As Chamas do Dragão - Aegon Targaryen

18. Decisão Final

Dois dias se passaram desde o retorno do casal real para King's Landing, e Aegon ainda permanecia em coma. Com a ausência do marido, Visenya se adaptou a uma rotina confortável. Todas as manhãs, comparecia às reuniões diárias com o conselho, onde discutia o desempenho dos novos recrutas do exército e a situação econômica dos plebeus do reino, peças cruciais em seu plano de manter o controle sobre a coroa.

Depois das reuniões, Visenya acompanhava sua sogra, Alicent, para rezar pelos vivos e pelos falecidos. Hoje, o objetivo era claro: pedir pela recuperação de Aegon e também pela alma de seu irmão mais novo, Lucerys, que teve um fim trágico.

Enquanto acendia uma vela em silêncio, Visenya percebeu um burburinho na sala, que deveria conter apenas ela, Alicent e uma ou outra freira. Curiosa, abriu os olhos e inclinou-se levemente para ver quem estava interrompendo o momento de oração. Para sua surpresa, avistou sua mãe, Rhaenyra, vestida com um disfarce e discutindo com Alicent.

— Como ela ousa pisar em King's Landing? — Visenya murmurou para si mesma, indignada, mas também reconhecendo que essa era a oportunidade perfeita.

Discretamente, ela se retirou da sala, aproveitando que as duas mulheres estavam imersas na discussão, e sinalizou para seus guardas. Eles prontamente entraram no salão, bloqueando todas as saídas.

Rhaenyra, percebendo a presença dos guardas, se sobressaltou junto com Alicent. O choque era evidente em seus rostos.

— Ora ora, o que temos aqui? — Visenya falou com um sorriso de canto, fingindo surpresa. — A matadora de parentes, Rhaenyra, a Cruel. — Sua voz carregava um tom de desprezo enquanto se aproximava de sua mãe.

— Guardas, prendam a traidora! Levem-na para o calabouço da Fortaleza Vermelha! — Visenya ordenou, e então se virou para sua sogra. — Não sei sobre o que vocês estavam conversando, Alicent, mas espero que lembre onde está sua lealdade. — Avisou, lançando um olhar firme antes de sair do salão. Seu dia havia acabado de melhorar dez vezes.

Agora, tudo que restava era aguardar as consequências de sua ação e o impacto que isso traria ao futuro do reino.

De volta à Fortaleza Vermelha, os rumores corriam como fogo selvagem. Servos cochichavam nos corredores, trocando olhares desconfiados e suspiros ansiosos. A notícia de que a rainha havia trazido uma prisioneira de guerra espalhava-se rapidamente, mas poucos imaginavam a identidade da cativa. O peso dessa revelação, quando finalmente viesse à tona, prometia abalar os alicerces do reino.

Aemond, que havia retornado de uma inspeção com Vhagar, ficou sabendo do retorno da rainha e da captura. Ele havia deixado Sunfire aos cuidados dos mestres de dragões, seguindo as ordens de Visenya, e agora, mal acreditava no que ouvia. Rhaenyra, a autoproclamada rainha dos Sete Reinos, estava nas masmorras da Fortaleza Vermelha, à mercê de sua própria filha.

O Mão do Rei, tomado pela urgência, dirigiu-se aos aposentos do irmão, onde esperava encontrar Visenya para discutir o destino da prisioneira. Assim que Visenya chegou, sua presença trouxe consigo uma aura de autoridade inabalável. Ela reforçou as ordens aos guardas, com olhos afiados e palavras cortantes, garantindo que Rhaenyra não tivesse chance de escapar.

Com isso resolvido, ela seguiu para o quarto de Aegon. Mesmo inconsciente, ele deveria saber da vitória que haviam alcançado. Era um triunfo que custara caro, mas que, em sua mente, justificava qualquer sacrifício.

Ao entrar no quarto, foi recebida por uma notícia inesperada.

— Vossa Graça, que bom que chegou! — exclamou o mestre, sua voz carregada de uma mistura de alívio e excitação. — O rei está acordado!

— O quê? — Visenya parou no meio do passo, seu coração disparando. Apressou-se até o leito de Aegon, onde ele estava sentado, ainda enfraquecido, mas vivo, os olhos atentos e fixos nela. O lado queimado de seu corpo continuava a carregar as cicatrizes da batalha, mas seu rosto, embora ligeiramente deformado, ainda exibia a força de um rei.