Capitulo 09 "Memoirs"

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Beatriz Torreto
Los Angeles.

"Memórias."

Quando eu despenquei de São Francisco até Los Angeles, não pensei que voltar para cá traria tantas lembranças e tantos sentimentos. Passar na frente da casa que eu cresci e saber que eu não poderia simplesmente entrar lá, deitar na minha cama ou ir até a garagem para tentar diminuir a saudades do meu pai.

Passar lá na frente trouxe todas as minhas memórias à tona, os churrascos que meu pai fazia aos domingos depois da igreja, todas as vezes que ele me ajudou com o dever de casa, todas as vezes que Vince, Leon, Jesse e Lety vinham almoçar e Dom fazia o churras, as noites de filme.

Tudo voltou, trazendo junto uma enorme vontade de chorar. Meus olhos passaram pelos números 1327 e os gravaram em minha mente, como uma promessa silenciosa de que um dia eu voltaria junto com meus irmãos.

A última vez que estive em L.A foi no funeral da Lety, eu ainda não tinha aceitado que ela estava morta e naquela época voltar para cá não foi tão difícil como está sendo agora. Minha cabeça estava tão cheia e meu coração tão pesado pelo luto que não tive tempo de sentir a nostalgia de estar novamente em casa.

Estaciono o meu carro em frente a delegacia, sentindo o nervosismo me assolar, sempre fui ensinada a correr da polícia e é estranho eu estar entrando na cova dos leões por livre e espontânea vontade.

Mas a imagem do meu irmão em uma cela por anos me deu coragem para seguir em frente. E eu estava, realmente, preparada para tudo o que eu encontraria ali, policiais, bandidos, advogados, tudo mesmo, mas em nenhuma das situações que eu montei em minha mente ele estava presente.

Assim que eu coloco meus pés na delegacia, a primeira coisa que meus olhos encontraram foram as íris azuis. Era como se estivesse me esperando, foi como se um ímã puxasse meus olhos até ele, como se algo nele gritasse por mim.

A última vez que o vi foi também no enterro da Lety, mas não tive os mesmos arrepios que estou tendo agora.

Dom, você me paga!

Ergui o queixo e continuei a andar, enquanto me aproximava, treinava meu cérebro para não parar de funcionar quando ouvisse a sua voz ou quando os pares azuis olhassem para mim.

Eu consigo!

- É incrível que você sempre esteja no meio quando algo ruim acontece, não é? - Minhas palavras saíram ácidas. Bom, foi um ótimo começo, eu não seria doce e amigável.

- Eu sinto muito.

- Você costuma dizer muito isso, não é?

- Eu sei que está com raiva, mas precisamos pensar em como tirar ele dessa.

- Eu quero ver ele.

- Não dá, ele não pode receber visitas.

Corri meus olhos pelo corpo dele, avaliando o terno bem alinhado e o crachá preso em seu bolso, deixando claro que ele era um agente do FBI.

- Brian, você pode escolher - falei com calma, para que ele entendesse - ou me coloca em uma sala com do Dominic ou eu dou o meu jeito e chego até ele.

Running For Love ~Brian O'connerOnde histórias criam vida. Descubra agora