Archie Black, estava em uma manhã ensolarada nos jardins da Academia de Magia Beauxbatons. O cheiro de flores frescas e o som suave das fontes ao redor quase o faziam esquecer os anos turbulentos que vivera. Ele era uma figura imponente, com cabelos negros esvoaçantes, olhos penetrantes e uma postura confiante, resultado de anos como professor de Duelo.
Enquanto revisava os feitiços de duelo para sua próxima aula, uma coruja majestosa pousou diante dele com uma carta marcada com o selo de Hogwarts. Intrigado, Archie pegou o pergaminho, sentindo um misto de curiosidade e nostalgia. Ao abrir, a caligrafia distinta de Albus Dumbledore o convidava para se juntar à escola como professor de duelo, uma honra que ele não esperava. Mas, assim que começou a ler as palavras do velho diretor, o rosto de Severus Snape, seu primeiro e único amor, preencheu sua mente.
Era impossível não lembrar daquele homem enigmático que roubara seu coração na juventude. Eles haviam sido colegas de casa em Hogwarts, compartilhado segredos, e vivido um romance furtivo até que os conflitos de suas famílias os separaram. A dor da despedida ainda era vívida em sua memória, como se tivesse acontecido ontem. Archie deixara tudo para trás: Snape, a Inglaterra, e o mundo que tanto amara, buscando refúgio na França.
Mas agora, ao terminar de ler a carta, Archie sentiu um redemoinho de emoções. Ir para Hogwarts significava reviver memórias, reencontrar pessoas, enfrentar seu passado. Sem hesitar, ele dobrou a carta com mãos firmes e decidiu que precisava falar com a diretora de Beauxbatons.
Caminhou rapidamente pelos corredores da escola, atravessando as grandes portas que levavam ao escritório da diretora Olympe Maxime. Ao ser anunciado, entrou e foi recebido com um olhar inquisitivo.
- Professor Black, a que devo a honra desta visita? - perguntou a diretora com sua voz grave, observando-o por trás da grande mesa de madeira.
Archie suspirou, hesitando por um momento, antes de revelar a carta de Dumbledore.
- Recebi este convite de Hogwarts. Dumbledore quer que eu ensine duelo lá. Mas... - Ele parou por um momento, a lembrança de Severus ainda queimando em sua mente. - Não é uma decisão fácil para mim.
Maxime olhou para ele, compreendendo a seriedade da situação.
- Hogwarts sempre será um lar para aqueles que já passaram por seus corredores. Mas você precisa decidir se está pronto para encarar seu passado, Archie.
Archie sabia que a decisão não seria simples. Ele precisaria de tempo para processar o que isso significava. Contudo, uma parte dele, aquela que ainda amava Severus Snape, já estava inclinada a aceitar.
A diretora Maxime, com sua imponente presença, levantou-se da cadeira e deu a volta em sua mesa. Sua altura imponente e a aura de autoridade combinavam perfeitamente com a delicadeza e empatia em seus gestos.
- Professor Black - começou ela, sua voz firme e acolhedora -, a vida sempre nos traz momentos de escolha, e muitas vezes os mais difíceis envolvem o coração. Mas você é um excelente professor, um duelista formidável, e Hogwarts claramente reconhece isso.
Archie observava Maxime enquanto ela falava. Havia algo reconfortante na sabedoria dela, algo que ele sempre admirara. No entanto, a menção de Severus, os fantasmas de Hogwarts, ainda dançavam em sua mente.
- Eu não sou mais o garoto que saiu de Hogwarts - disse Archie, tentando manter o tom firme, mas sabendo que estava mentindo para si mesmo. - Não sei se posso voltar e lidar com tudo o que deixei para trás.
Maxime caminhou até uma grande janela que oferecia uma vista deslumbrante das montanhas ao redor de Beauxbatons. O silêncio que se seguiu foi um convite para Archie refletir sobre sua vida, sobre o peso que carregava.
- Nós nunca somos os mesmos, Archie - disse Maxime, sem olhar diretamente para ele. - Mas algumas coisas merecem ser revisadas, enfrentadas. Não para sofrer com o passado, mas para encontrar a paz e seguir em frente. Acredito que você sempre soube que um dia retornaria a Hogwarts, de uma forma ou de outra.
Archie ficou em silêncio, observando o rosto de Maxime refletido no vidro. As palavras dela atingiram-no mais profundamente do que esperava. Ele sabia que não era só sobre ser professor. Era sobre Severus. Sobre o que poderia ter sido e o que, talvez, ainda poderia ser. A pergunta que o consumia era: será que Severus ainda estaria em Hogwarts? Ainda se lembraria dele, depois de tudo?
- Vou aceitar o convite, Diretora - disse Archie de repente, surpreendendo a si mesmo com a firmeza na voz. - Preciso enfrentar isso. Não sei o que me espera lá, mas não posso continuar fugindo.
Maxime virou-se para ele, com um leve sorriso nos lábios.
- Sabia que você tomaria a decisão certa. Hogwarts terá muita sorte em tê-lo de volta. E quem sabe... você encontre as respostas que procura.
Archie sorriu, ainda um pouco nervoso, mas aliviado por finalmente ter tomado uma decisão. Ele se despediu de Maxime com uma reverência respeitosa e saiu do escritório, o coração acelerado com as possibilidades que o aguardavam.
De volta ao seu quarto, ele olhou pela janela da academia. O sol começava a se pôr, e as montanhas ao longe já se envolviam nas sombras da noite. Era como se a França estivesse se despedindo dele também. Ele arrumou suas malas naquela mesma noite, o convite de Dumbledore guardado no bolso do casaco. Estava decidido a retornar a Hogwarts e encarar o que deixou para trás.
Enquanto colocava sua varinha sobre a mala, sua mente vagava para Severus novamente. Lembrava-se dos olhos escuros, das conversas sussurradas nos corredores após o toque de recolher, dos momentos roubados longe das pressões de suas famílias.
"Será que Severus ainda está lá?", Archie se perguntou pela centésima vez, agora mais próximo do reencontro do que nunca. Amanhã ele voltaria para o lugar onde tudo começou, para enfrentar seu passado e, quem sabe, criar um novo futuro.
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Shadows Of The Past
FanfictionArchie Black, expulso da aristocrática família Black, deixou para trás as sombras de seu passado em Londres e se reinventou na França, onde encontrou refúgio e propósito como professor de Duelo em Beauxbatons. Agora, aos 35 anos, após anos de exílio...