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Pov: Kim Haewon

As mãos tremiam compulsivamente enquanto Haewon caminhava do ponto de ônibus até o prédio onde iria trabalhar, ela sabia o básico; iria cuidar e ensinar uma garotinha de 5 anos que havia sido expulsa da creche onde estudava e seu pai era produtor musical e herdeiro de uma grande empresa. Poucos minutos de uma caminhada lenta foi o bastante para chegar em frente o prédio de incontáveis andares. Nunca poderia morar em um lugar desses, Haewon pensou enquanto entrava e dava seu nome na portaria, logo sendo liberada para subir.

 O elevador parecia claustrofóbico e infinito enquanto subia andar após andar, checou sua aparência no espelho arrumando sua franja e sua mochila cheia de pins coloridos e diversos. O elevador abriu mostrando o hall de entrada do apartamento, uma porta com senha e interfone, uma poltrona com mesinha vazia e nada mais, apenas aquela única porta, Haewon se sentia profundamente pobre. 

 A porta em questão de segundos soou um breve som de que estava destrancada e logo uma pequena figura cheia de pequenas presilhas coloridas no cabelo combinando com seu conjuntinho de roupas contrastando absurdamente com o apartamento monocromático atrás de si.

 — Papai! A tia chegou! 

 Seu olhar era encantador e doce embora também pareça que tenha um gênio forte comparado com outras crianças e Haewon notou na mesma hora em que a viu e quando a garotinha se virou e correu para dentro percebeu que era o tipo de criança que valia por uma sala inteira, e a mais velha amou. Ela amava esse tipo de criança que a lembrava a si mesma com seu irmão.

 — Vem, tia, entra! — as pequenas mãos balançavam chamando Haewon.

— Sookie, não é assim que se recebe alguém. 

 O homem, que Haewon poderia dizer com pés juntos que não teria mais do que dois anos a mais do que ela apareceu do que parecia a cozinha do enorme apartamento, seu coração errou algumas batidas e podia jurar que sua pressão havia caído por alguns segundos quando viu o homem mais alto vindo em sua direção. Era a visão do paraíso? Haewon havia sido agraciada pelos Deuses ao pedir um emprego e receber mais do que merecia? 

 Paralisar perante a figura imponente, ereta e séria era algo inevitável, olhar em seus olhos escuros era  sem desviar o olhar impossível naquele momento, a mulher sentia um embrulho em seu estômago que deduziu ser ansiedade de algo que não esperava encontrar. Pois o que ela esperava era uma garotinha fofa com um pai bastante mais velho e facilmente ignorável mas Haewon não poderia estar mais errada.

 — Está tudo bem? — O homem questionava com o olhar preocupado já em sua frente.

 Não, como estaria? Pensou Haewon ainda estática. Em apenas um segundo caiu na realidade e se lembrou que estava ali para trabalhar e naquele momento estava sendo tudo, menos profissional.

 — Tudo sim, Senhor Min. — Estendeu um sorriso doce — Sou Kim Haewon, é um prazer conhecê-lo.

 O homem à sua frente piscou um pouco atordoado.

 — Pode me chamar de Yoongi.

 — Certo.

 Seu sorriso que antes era doce ficou tímido e retraído.

 — Ei, tia. 

 Por um breve momento Haewon havia esquecido totalmente da criança a poucos centímetros dos dois e automaticamente se abaixou ficando na altura da criança.

 — Oi, meu bem, eu sou Kim Haewon, mas pode me chamar de Wonnie.

 — Oi, tia Wonnie — Era impossível de Haewon descrever aquele momento, se apaixonar na hora pela garotinha era algo inevitável após ver seu sorriso de orelha a orelha apenas pelo fato da mais velha estar ali — Meu nome é Min Hyesook, mas eu não gosto que me chamem de Hyesook porque parece que estão brigando comigo então me chama de Sook ou Sookie, eu amo quando o papai me chama de Sookie e quando o tio Jin também me chama assim, eu gosto muito e me sinto muito fofa porque Sookie é um apelido muito fofo, não acha?

 Muitas palavras por minuto, a garota parecia estar com a mente 200km por hora e anestesiada de endorfina.

 — Eu amei o seu apelido, também acho muito fofo.

 — Eu gostei de você, tia Wonnie, vem ver meu quarto! O papai disse que a tia vai cuidar de mim e me ensinar porque eu sou um pouco demais para as tias da creche. — Sook pegou a mão da mais velha a puxando escada a cima

 — Eu não disse isso. — Um resmungo atrás delas.

 — Aqui é o meu quarto. 

 A porta branca com Sookie pintado a mão com cores pasteis davam um ar doce e alegre para aquele lugar, um encantador ar infantil. Sook não tardou para abrir e revelar o grande quarto alegre. Uma cama montessori do tamanho da garota em formato de casinha com luzes penduradas, puffs azul e rosa claros espalhados pelo ambiente, várias estantes coloridas cheias de livros, pelúcias e brinquedos, uma mesa larga da altura da menina com uma cadeira em formato de borboleta e muitos, muitos brinquedos em várias caixas.

 — Papai me disse para tirar meus brinquedos do meio da casa. — Sook puxou a mais velha para ficar com sua altura e poder sussurrar em seu ouvido — Mas eu não gosto porque meus brinquedos dão uma cor nessa casa que o papai insiste que é bonita preta.

 Haewon riu e a garotinha logo se juntou. Um pigarro atrás das duas fez com que a mulher voltasse para sua postura normal e se virasse para olhar o homem encostado na porta.

 — Sook costuma falar demais, logo você se acostuma. — as mãos dele foram de encontro aos bolsos antes de continuar — Essa semana será um teste para que eu decida se Sook irá estudar em casa ou estudar em outra creche.

 O tom do mais velho entregava que a última coisa que ele queria nesse mundo era que sua filha precisasse voltar para outra creche e Haewon entendia isso e iria fazer o seu melhor.

 — Não se preocupe, Senhor Min, irei cuidar e ensinar Sookie muito bem!

[...]

 Definitivamente Sookie valia por uma sala inteira, mas muito inteligente e obediente, brincaram o dia inteiro para se conhecerem melhor e Haewon se sentia esperançosa de que conseguiria aquele emprego após a semana de teste. 

 A volta para casa havia sido tranquila se ao chegar não tivesse encontrado sua porta destrancada e com as plantas fora do lugar do lado de fora, ela entrou imediatamente em estado de alerta. Seria um ladrão? Ela só tinha planta. Na hora pensou em seu gato e buscou um taser em sua bolsa e se preparando para entrar e encontrar quem seja que tivesse invadido sua residência.

 — Bem vinda! Parabéns pelo emprego! 

 Confetes tomavam conta de toda a sala, indignada olhou para perto da cozinha onde havia sua mesa, fora do lugar, ela pensou, com um bolo ainda na embalagem, algumas cervejas e um homem ao lado. Mas não qualquer homem.

 — Taehyung?

 — Wonnie!

 — Quando chegou? 

 Ela não conseguia se mexer pelo impacto e Taehyung começava a ficar impaciente por ainda não ter recebido o abraço de alegria e saudades que havia imaginado ganhar assim que sua irmã chegasse.

 — Saí ontem a noite, dormi em um hotel para não te acordar e vim de manhã, mas você já tinha saído então decidi fazer uma surpresa.

Indignada e paralisada, assim Haewon se encontrava encarando Taehyung cima a baixo.

 — Mas vem cá — se moveu impaciente — Cadê meu abraço?

 Haewon caiu na real, seu irmão estava ali após 2 anos servindo o exército para ficar de vez e em um segundo depois já estava em seus braços chorando e perguntando porque não havia avisado.

 — Eu que devia ter feito uma festinha para você, seu bobo.

 — Eu pedi pra botar "Bem vindo de volta, Taehyung" e "Parabéns pelo emprego, Wonnie" no bolo, mas não sei se coube tudo, ainda não vi.

 Ele era impossível, mas era ele, em carne e osso ali e Haewon não poderia estar mais feliz por tê-lo de volta definitivamente.

 — Você é impossível, Kim Taehyung.

euphony. [#1 bulletproof universe] | min yoongiOnde histórias criam vida. Descubra agora