12. Um filho por um filho

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Uma semana se passou desde a trágica morte de Lucerys Velaryon, e Visenya estava diferente. Embora a dor pela perda do irmão fosse profunda, a iminência da guerra não permitiria que ela perdesse tempo em luta. Em relação a Lucerys, Nya usava preto e Aegon, tentando apoiar a esposa, saindo ao seu lado sempre que possível.

Aemond não sentia remorso pelo que havia feito, mas era doloroso ver sua melhor amiga ainda ressentida com ele. Helaena sentiu-se mal pela tensão crescente que se instala na Fortaleza Vermelha, temendo que algo ainda pior que a morte do seu sobrinho Velaryon estivesse por vir.

Desde que se tornará rei, Aegon se alimenta-se ativamente. Com o incentivo de Visenya, ele se dedicou aos estudos, fortalecendo suas habilidades para ser um bom governante, em contraste com o rapaz desleixado que fora na adolescência. Ao lado do irmão, estudava estratégias e aprofundava seu conhecimento sobre a história do Conquistador e suas irmãs.

Todos tentavam se adaptar à nova realidade, por mais difícil que fosse.

Sor Criston Cole acabará de entrar na sala do pequeno conselho, seguido por Aegon e o jovem Rhaegar. "Rhaegar precisa aprender desde pequeno como governar funciona se ele quiser reinar um dia", disse o rei, animado com a presença do filho.

Visenya, que chegaria mais cedo, estava sentada, olhando com um sorriso para o marido e o primogênito. "Bom dia, meus Lordes!" cumprimentou Aegon. "Mamãe", disse ele, curvando a cabeça para Alicent. Antes de se sentar, beijou o topo da testa da esposa e a cumpriu: "Minha rainha."

"E as notícias?" perguntou o rei aos seus senhores. Otto, o antigo Lorde Mão, respondeu: "Nossas cartas para o Vale e para o Norte continuam sem resposta."

"Nortenhos são muito leais às suas promessas. O único jeito deles virem para o nosso lado seria se o falecido rei saísse da tumba para te coroar na frente de todos." falou Visenya em um tom de ironia que surpreendeu alguns membros do conselho.

Rhaegar, sem entender a situação, começou a brincar com uma bola em frente ao Lorde Tyland Lannister, o mestre da moeda. O homem ficou visivelmente incomodado com o príncipe. Aegon, vendo a cena, começou a sorrir, achando engraçado.

"Minhas cartas para Rhaenyra, alguma resposta?" Perguntou Alicent ao mestre. "Um pedido de desculpas pelo filho morto?" murmurou Visenya para si mesma, a Rainha Mãe apenas olhou para a nora com uma expressão confusa.

A conversa continuou, mas Nya focou apenas na pequena discussão entre seu filho e o Lorde Lannister. "O sucessor do trono está incomodando você, Tyland?" perguntou a rainha com um ar de arrogância. Tyland olhou recto para a mulher e parou imediatamente de tentar pegar o objeto da criança. "Não, não mesmo, Vossa Graça!" ele respondeu.

Aegon, percebendo a situação, limitou-se antes que uma discussão se iniciasse. "Então volte a prestar atenção na reunião, existem assuntos importantes a serem discutidos aqui."

Aemond, que também estava na sala, permanecia quieto, sentia tudo, principalmente os olhares que Criston Cole trocava com sua mãe, olhares nada profissionais.

O logo do Lorde Mão se surpreendeu, atraindo os olhares do conselho. "O caminho para King's Landing passa por Riverlands. Precisamos de um ponto de apoio em Harrenhal."

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Rhaenyra não estava muito melhor que a filha. Ela tinha acabado de chegar a Dragonstone depois de ver os restos mortais de seu filho. Agora, tudo era mais intenso; ela não descansaria até ter Aemond morto e seu filho vingado.

"Vossa Graça, eu já preparei seu banho!" disse uma criada do castelo. Rhaenyra olhou para a mulher e agradeceu, retirando-se da sala do conselho para seus aposentos.

Daemon, que ouvira o pedido da esposa, decidiu que faria uma pequena viagem a King's Landing e que Aemond estaria morto em breve.

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O anoitecer chegou rápido e Visenya, como todas as noites, foi para o quarto de seus filhos passar um pouco de tempo com eles. Desde a morte de Luke, ela estava mais próxima dos meninos; a guerra custava caro, e ela temia por seus pequenos. Rhaegar já tinha jantado e estava dormindo em sua cama. Agora, Baelon estava no colo de sua mãe, que estava sentada em uma poltrona no quarto.

"Quem é o príncipe da mamãe?" perguntou ela, balançando lentamente seu filho, rindo com a criança. "Um dia, você e seu irmão vão liderar este reino, Baelon." murmurou para o menino. "Eu prometo criar uma era de paz, para que vocês possam ser felizes como eu fui." prometeu Visenya, sorrindo.

Tudo estava calmo até que, de repente, uma mão foi colocada em sua boca, impedindo-a de gritar. Seus olhos se arregalaram ao ver um homem se aproximando da cama de seu filho. Visenya apertou Baelon contra si, o abraçando ainda mais. A mão que a impedia de falar logo sumiu, sendo trocada por uma faca em seu pescoço.

"Ele pediu por Aemond." ouviu um dos homens falar. "Um filho por um filho e ele é o herdeiro do trono, Daemon ficará contente." respondeu o outro. Visenya estava desesperada; isso não poderia estar acontecendo, não agora. Ela tentou se manter calma por seus filhos, mas não podia evitar as lágrimas.

"Por favor, façam o que quiserem comigo, mas não machuquem meus filhos." implorou a Rainha. "Calma, Vossa Graça. Só precisamos do seu primogênito. Você pode ficar com a outra criança." explicou o homem que estava perto da cama de Rhaegar. "Vamos lá, essa Rainha é valiosa também." disse o bandido com a faca.

Visenya estava em desespero absoluto. Ela sabia que, se ficasse mais tempo ali, tanto ela quanto Baelon morreriam. Mas ela não podia deixar seu filho mais velho para trás. Então, o homem agarrou Rhaegar em sua frente, e ela entrou em choque. "Não, pelo amor dos Deuses!" gritou, mas era tarde demais. As lágrimas escorriam pelo seu rosto enquanto ela tomava uma decisão. Quando o homem com a faca se distraiu,  Visenya correu com Baelon em seu colo, e pelo canto do olho viu o último suspiro de seu filho.

Nya estava desesperada, tentando pensar, mas incapaz de se concentrar. Ela correu pela fortaleza e só parou quando viu seu marido na sala do trono, conversando com Aemond e Helaena, que estava ao lado dele, segurando um de seus filhos gêmeos no colo.

Assim que chegou, capturou a atenção de todos. Aegon, ao ver o estado da esposa, levantou-se e correu para seu lado, bem a tempo de pegá-la antes que caísse no chão, ainda segurando Baelon. "Nya, o que houve?" perguntou preocupado. Aemond, vendo a cena, chamou os guardas. "Eles..." começou, mas não conseguia terminar, ainda em choque. "Eles o que, Visenya?" o Rei perguntou novamente, tentando entender o desespero da esposa. "Eles mataram Rhaegar." disse, enterrando o rosto no pescoço do marido e segurando ainda mais forte seu caçula no colo.

Helaena, Aemond e Aegon ficaram em choque. Nenhum dos três sabia o que fazer, mas o Mão do Rei tomou uma atitude. Ele olhou para o guarda que tinha acabado de chegar e ordenou que fosse direto para os aposentos dos herdeiros reais. O Rei sentiu um vazio. Seu filho, seu amado menino, tinha sido morto em sua própria fortaleza, na frente de sua esposa, e ele nem ao menos estava lá para ajudar.

Ele não pôde se despedir, não poderia ver seu filho crescer e se tornar o grande homem que teria sido. Lágrimas escorriam pelo rosto do Rei, e ninguém poderia preparar o Rei e a Rainha para a dor de perder um filho.

1219 palavras.

As Chamas do Dragão - Aegon TargaryenOnde histórias criam vida. Descubra agora