RICHARD RIOS, Banho

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Richard Rios

O treino foi cansativo hoje, nada deu certo. Discuti com a Helena, porque eu caguei e andei pros sentimentos dela. Tava puto, pensei em mim e não pensei nela.

Descontei tudo que eu podia nela, e eu sei que fui babaca.

Passei em casa depois do treino pra pegar algumas roupas pra hoje e pra ir pro CT amanhã, e vim direto pra casa dela. O porteiro já me conhece e eu tenho a senha do apê dela, entrei sem fazer nenhum barulho.

Tinha passado no mercado também, comprei algumas coisas pra fazer um jantar pra nós e alguns doces que ela gosta. Deixo tudo em cima do sofá, sacolas e minha mochila.

Ouço o barulho do chuveiro e vou até ele, ela tem mania de tomar banho de porta aberta, pra não encher o cômodo de vapor. Entro devagarinho e a cena corta o meu coração.

Ela tava com o corpo todo em baixo d'água, abraçada em si mesmo, ela estava de costas pra mim, mas podia ouvir ela fungando em meio aos choros. Tiro o meu uniforme e deixo em cima da pia, entro no box de cueca, pra ela ver e entender que eu não tinha segundas intenções.

Seguro a cintura dela a puxando pra trás, ela não se assusta, provavelmente tinha ouvido eu chegar.

- O que você quer aqui? - Deita a cabeça no meu peito. Deixando a água escorrer entre nós

- Vim pra gente conversar, vacilei com você.

- Eu não quero conversar, pode ir embora?

- Não, não posso! Não quer conversar, tudo bem. Mas eu não vou deixar você sozinha.

- Porra Richard, quantas vezes eu descontei os meus problemas em você?

- Nunca. - Engoli seco.

- E porque você descontou em mim? Hoje quando eu acordei eu te falei, que eu não estava legal. Que eu queria só ficar quietinha hoje. Aí você briga comigo porque o teu serviço tava cansativo hoje?

- Eu sei, amor. Eu te peço desculpas, não quis fazer aquilo. Você não tem culpa nenhuma das coisas que acontecem lá. Mas você não tá assim por esse único motivo, né?

- É. - A voz embarga de novo.

- Quer me contar? - beijo o topo da cabeça dela.

- A minha mãe, como sempre. - Respira fundo. - Ela disse agora que se eu tiver um filho, não vai amá-lo como ama o Gu.

- Aí amor, não liga pra isso. O dia que a gente tiver um filho, ele vai ter amor de sobra dentro de casa, não vai precisar do amor dela.

- Eu sei que ela não fala isso porque quer, é só por conta daquele homem nojento dela. A Alana é filha dele, eu não sou. E por isso ele fica botando a mãe contra mim.

- Amor, um dia ela vai se livrar dele e vai ver que ele fez ela se afastar de toda a família, quando eu te conheci, ela era super legal com vocês. Não é possível que desde que ela voltou com o pai da Alana, tenha virado essa mulher que a gente conhece hoje.

- Eu tenho medo dessa negação dela, tenho medo dele fazer alguma coisa com ela também. Eu tenho medo dele. - Me solto dela e pego o shampoo e começo a lavar o cabelo dela do jeito que ela gosta e me ensinou.

- Helena, ele já te fez alguma coisa?

- Comigo não, mas com um prima minha sim. Na época que a Alana nasceu.

- E vocês nunca pensaram em denunciar?

- Não. A Yasmin tem medo. Por mim, ele tava preso já. - Enxáguo o cabelo dela e tiro a água pegando as máscaras que ela passa. - Mas acontece, não gosto de falar muito sobre. Como foi lá no CT hoje? Porque você tava bravo?

- Ah, o Abel me enchendo a paciência. Eu tava cansado, sem clima, não rendi direito hoje. Pra ajudar, o Endrick me deu um arranhão com aquelas unhas de tatu dele, ficou a marca. Eles disseram que eu ia me complicar com você. - Ela olha pra mim procurando o arranhão e acha ele na minha barriga.

- É, ia mesmo. - Dou risada. - Porque você tá de cueca?

- Pra você entender que eu não tô com segundas intenções com você, que eu só queria te pedir desculpas e te dar amor e carinho. - Retiro o restante dos cremes e beijo as costas dela que sorri. - Mas depois que você sair eu tiro, daí eu tomo banho mesmo. Fico cheiroso pra você.

- Pode tirar comigo aqui ainda, não tem problema. Eu sei quando você tá com fogo e quando não.

- Depois eu tiro, vira aqui pra mim agora. - Viro ela de frente pra mim e a puxo pra um abraço, Helena se aconchega no meu peito e acaricia minhas costas, me fazendo arrepiar. - Eu te amo, minha gata. Eu vacilo as vezes, mas tô sempre aqui pra você e por você.

- Eu também te amo, Colômbia. Você é essencial na minha vida.

Aproveitamos um pouco mais a presença do outro ali embaixo daquela água, depois que ela saiu do chuveiro, aproveitei pra tomar banho mesmo. Saio de lá com a toalha na cintura e junto as minhas roupas, jogando todas elas na máquina.

Vou até a cozinha e encontro ela lavando uma louça, só com uma camisa minha do Palmeiras com meu nome estampado nas costas. Chego perto dela e levanto a camisa, vendo a calcinha branca que ela usava. Amava quando ela usava branco.

- Pode saindo daí, hoje o jantar é por minha conta, gata. - Ela enxuga as mãos no pano de prato e entrelaça os braços no meu pescoço.

- Que bom, porque eu tô zero animada. Ia pedir um lanche. - Beija o meu queixo e eu aperto mais ela no meu abraço.

- Pode deixar que o chefe Richard vai tomar conta.

- Vai lá então, chefe! Mas põe uma roupa primeiro, você é muito gostoso pra cozinha só de toalha. - Gargalho.

- Vou lá, por um short.

Fui pro quarto dela e coloquei só um short verde que tava jogado por lá, de vez em quando é bom deixar o moleque solto. Fiz pra nós um macarrão carbonara, comemos e tomamos uma garrafa de vinho, tava perfeito. Olhamos algumas coisas na televisão e depois dormimos de conchinha. Eu definitivamente quero passar a minha vida toda com ela.

@helenamorbidelli

@helenamorbidelli

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