The wedding

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Notas: Esse capítulo é diferente

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Notas: Esse capítulo é diferente. Primeiro, porque nesta história os culpados não são terceiros; cada um carrega seu pecado e o que fez. Precisamos lembrar que relacionamentos também nascem antes de tudo de sentimentos, sentimentos que, no momento, podem ser suficientes. Então, quando pensarem no Omar, lembrem-se que ele não é o vilão de um romance; ele é a causa ou consequência das ações de outras pessoas.

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Alguns anos antes....

No coração da pequena vila de Havenwood, onde as sombras dançavam ao crepúsculo entre os carvalhos antigos, havia um evento aguardado com ansiedade por todos os seus habitantes: o solstício de verão. Era uma época em que os raios dourados do sol se estendiam até tarde no horizonte, aquecendo os campos de trigo e pintando o céu com tons de laranja e rosa que se fundiam suavemente ao azul profundo da noite iminente.

Para Camila, o solstício era mais do que apenas o auge do calor estival. Desde criança, ela se encantava com a magia que envolvia essa data especial. Era um momento de celebração da abundância da natureza, quando a comunidade se reunia para honrar o ciclo da vida e renovar seus votos de gratidão à terra generosa.

Este ano, porém, o solstício carregava um significado ainda mais especial. Ela estava prestes a se casar. Enquanto Camila finalizava os últimos detalhes de seu vestido de linho e violetas selvagens, confeccionado por um estilista japonês, optou por uma cerimônia íntima para apenas cinquenta convidados em um penhasco rodeado pelo som do mar batendo nas pedras. Ela pediu para Omar fazer algo inesquecível e ele assim o fez.

— Como está o coração? — Caelan perguntou para Omar enquanto terminava de ajeitar sua gravata. —  Se quiser desistir, eu infelizmente tenho que lhe dizer que vai ser impossível. Camila jamais deixaria você fazer isso com ela — completou o ruivo com um sorriso sacana.

— Um pouco. Ela ainda não disse nada da festa. Só uma palavra... Será que fiz mal em ter feito aqui? — Omar perguntou ao irmão, que negou.

— Foi uma ótima escolha. Ela só está nervosa — disse, batendo com a mão no ombro do irmão e apontando para outra direção, fazendo Omar virar o rosto e perceber que Camila estava chegando.

Virou-se para vê-la se aproximando e prendeu a respiração ao vê-la. Ela parecia uma visão de beleza celestial, sua pele reluzente à luz suave das lanternas e seu sorriso radiante iluminando toda a paisagem ao redor. Calmamente, Camila foi andando na direção dele com um sorriso nos lábios, depositando um pequeno selinho em seu rosto.

— Obrigada por ter lembrado do solstício — falou, pegando na mão do noivo e olhando para o céu ainda amarelo enquanto o relógio batia oito da noite.

A cerimônia durou cerca de quarenta minutos, pois os noivos não gostavam de casamentos longos. Foi tempo suficiente para fazerem seus votos e selarem o casamento. Dinah ficou encarregada de levar as alianças para os dois.

A festa aconteceu em plena luz do dia. Omar providenciou casas montáveis para a pequena vila, junto com tudo o que era necessário para a celebração de três dias, em consonância com o solstício. A vila foi montada ao lado de um restaurante com um chef disponível vinte e quatro horas para os convidados. Serviço de limpeza e massagem também estavam incluídos. Foi necessário montar um heliponto para caso algum convidado precisasse voltar de última hora, além de um esquema de segurança para cumprir protocolos.

Uma tenda enorme estava no centro do penhasco para celebrar a festa de casamento, com três bandas contratadas para se revezarem durante os dias. Tudo foi planejado para que Camila não precisasse se preocupar com nada. Dinah e Omar ficaram responsáveis por deixar tudo bem estruturado, enquanto Caelan cuidou da parte dos iates, jatos e helicópteros.

A tenda branca foi preenchida com mesas em madeira maciça, um pequeno palco na grama para música ao vivo e um lugar especial para os noivos jantarem. Já passava das nove da noite quando Caelan bateu na taça de cristal, fazendo com que todos prestassem atenção no ruivo, que estava visivelmente embriagado, com sua blusa social branca desabotoada e sem gravata, erguendo um copo de champanhe e apontando para Omar.

— Senhoras e Senhores, meu irmão sempre foi o cara mais tímido do mundo — piscou discretamente para o rapaz, fazendo todos rirem baixinho ao redor. —  Não sei como conseguiu se casar com essa moça belíssima— apontou para Camila, que estava sentada ao lado do marido rindo da situação. — Mas todos concordamos que é necessário fazer um discurso para a moça, certo...?

Nesse momento, o rapaz ao lado de Camila gelou e apertou com força sua mão. Caelan tinha razão: o homem era extremamente tímido e ruim com discursos assim. Ele olhou para a esposa sem reação e voltou o olhar para o irmão, que estava rindo do outro lado da mesa. Camila sorriu e levantou-se, pedindo o microfone ao cunhado, que foi passado de mão em mão até chegar a ela. A moça puxou o fio.

— Oi pessoal, eu sou o Omar — todos riram, inclusive o marido, afundando as mãos no rosto e negando com a cabeça. — Vou passar o microfone para minha esposa, que é melhor com palavras e vai ter certeza do que está falando. — Camila trocou o microfone de mão com os convidados ainda rindo e olhou para Omar. —  Muitos de vocês não devem saber como nos conhecemos, mas bom... Eu estava numa festa no Palazzo e vi um belo rapaz bêbado no sofá tentando tirar seus sapatos, sem sucesso, claro — olhou para os convidados. —  E quando eu sentei ao lado dele, ele sem me olhar, começou a falar sobre como era difícil paquerar alguém. Ele me chamou pelo nome Caelan — o cunhado riu. —  Desabafou por quinze minutos sem sequer olhar para mim e, quando olhou, apenas entrou em pânico, pegou tudo que tinha e saiu andando o mais rápido possível. Eu ainda tentei chamá-lo algumas vezes, mas ele não olhou para trás. Cinco dias depois, ele foi ao meu hotel levando um enorme e lindo buquê de girassóis, e vale lembrar que sou alérgica a eles — Dinah soltou uma risada alta e despretensiosa porque lembrou de Camila chegando com a cara totalmente inchada na casa da amiga. — Pediu desculpas e perguntou se eu aceitaria sua amizade e viramos grandes amigos. Ele foi meu melhor amigo antes de qualquer coisa. Eu não me recordo do momento que me apaixonei por ele, fica entre a vez que ele carregou minha geladeira para fora do meu apartamento ou no momento que eu senti o cheiro de um desconhecido na rua e lembrei dele. Mas lembro do momento que o amei, estávamos no show, ele cantava The Strokes com os pulmões segurando uma cerveja na mão. Eu o amei outras vezes depois disso, quanto ele esteve no momento que minha mãe pegou pneumonia e ficou comigo no hospital ou quando me comprou por três anos seguidos todas as quartas-feiras um gibi especial na banca vinte e dois. Dizem que antes de amar, você precisa se apaixonar por quem você está, mas eu discordo um pouco. Eu o amei logo de cara.

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