K. Camila Estrabao é a empresária por trás da renomada rede de hotéis Palazzo em Dubai e Las Vegas. Sua vida toma um rumo inesperado quando Lauren Jauregui, uma brilhante especialista em energia limpa, é contratada para reduzir os custos dos hotéis...
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Quando Camila entrou no apartamento de Lauren, algo a surpreendeu de imediato — não era o que ela já esperava, mas a sensação íntima que o espaço transmitia. O cheiro que a envolveu era sutil, uma mistura de madeira polida com algo indefinível, talvez tinta seca, quase imperceptível, como se aquele lugar escondesse mais do que aparentava. A luz dourada do fim da tarde atravessava as janelas amplas, aquecendo o ambiente de forma suave, tocando a pele de Camila e trazendo uma atmosfera acolhedora, diferente da rigidez que imaginara.
Enquanto caminhava, seus passos ecoavam suavemente no chão de madeira, um frio agradável sob seus pés, contrastando com o calor da luz. Havia algo de descompromissado nos detalhes, como as almofadas desarrumadas no sofá, que sugeriam que Lauren tinha estado ali não muito tempo atrás, em um momento de descontração.
Foi então que ela viu as pinturas. Uma parede, parcialmente escondida à primeira vista, revelava uma série de quadros que pareciam não pertencer ao restante da decoraçã. Camila parou por um momento, o olhar atraído pelas figuras fragmentadas. Rostos femininos, nunca completos, com partes do corpo que se desfaziam em pinceladas intensas e desiguais. Os olhos de algumas figuras estavam incompletos, outras tinham traços borrados, como se a intenção fosse evitar que elas se revelassem por inteiro.
Aproximou-se lentamente, o cheiro de tinta agora mais claro, confirmando que aquelas pinturas não eram apenas peças decorativas, mas criações vivas, recentes. As cores misturavam tons quentes e frios, contrastando entre si, como se representassem algo mais profundo — um conflito interno que Camila não conseguia nomear.
Cada quadro parecia carregar um pedaço de algo inacabado. Camila tocou levemente a borda de uma das molduras, e naquele instante, a pergunta surgiu em sua mente: *Lauren pinta?*
— Não sabia que você pintava.
Lauren enxugou as mãos com uma calma meticulosa, como se tivesse todo o tempo do mundo.
— Fiz faculdade de arte por um tempo — disse, quase casualmente. — Mas acabei voltando para algo mais estável. Energia, essas coisas.
Camila, intrigada, deslizou os dedos por um dos quadros inacabados, sentindo a textura da tinta seca. Os traços pareciam suspensos, incompletos, como se a história nas telas nunca tivesse tido um fim.
— E por que? — perguntou, os olhos atentos aos detalhes.
Lauren hesitou, os braços cruzados de maneira quase defensiva enquanto seus olhos vagavam pelas pinturas ao redor.
— Família. Amigos. Normani... — A voz dela baixou ao repetir, com um leve sarcasmo, a última palavra. — Família, de novo.
— Família? — Camila ecoou, arqueando uma sobrancelha.
