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Pov: Min Yoongi

Quando não tinha que ir para a empresa para trabalhar, Yoongi sempre dedicava um tempo a mais na rotina da manhã de Sook.

Ele acordava antes dela, preparava um banho quente no banheiro da garotinha com alguns brinquedos favoritos. E foi exatamente o que fez.

Acordou Sookie, que ainda levou cinco minutos para sequer querer abrir os olhos, a levou até o banheiro e a garotinha entrou na banheira sem hesitar quando viu os brinquedos boiando na água. A música ambiente que ele havia escolhido era uma versão acústica de alguns grupos de K-Pop que Sookie gostava.

— Papai, cuidado para não deixar cair espuma no meu olho dessa vez — ela fez uma careta, como se avisasse a Yoongi que algo horrível iria acontecer se ele o fizesse.

Yoongi riu.

— Pode deixar, não vou.

Depois de lavar os cabelos de Sookie com o maior cuidado que podia, a menina saiu da banheira e se enrolou na toalha feito um burrito.

— Enquanto você se veste, eu vou fazer o café da manhã, ok?

— Tá bom, papis — ela respondeu, sapeca.

Na cozinha, Yoongi colocou a cafeteira para funcionar e começou a tirar as frigideiras do armário. Com o tempo, teve que se acostumar a cozinhar. Seus pais sempre tiveram pessoas para fazer isso por eles, mas Yoongi queria a quantidade menor possível de pessoas se metendo no seu apartamento pela segurança de Sook. Para falar a verdade, com exceção da Sra. Cho, a mulher que cuidava da limpeza duas vezes no mês, Haewon era a primeira funcionária a pisar ali.

Ao lembrar da mulher, Yoongi também se recordou que ela negou uma xícara de café em todos os dias que estava lá. Ele pegou uma chaleira e um pacote de chá de frutas vermelhas que tinha escolhido no mercado e preparou a bebida para ela, que chegaria a qualquer momento.

Apesar de estar em casa, Yoongi preferia que Haewon viesse. Não ia conseguir dar atenção suficiente para Sook, pois teria que passar boa parte do dia preso no estúdio.

— Como estou? — perguntou Sook.

Yoongi se virou, encarando a menina vestida de azul da cabeça aos pés, com um tutu rosa para destoar. Ele sorriu, incapaz de reagir de qualquer outra forma.

— Como a princesa mais linda do mundo.

— Bom, obrigada — ela fez uma reverência, imitando uma princesa.

Nesse momento, a campainha tocou. Haewon havia chegado.

Antes que Yoongi pudesse sair do canto, Sook correu para porta gritando:

— Eu atendo! Eu atendo!

Ao abrir a porta, uma Haewon vestida novamente com um cardigan marrom e uma calça legging preta entrou.

— Meu bem, como você está linda! — Haewon disse quando Sook deu uma voltinha para mostrar sua roupa.

Yoongi ainda tinha aquele sorriso idiota no rosto, o sorriso de um pai muito, muito babão. Haewon o olhou.

— Bom dia, Yoongi — ela disse. Era estranho ter outras pessoas que não fossem seus amigos ou pais o chamando pelo nome, mas não era ruim.

Yoongi tirou a chaleira do fogo e despejou na xícara já com o sachê de chá dentro. Empurrou a xícara pelo balcão e apontou.

— Bom dia, Haewon. Fiz um chá para você. Vai comer conosco?

Haewon o encarou um pouco surpresa, como se não esperasse o chá. Ela se sentou em um dos bancos que ficava atrás do balcão e provou a bebida.

— Frutas vermelhas. Como você adivinhou? — ela sorriu.

Ele deu de ombros.

— Papai observa muito bem mulheres bonitas — Sookie disse, como se fosse mais uma frase comum de se falar numa quinta-feira de manhã.

— E a senhorita fica melhor com a boca cheia de panqueca — ele levou o prato para a mesa, onde Sookie já havia se sentado. Se virou para Haewon. — E desculpe por isso. Você já deve ter percebido que Sook é engraçadinha.

A garotinha deu uma risada e olhou para o pai antes de continuar a comer.

— Ah, sim, eu tenho percebido muitas coisas sobre Sookie — ela disse, com um olhar admirado para a menina.

— Apenas as coisas boas, eu espero — Yoongi murmurou.

Haewon riu brevemente da piada antes de puxar seu celular e começar a digitar alguma coisa. Yoongi percebeu que era sua deixa de colocar o restante das coisas na mesa e ir sentar-se junto com a filha.

Enquanto comiam, Yoongi não pôde deixar de perceber que Sook parecia mais leve do que nas últimas semanas. Mesmo que a mudança fosse mínima, ele tinha percebido a forma como ela não estava mais tentando fazer algumas coisas que ele fazia só por ser homem. Nenhuma vez na semana ela o acompanhou até o banheiro para pedir que colocasse creme de barbear nela também – ele sempre imaginou que fosse sua forma de tentar se sentir próxima dele, que biologicamente, não tinha nada a ver com ela. Nem mesmo os genes – ainda que isso não diminuísse nem um pouco seu amor por ela, era algo inegável apesar das semelhanças.

Ele sabia que Sook só parecia muito com ele por conta da convivência e tinha aprendido a amar isso com todas as forças. Eles tinham passado por barreiras genéticas e tinham se tornado um pedacinho um do outro mesmo assim.

Mas ver Sook se sentindo mais próxima de alguém do seu mesmo gênero era quase que um alívio – ele não queria que ela sentisse que precisava ser igual a ele para que fosse merecedora de amor. Ela podia ser quem ela quisesse que Yoongi ainda ia cair de amores de novo e de novo.

[...]

Ficou preso no estúdio por quase quatro horas. Quando saiu, ouviu o barulho indistinguível de alguém tentando assassinar o piano na sala. Com a sobrancelha franzida de confusão, Yoongi seguiu o som horroroso.

— Você é melhor nisso do que eu — disse Haewon.

— Papai diz que a prática leva à perfeição — a garotinha disse, bem sábia. — Não sei o que isso quer dizer, na verdade, mas não conta pra ele.

Haewon riu.

— Significa que se você treinar muito e se esforçar bastante, vai ser muito bom em uma coisa — Haewon disse enquanto colocava uma mecha de cabelo de Sook detrás da orelha.

Yoongi encostou-se na parede, observando. Odiava admitir – na verdade, talvez não odiasse tanto –, mas Haewon era mesmo muito boa.

— Está com fome? — Haewon perguntou.

Antes que Sookie pudesse responder, Yoongi falou.

— Estava pensando em pedirmos delivery hoje.

As duas viraram-se para ele. Sookie sorriu como se estivesse o vendo pela primeira vez no dia. Levantou-se e correu até ele, gritando "papai".

— Achei que você tivesse morrido no esfúdio — ela disse.

Estúdio — Yoongi tentou corrigir.

— Foi o que eu disse. Esfúdio — repetiu.

Ele riu e bagunçou o cabelo dela.

— O que você acha de comida japonesa?

euphony. [#1 bulletproof universe] | min yoongiOnde histórias criam vida. Descubra agora