Shadows Of The Past

Capítulo 9

Snape estava no corredor da masmorra quando ouviu, ao longe, passos leves. Ele se virou instintivamente, pronto para intimidar qualquer aluno fora de hora, mas surpreendeu-se ao ver Archie Black desaparecendo silenciosamente por uma escadaria lateral.

Aquilo o irritou. Archie deveria estar no Salão Principal ou, no mínimo, cuidando das tarefas do corpo docente. E, no entanto, ali estava ele, esquivo e misterioso. Snape franziu o cenho, o olhar ficando sombrio. "Por que ele se esconde?", perguntou a si mesmo, a paranoia se instalando. Archie podia ter sido seu amante no passado, mas agora... havia uma sombra ao redor dele, uma que deixava Snape desconfiado.

Archie não sabia, mas nos dias seguintes, Snape passaria a observá-lo discretamente, tentando desvendar o que tanto escondia, certo de que ninguém se ausentava de Hogwarts sem uma razão.

Nos dias seguintes, Snape manteve um olho vigilante sobre Archie, cada vez mais desconfiado. Em suas idas e vindas, reparava nos horários em que Archie sumia, os momentos em que parecia absorto em pensamentos, ou as ocasiões em que mal reagia ao encontrar Snape nos corredores. Ele tentava disfarçar, claro, agindo com frieza e indiferença, chamando-o sempre pelo sobrenome, mas, por dentro, uma tempestade se formava.

Em uma noite especialmente silenciosa, Snape o viu sair do castelo quando o toque de recolher já havia soado. Archie caminhava em direção à Floresta Proibida, seu manto esvoaçando, o rosto impassível. Snape hesitou, lutando contra o desejo de segui-lo. Pensou nas palavras de Dumbledore, sobre confiança entre os professores, mas não conseguia ignorar o desconforto que Archie causava nele desde a sua chegada.

Assim, decidido, ele o seguiu até a borda da floresta, mantendo-se oculto. Observava a silhueta de Archie desaparecer entre as árvores, até que ela finalmente se perdeu de vista. "Onde ele está indo?", pensou Snape, os olhos semicerrados.

Se havia algo que Severus Snape detestava mais que a incerteza, era o fato de não saber se poderia confiar em alguém que um dia fora tão próximo.

Snape esperou um tempo antes de seguir mais adiante na floresta, certificando-se de que ninguém o veria. Ao avançar pelo caminho sombrio, ele manteve os sentidos atentos, escutando cada som e observando cada sombra. Os passos de Archie eram abafados pela vegetação, mas Snape sabia seguir sem ser percebido. Sentia a adrenalina crescer a cada passo, a frustração de não saber o que Archie fazia ali, e as dúvidas sobre quem ele realmente era agora.

Quando finalmente vislumbrou Archie parado numa clareira, Snape se escondeu atrás de uma árvore próxima, quase prendendo a respiração. Archie permanecia imóvel, a varinha em punho, o olhar fixo em algo à frente. De repente, uma figura encapuzada se aproximou, sua voz baixa e fria cortando o silêncio.

— Trouxe o que me pediu — Archie disse, entregando um pequeno frasco para o desconhecido.

Snape apertou os olhos, tentando ver mais. “Um Comensal da Morte…”, pensou, incrédulo. O sangue parecia gelar nas veias. Ele lutou contra a reação imediata de confrontar Archie ali mesmo, mas sabia que precisava de mais informações. No entanto, o que estava claro era a revelação esmagadora de que Archie poderia estar traindo Hogwarts — ou, pior, estar tramando algo que colocaria todos em risco.

Observando de longe, Snape sabia que teria que investigar mais antes de agir. Afinal, acusar Archie sem provas poderia virar-se contra ele.

Quando Archie e o encapuzado desapareceram na noite, Snape voltou ao castelo, o coração pesado. Mesmo com todo o treinamento que tivera para lidar com mentiras e segredos, a sensação de traição era dolorosa.

Ao retornar ao castelo, Snape se viu ainda mais abalado ao processar o que havia acabado de presenciar. O desconhecido encapuzado que conversava com Archie era ninguém menos que Barty Crouch Jr., um nome que há muito havia desaparecido dos registros públicos, mas cujo rastro sombrio Snape jamais esquecera. A ideia de que Archie — alguém que ele conhecera tão intimamente — estava agora envolvido com Barty de novo, o fazia sentir uma mistura de indignação e... uma ponta de dor.