minha mão.

As gargalhadas aumentaram conforme jogavam água um no outro numa brincadeira infantil. A temperatura estava ótima. Nunca se haviam sentido tão bem quanto ali, naquele ambiente natural e belo.

Sem mais nem menos, um rugido ensurdecedor atravessou o caminho lamacento assustando os animais. O pequeno se encolheu na água junto do mais velho, finalmente tomando consciência de que não deveriam estar ali.

Mordeu os lábios olhando em todas as direções procurando a fonte daqueles sons angustiantes. Pareciam vir de algum local cercano.

Em desespero bateu os braços tentando sair dali, mas Han o segurava com força no lugar, o impedindo de cair no abismo escuro e profundo em baixo dos seus pés.

O Legado dos DeusesOnde histórias criam vida. Descubra agora