16. Não confunda imprudência com coragem

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Naquela manhã, a importância do dia se refletia em cada detalhe ao redor de Visenya. A rainha vestia-se de forma diferente do habitual. Em vez de suas vestes elegantes, ela estava equipada com um traje de montaria de dragão. O conjunto era feito de couro reforçado, nas cores vermelha e preta da Casa Targaryen, projetado para proteger e permitir movimento enquanto voava sobre Vermithor. As tiras ajustadas e as placas de metal refletiam a luz do sol nascente, criando um brilho que lembrava o fogo e o sangue de sua linhagem.

A manhã estava cheia de expectativa, com o vento trazendo murmúrios de uma batalha iminente. O Lorde Mão, Aemond Targaryen, e Sor Criston Cole já tinham partido em direção a Harrenhal, preparando o terreno para o que seria um confronto inevitável com os pretos. Visenya sabia que sua presença, junto com Vermithor, seria o trunfo, o elemento surpresa que poderia virar o jogo a favor dos verdes. Por isso, sua partida seria a última, uma estratégia deliberada para não chamar atenção.

Enquanto se preparava para decolar, Visenya notou que Aegon não estava lá naquela manhã. Seu marido não havia se despedido dela como normalmente fazia, e isso a deixou meio para baixo. Será que ele estava apenas distraído com os preparativos, ou tinha algo mais na cabeça? Visenya balançou a cabeça, afastando essas dúvidas. Havia coisas mais urgentes em que pensar naquele momento.

Ela se aproximou de Vermithor, o enorme dragão que a esperava pacientemente. Seus olhos dourados refletiam a sabedoria de séculos, e suas escamas brilhavam sob o sol. Visenya sempre sentia uma conexão especial com ele, como se o dragão entendesse cada emoção sua.

— Hoje somos só eu e você, garotão! — murmurou Visenya, enquanto acariciava o flanco de Vermithor. Sua voz era suave, mas cheia de determinação. Ela subiu na sela, ajustando-se confortavelmente enquanto sentia a força do dragão sob seu comando.

— Sōvēs, Vermithor! — ordenou ela, falando na língua antiga dos Targaryen. Com um poderoso impulso, Vermithor bateu suas asas gigantescas, e num instante estavam no ar, rasgando o céu com a graça e o poder de uma força da natureza.

Conforme ganhavam altura, Visenya permitiu-se um momento de reflexão. O vento soprava em seu rosto, uma mistura de frescor e promessa. Lá embaixo, o mundo se estendia como uma tapeçaria viva, com rios cintilantes e campos verdes que pareciam se estender até o infinito. Mas a beleza da paisagem não distraía Visenya de seu propósito. Ela sabia que cada segundo era crucial, e que os ventos da guerra estavam prestes a mudar de direção.

Enquanto Vermithor avançava pelo céu, a rainha revisitava mentalmente o plano traçado com Otto e Criston. Os aliados foram cuidadosamente posicionados, as armadilhas preparadas, mas havia sempre o elemento imprevisível de Daemon e Rhaenyra. Eles eram adversários formidáveis, cada um com sua própria sede de poder e retaliação.

As nuvens ao redor começaram a se dissipar, revelando a vastidão do céu azul. Visenya sentiu a familiar adrenalina da batalha começar a pulsar em suas veias. Hoje não era apenas um dia de guerra; era um dia de decisões que moldariam o futuro de Westeros. Ela sabia que tinha que ser implacável, mas também justa, governando com a sabedoria que apenas o fogo e o sangue podiam ensinar.

À medida que se aproximava do destino, o foco de Visenya era absoluto. Ela e Vermithor seriam a tempestade que desceria sobre Harrenhal, e ela estava determinada a garantir que cada movimento fosse decisivo, cada comando infalível.

———

Helaena se sentia vazia. Tudo ao seu redor era escuro, mas ao mesmo tempo familiar. Este não era um sonho comum; era uma visão. Fazia tempo que a princesa não tinha uma dessas.

Uma luz surgiu, fogo, ela percebeu, e rapidamente a mulher reconheceu a figura de sua sobrinha Nya, com uma coroa na cabeça, em uma sala ao lado de Aemond.

As Chamas do Dragão - Aegon TargaryenOnde histórias criam vida. Descubra agora